Ricardo Lacerda
Resistindo
a três anos de crescimento econômico modesto, na esteira do segundo mergulho da
economia mundial na crise financeira, os números do mercado de trabalho brasileiro
em 2013 mantêm-se surpreendentemente bons.
Até
o mês de outubro foram gerados 1.464.457 novos empregos formais na economia
brasileiras. Nos doze meses entre novembro de 2012 e outubro de 2013, o saldo
de emprego formal gerado foi de 1.036.889, equivalentes a uma taxa de crescimento
de 2,59%. É razoável projetar que ao final do ano o crescimento do emprego se
firme nesse patamar de um milhão de empregos.
A
taxa de desocupação de outubro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo
IBGE foi de apenas 5,2%, a menor para aquele mês na série histórica iniciada em
2002. Com a exceção da Região Metropolitana de Salvador, em que a taxa de
desocupação é de 9,2%, nas demais áreas pesquisadas (as regiões metropolitanas
de Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre) os
resultados mostram uma situação de mercado de trabalho que se aproxima do pleno
emprego (ver Gráfico1).
É
verdade, também, que o numero de pessoas ocupadas nas regiões metropolitanas
pesquisadas vem crescendo a taxas menores em 2013, o que não vem impedindo a
queda na desocupação porque a evolução no número de pessoas ocupadas continua crescendo
em ritmo superior ao da População Economicamente Ativa (PEA), com a notória
exceção da região metropolitana de Salvador. O outro lado da moeda é que a PEA
cresce em velocidade inferior ao da população em idade de trabalhar, a chamada
a População em Idade Ativa (PIA), o que significa que tem aumentado a proporção
de pessoas de dez anos ou mais em situação de desalento em relação às oportunidades
do mercado de trabalho.
Outro
aspecto importante fornecido pela pesquisa do emprego nas regiões
metropolitanas é de que o rendimento médio habitual das pessoas ocupadas
continua crescendo, ainda que a taxas um pouco menores do que em anos
anteriores.
As
informações, em conjunto, apontam para um mercado de trabalho ainda robusto,
com taxa de desocupação reduzida, com capacidade de geração de emprego formal
em velocidade superior ao aumento da oferta de mão de obra e com os rendimentos
crescendo, mas é fato também que todos esses indicadores melhoram em ritmo mais
lento do que em anos anteriores.
Gráfico 1: Taxa de desocupação nas Áreas Metropolitanas em outubro de 2013. (%)
Fonte:
IBGE/PME
Sergipe
Em
Sergipe, foram criados 4.993 empregos formais em outubro de 2013, o melhor
resultado do mês na série 2003-2013 (ver Gráfico 2). Foi também o melhor mês do
ano de 2013 no que tange a geração de emprego formal. O emprego de outubro em
Sergipe foi puxado pela contratação nos setores de agropecuária e da indústria
química (etanol), com o início da safra da cana-de-açúcar. A retomada do
emprego no complexo sucroalcoleiro tem um grande significado para Sergipe,
depois de dois anos em que tais atividades pouco contrataram, por conta dos
efeitos da estiagem.
Entre
janeiro e outubro do corrente ano, foram criados em Sergipe 11.753 postos
formais de trabalho, um resultado ainda robusto. Nos últimos doze meses
encerrados em outubro, o saldo de novos empregos formais alcançou 9.363, equivalentes a uma taxa de
crescimento do emprego de 3,24%, acima da taxa média da região Nordeste (2,34%)
e dos 2,59% do Brasil.
Nesse período, lideraram
a contratação em Sergipe o subsetor de serviços técnicos (3.859), impulsionado pela implantação do call center no bairro industrial, atividade muito intensiva
em mão-de-obra, o comércio (2.562), um grupo que inclui hotelaria, alimentação
e reparação, com 2.174 novos empregos, e a área de saúde, com 1.635.
A construção
civil voltou a contratar ao longo de 2013, depois de um corte massivo no final
de 2012. Entre janeiro e outubro criou 1.464 novas vagas, mas ainda não repôs a
integralidade do contingente cortado ao final do ano passado. Outro fato muito
positivo é que a indústria têxtil tem contratado em 2013, situação bem
diferente do ano passado. Entre janeiro e outubro de 2013, a atividade têxtil
já abriu 442 novas vagas, e fechou os últimos doze meses com incremento de 393
postos de trabalho adicionais.
Gráfico
2. Saldo de emprego formal em outubro em Sergipe. 2003 a 2013.
Fonte: MTE-Caged.
Publicado no Jornal da Cidade em 24/11/2013
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