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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 18 de agosto de 2013

A produção de petróleo em Sergipe nos anos oitenta


                                                                                                                    Ricardo Lacerda


O crescimento do PIB sergipano, desde o inicio dos anos setenta, esteve muito associado à evolução da produção do petróleo. Os períodos mais favoráveis na cotação internacional do produto impulsionaram as atividades de exploração, inaugurando ciclos de crescimento da produção. A expansão da produção e o efeito renda gerado pela elevação no preço concorreram para acelerar o crescimento do PIB sergipano acima das médias do Brasil e do Nordeste.

Em períodos de cotação mais baixa, ou em que a Petrobras priorizou a exploração em outras bacias petrolíferas, a produção local enfrentou dificuldades, com efeitos negativos sobre a evolução do PIB estadual. Somente a partir do final dos anos noventa, quando as politicas mais ativas de atração de investimentos começaram a apresentar resultados mais significativos, com maior diversificação do parque produtivo, e quando o setor de serviços passou a liderar a expansão da economia é que (sublinho que trata-se apenas de uma hipótese que lanço) a evolução do PIB sergipano passou a ter uma dependência relativamente menor da atividade de petróleo.

A evolução

Sergipe foi protagonista de alguns dos marcos mais significativos da evolução da exploração do petróleo no Brasil. A descoberta do campo de Carmópolis em 1963, o maior campo de terra do país, inaugurou a história do petróleo em Sergipe. Um segundo marco fundamental foi o campo de Guaricema, em 1968, primeiro campo marítimo do Brasil.

O período 1966-1970 é de acelerada expansão nessa etapa inicial da história do petróleo em Sergipe. O crescimento da produção foi determinante para que a Petrobras decidisse pela transferência, em 1969, da sede da antiga RPNE de Maceió para Aracaju, com fortes impactos sobre a economia local.

Entre 1970 e 1973, a produção de petróleo seguiu relativamente estável, sem apresentar crescimento mais significativo. Em 1974 a produção de petróleo do estado alçou novo patamar. O ano marcou o inicio do período de maior produção do estado, que se estendeu até o final da década de oitenta (ver gráfico).

A aceleração da produção e os saltos abruptos na cotação produto na década de setenta (o barril passou de US$ 3 para US$ 11, em 1974, e de US$ 14 para US$ 31, em 1979, em valores da época, nos chamados dois choques do petróleo) impulsionaram o crescimento da economia sergipana, que passou a apresentar as taxas mais elevadas de expansão do PIB da região Nordeste.

O período que vai de 1974 a 1989 é o de média anual mais elevada de produção de petróleo (ver Gráfico). A partir de 1990, a produção local iniciou uma trajetória descendente que somente é revertida, de fato, em 2003, já no governo do presidente Lula. Em 2007, a entrada em produção do campo de Piranema, em águas profundas, fez aproximar os níveis de produção com aqueles conhecidos nos anos oitenta.


Anos oitenta


Ao longo da década de 1980, a produção de petróleo de Sergipe manteve um patamar médio muito superior ao da década seguinte. O pico da produção de petróleo de Sergipe foi atingido em 1984, 18.530 mil barris. Nos anos seguintes, a produção anual ficou acima de 17 milhões de barris. Mas em 1990 ela já se retrai para o patamar de 16 milhões de barris, atingindo o ponto mais baixo em 1997, quando atingiu 12,08 milhões de barris. A produção nos anos noventa foi 20% abaixo da década anterior.



Fonte: Seplan-SE; Sudene; ANP.

Com a queda na cotação internacional do barril de petróleo a partir da segunda metade dos anos oitenta, que se acentuou na década de noventa, os investimentos na prospecção de novos poços na bacia de Sergipe e Alagoas inicialmente desaceleram-se e depois tornaram-se insignificantes. Os efeitos da retração da produção e da queda de preço sobre a evolução do nível de atividade da economia sergipana foram intensos.

Ao lado de outros fatores, concorreram para que o PIB sergipano tivesse evoluído abaixo dos ritmos de crescimento do país e da região Nordeste nos primeiros anos da década de noventa, depois de mais de duas décadas se expandindo mais rapidamente do que eles.


 Publicado no Jornal da Cidade em 18/08/2013

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