Ricardo Lacerda
O
Ministério do Trabalho e Emprego publicou na semana passada os resultados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS), com dados detalhados sobre o emprego
formal no Brasil no ano de 2013. Os dados de emprego da RAIS são referentes a 31
de dezembro de cada ano, diferentemente da base do Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (CAGED) que informa mensalmente a variação do emprego.
A
vantagem da RAIS é que ela inclui o funcionalismo estatutário, civil e militar,
enquanto o CAGED acompanha apenas servidores celetistas. Daí a discrepância
entre os quase catorze mil empregos formais adicionais registrados pelo CAGED
em Sergipe em 2013, enquanto a RAIS informou a geração de 17.268 empregos formais.
As
atividades que mais criaram emprego formal em 2013 foram os serviços, com
destaque para a atividade de administração técnico-financeira, por conta da
implantação do call center no bairro industrial. O setor de serviços abriu
novos 10.822 postos formais de trabalho. O comércio gerou 1.856 novos empregos
formais e a construção civil, 905.
Em uma
perspectiva de prazo mais longo, importantes transformações aconteceram na
composição do emprego formal no estado.
Em dez
anos, entre 2003 e 2013, foram criados mais de cento e sessenta mil empregos
formais em Sergipe. O número de pessoas ocupadas em empregos formais aumentou em
2/3 (66%), saltando de 245.111 para
405.775, em um ritmo anual médio
de notáveis 5,2%.
Setores
Em 2013, as
atividades do setor de serviços ocupavam 124.256 pessoas em vínculos formais, abrangendo o
setor financeiro, os serviços técnicos profissionais, a atividade de transporte
e comunicações, o segmento de alojamento e comunicações, e os serviços médicos e ensino.
É
interessante notar que o segmento de alojamento e comunicações que, entre
outras atividades, inclui parcela expressiva da cadeia de turismo passou de 14.724
empregos formais, em 2003, para alcançar dez anos depois 29.932 empregos
formais, mais do que dobrando no período.
O
número de empregados formais no comércio saltou de 33.297 para 65.494, entre 2003 e 2013. O peso do
comércio no emprego formal total aumentou de 13,6% para 16,1%. Na comparação
entre os dois anos extremos, exatamente 1 em cada 5 empregos formais gerados em Sergipe era exercido nas atividades
comerciais (Ver
Tabela 1).
Indústria e construção civil
Diferentemente
do que aconteceu na média do Brasil, em que a participação da indústria de
transformação no emprego formal recuou, em Sergipe seu peso no emprego formal
cresceu entre 2003 e 2013.
A
atividade manufatureira que mantinha 25.988 vínculos formais, em 2003, dez anos
depois contava com 47.161ocupações formais. Os subsetores da indústria de
transformação que mais ampliaram o emprego no período foram o sucroalcooleiro,
a indústria de calçados e fabricação de produtos minerais não metálicos, que
inclui as fábricas de cimento. A cadeia têxtil-confecção criou 1.91 novos
empregos.
Crescimento
de fato excepcional foi o do emprego na construção civil, que saltou de 12.998,
em 2003, para 29.872, em 2013. Um cada dez empregos novos no período foi criado
na construção civil, quando em 2003, a atividade ocupava um em cada dezoito empregos
formais.
Uma
particularidade importante do mercado de trabalho em Sergipe é o peso da
extração mineral no conjunto da ocupação formal, que atingiu 1,1%, em 2013,
mais do que o dobro da média nacional, de 0,5%. É interessante notar que cerca
de 1 em cada 54 empregos formais criados em Sergipe no período esteve associado
à extração mineral, quando a média do Brasil foi 1 em cada 144 (ver Tabelas 1 e
2).
Tabela 1. Sergipe. Empregos formais em 2003 e 2013
|
||||||
IBGE Setor
|
2003
|
2013
|
Variação 2003-2013
|
|||
Nº
|
Part. %
|
Nº
|
Part.%
|
Nº
|
Part. na variação%
|
|
Extrativa mineral
|
1.609
|
0,7
|
4.604
|
1,1
|
2.995
|
1,9
|
Indústria de
transformação
|
25.988
|
10,6
|
47.161
|
11,6
|
21.173
|
13,2
|
Servicos ind. de utilidade pública
|
4.117
|
1,7
|
5.985
|
1,5
|
1.868
|
1,2
|
Construção Civil
|
12.998
|
5,3
|
29.872
|
7,4
|
16.874
|
10,5
|
Comércio
|
33.297
|
13,6
|
65.494
|
16,1
|
32.197
|
20,0
|
Serviços
|
59.889
|
24,4
|
124.256
|
30,6
|
64.367
|
40,1
|
Administração Pública
|
99.472
|
40,6
|
115.982
|
28,6
|
16.510
|
10,3
|
Agropecuária
|
7.741
|
3,2
|
12.421
|
3,1
|
4.680
|
2,9
|
Total
|
245.111
|
100
|
405.775
|
100
|
160.664
|
100
|
Fonte:
RAIS/MTE
Para finalizar, cabe
registrar que a remuneração média do emprego formal em Sergipe no ano de 2013
foi a mais elevada da região Nordeste, R$ 1.893,95, seguida pela do Rio Grande
do Norte, com média R$ 1.766,70, coincidentemente, ambos estados produtores de
petróleo. A remuneração média no setor extrativo mineral em Sergipe foi a mais
elevada dentre as de todas atividades, alcançando R$ 8.117, mais de quatro vezes superior à média
geral.
Tabela 2. Brasil. Empregos formais em 2003 e 2013
|
||||||
IBGE Setor
|
2003
|
2013
|
Variação 2003-2013
|
|||
|
Nº
|
%
|
Nº
|
%
|
Nº
|
%
|
Extrativa
mineral
|
122.806
|
0,4
|
261.383
|
0,5
|
138.577
|
0,7
|
Indústria
de transformação
|
5.356.159
|
18,1
|
8.292.739
|
16,9
|
2.936.580
|
15,1
|
Serv.
ind. de utilidade pública
|
319.068
|
1,1
|
444.674
|
0,9
|
125.606
|
0,6
|
Construção
Civil
|
1.048.251
|
3,5
|
2.892.557
|
5,9
|
1.844.306
|
9,5
|
Comércio
|
5.119.479
|
17,3
|
9.511.094
|
19,4
|
4.391.615
|
22,6
|
Serviços
|
9.378.566
|
31,7
|
16.726.013
|
34,2
|
7.347.447
|
37,9
|
Administração
Pública
|
6.991.973
|
23,7
|
9.340.409
|
19,1
|
2.348.436
|
12,1
|
Agropecuária
|
1.207.672
|
4,1
|
1.479.564
|
3,0
|
271.892
|
1,4
|
{ñ
class}
|
953
|
0,0
|
-
|
-
|
- 953
|
- 0,0
|
Total
|
29.544.927
|
100
|
48.948.433
|
100
|
19.403.506
|
100
|
Fonte:
RAIS/MTE
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