A Pesquisa Agrícola Municipal- PAM, do IBGE, referente ao ano de 2009, trouxe alguns resultados muito positivos para a agricultura sergipana. A cultura do milho, que tem sido a principal atividade agrícola do semi-árido sergipano, manteve sua trajetória de crescimento dos anos anteriores, alcançando o montante de 784,4 mil toneladas, 20,3% acima da safra de 2008.
Entre as principais culturas sergipanas, cabe ainda destacar em 2009 o crescimento de 7,3% na produção da cana-de-açúcar, de 1,6% na da laranja e 27,5% na produção de feijão. A mandioca teve recuo de 3,6% e o arroz de 2,4%, enquanto a produção de coco da baía se manteve estabilizada, -0,8%.
Em uma perspectiva de tempo um pouco mais longa, entre 2001 e 2009, a produção de laranja cresceu 35%, a cana-de-açúcar, 96%, o coco da baía, 209%, e a produção de milho, simplesmente 1.405%, ou seja, ampliou-se 15 vezes no período. A produção de arroz cresceu 24% e a de feijão 64%. A expansão dessas culturas atesta a evolução favorável da agricultura de Sergipe ao longo da década.
Principais culturas
Em 2009, o valor da produção da agricultura sergipana alcançou a cifra de R$ 1,05 bilhão. Desse total, as culturas permanentes responderam por R$ 538,8 milhões, um pouco acima dos 507,4 milhões das culturas temporárias. (Ver gráfico). As principais culturas permanentes, que são praticadas na Mesorregião Leste Sergipano, eram a laranja, cujo valor de produção somou R$ 276,7 milhões, o coco da baía, com R$ 136,2 milhões, o maracujá, R$ 45,6 milhões e a banana, R$ 37,9 milhões. Novas culturas permanentes tem se desenvolvido no solo sergipano, como a produção de manga, mamão, goiaba, entre outras.
Dentre as culturas temporárias, em geral praticadas no semi-árido, com a notória exceção da cana-de-açúcar, as mais importantes são o milho, cujo valor de produção, em 2009, atingiu R$ 188,1 milhões, a cana-de-açúcar, 134,8 milhões, a mandioca, R$ 95,3 milhões, o feijão, o arroz, a batata-doce e o fumo. (Ver gráfico). As culturas permanentes respondiam por 51,5% do valor da produção agrícola estadual, frente aos 48,5% das culturas temporárias. Tal equilíbrio de participação dos dois tipos de cultura é uma característica muito específica do território sergipano.
Fonte: IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal de 2009.
As especializações
Sergipe é a segunda unidade da federação em termos de participação das culturas permanentes no valor da produção agrícola, somente superado pelo Estado do Espírito Santo, em que essa participação atinge 88,1% do total. Nos demais estados, as culturas temporárias superam as culturas permanentes. Em média, as culturas permanentes respondiam, em 2009, tão somente por 19% do valor da produção agrícola brasileira e por 31,8% da do Nordeste. A maior participação das culturas permanentes na economia agrícola sergipana deve-se, essencialmente, ao peso mais elevado da laranja e do coco da baía em sua estrutura agrícola do que nas médias do país e da região.
A tabela abaixo resume a participação das culturas no valor da produção agrícola de 2009. Entre as culturas permanentes, observa-se que a participação da laranja e do coco, alem de outras, é muito mais alta no valor da produção de Sergipe do que nas médias do Nordeste e do Brasil. Mais especificamente, o peso do valor da produção do coco em Sergipe é 24 vezes maior do que na média do Brasil e 5,29 vezes superior a média nordestina. No caso da laranja, o índice de especialização de Sergipe mostra que o seu peso no valor da produção é cerca de 8 vezes superior ao da média brasileira e 10 vezes superior à media nordestina.
Entre as culturas temporárias, Sergipe é relativamente especializado na cultura do milho, da mandioca, da batata-doce e do amendoim, tanto em relação à media brasileira quanto à média nordestina. Na comparação com o Nordeste, é ainda especializado na cultura do fumo.
Os resultados da Pesquisa Agrícola Municipal de 2009 confirmam a evolução favorável das principais culturas agrícolas em Sergipe. Revelam, também, uma especialização agrícola muito própria. No próximo artigo, examinaremos a especialização relativa da indústria de transformação sergipana.
Publicado no Jornal da Cidade em 29/11/2010
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