Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 16 de dezembro de 2012

O PIB Municipal e a interiorização do Desenvolvimento em Sergipe



Ricardo Lacerda

O IBGE apresentou na semana passada a publicação O PIB Municipal de 2010. Em seu comunicado a instituição destacou cinco pontos nos resultados daquele ano: 1) o elevado PIB per capita dos municípios com atividade de produção e beneficiamento de minérios; 2) a concentração da riqueza nacional em seis capitais; 3) a concentração da indústria em doze municípios; 4) a pujança agropecuária de municípios de Goiás e Mato Grosso, do polo de Petrolina e de municípios situados no Oeste da Bahia, importantes fronteiras agrícolas, e; 5) o peso da administração pública e das transferências previdenciárias no PIB dos pequenos municípios do Nordeste.

Interiorização

Mas o aspecto que queremos enfatizar é o da perda de participação das capitais nos PIBs estaduais e, seu lado reverso, o aumento do peso do interior. Excluindo-se o Distrito Federal, que não possui municípios, na comparação de 2000 com 2010, dentre as 26 unidades da federação 18 capitais perderam participação nos respectivos PIBs estaduais e 8 aumentaram a participação. Antes que o leitor se apresse em concluir que teria havido um deslocamento dessa participação para os demais municípios das regiões metropolitanas, cabe assinalar que 17 entre as 26 microrregiões que sediam capitais perderam participação, restando 9 que aumentaram seus pesos.

Entre 2000 e 2010, perderam peso no PIB dos seus estados as seguintes capitais, por ordem, Belém, Rio de Janeiro, Aracaju, Goiânia, Cuiabá, Recife, Natal, Rio Branco, Porto Alegre, Manaus, Salvador, Macapá, São Paulo, Fortaleza, Campo Grande, Belo Horizonte, Teresina e até a única capital que não tem o maior PIB entre os municípios do estado, Florianópolis.

Em Sergipe

Nesse período, os municípios do interior de Sergipe ganharam o equivalente a 6,8% do PIB estadual. Quando se considera o conjunto da região metropolitana (Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra do Coqueiro), o equivalente a 5,1% do PIB se deslocou para os demais municípios do Estado.

Uma parcela significativa do crescimento da participação do PIB do interior de Sergipe se deve à instalação da Usina Hidroelétrica de Xingó, no município de Canindé do São Francisco, no alto sertão sergipano, mas outros fatores também foram importantes. De um lado, a própria metropolização de Aracaju e a formação de distritos industriais no entorno da capital, como nos municípios de Nossa Senhora do Socorro e Itaporanga.

De outro lado, ampliaram a participação no PIB municípios que contam com importantes bases de recursos minerais, com produção de petróleo, de fertilizantes ou cimento, como Carmópolis, Rosário do Catete, Laranjeiras, Divina Pastora, Japaratuba,  Pacatuba e Siriri, situados na mesorregião Leste, ao norte de Aracaju.  O município de Capela foi favorecido pelo renascimento da atividade sucroalcooleira e seu impacto na economia local. 

No semiárido, além do já citado caso de Canindé do São Francisco, alguns municípios de forte base agrícola ou de pecuária também cresceram em ritmo superior à media do estado, ampliando suas participações no PIB. As experiências mais significativas foram as de Nossa Senhora da Glória, a partir da pecuária de leite, e de Carira, com a forte disseminação da cultura do milho. Há ainda o exemplo de Frei Paulo, que ganhou participação no PIB com a implantação da indústria de calçados.  

Emprego

O gráfico a seguir mostra a distribuição do PIB e do emprego formal, em 2000 e em 2010, entre a Grande Aracaju e o interior. A desconcentração territorial do emprego formal tem se dado em ritmo mais acelerado que a do PIB,  em razão de a expansão da atividade econômica no interior, notadamente nos municípios de base agrícola ou que têm recebido investimentos nas indústrias de calçados e de confecções, se dá com base em atividades mais intensivas em mão-de-obra do que os da capital. No período, o interior ganhou  5,1 pontos de participação no PIB e 6,6 pontos no emprego formal. 
[

Fonte: PIB, IBGE- PIB Municipal; Empregos formais, MTE-RAIS

     Em conjunto, são três os tipos de região que vêm crescendo em ritmo mais acelerado: o entorno de Aracaju, os municípios detentores de reservas de recursos minerais e a parcela do semiárido que vem logrando implantar um desenvolvimento de base local a partir da expansão de polos agrícolas ou agroindustriais ou a partir da instalação de unidades fabris.  

Assim, mesmo com suas especificidades, alguns movimentos que ocorrem em âmbito nacional, como o aumento da importância da exploração de recursos minerais e a expansão da agropecuária, esta última mais assentada na ampliação da produção familiar do que na media nacional, têm sidos experimentados em Sergipe, processos aos quais deve ser adicionada a relocalização da indústria têxtil e de calçados em direção ao interior do Nordeste.

Publicado no Jornal da Cidade em 16/12/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário