A especialização dosterritórios de desenvolvimento é o tema desse quinto artigo, que encerra a série sobre especialização relativa da economia sergipana. Com ele, completa-se um ano, sem descontinuidade, que ocupamos semanalmente este espaço nobre do Jornal da Cidade para tratar de questões que julgamos relevantes para o desenvolvimento de Sergipe. Agradecemos à direção do jornal, pela oportunidade, e aos leitores, pela paciência.
Em 2007, o Governo de Sergipe, por meio da Secretaria do Planejamento, deu início à implantação de um Plano de Desenvolvimento Territorial Participativo- PDTP, a partir da constituição de territórios de desenvolvimento.Em linhas muito gerais, a proposta do desenvolvimento territorial visou mobilizar pessoas e recursos para reforçar vocações existentes e criar novas especializações no território sergipano.
A diferença em relação aos programas mais tradicionais de desenvolvimento local, é que o desenvolvimento territorial, além de participativo, tem como pressuposto o empoderamento das forças sociais e a mobilização da população residente em torno da proposta de desenvolvimento, pensadanão apenas em termos econômicos, mas, igualmente, em termos sociais ede sustentabilidade dos recursos naturais.
Os territórios
A proposta de territorialização do espaço sergipano conformou a constituição de oito territórios de desenvolvimento, o Agreste Central, o Alto Sertão, o Baixo São Francisco, o Centro Sul, a Grande Aracaju, o Leste, o Médio Sertão e o Sul, configurados a partir de características econômicas, sociais, ambientais, políticas e culturais (Ver figura).
Figura. Territórios Sergipanos
Fonte: SEPLAN-SE
Coordenados pela Seplan, foram elaborados estudos e planos detalhados para cada um dos territórios. No espaço limitado do presente artigo, são apresentadas,a seguir,algumas características mais gerais de suas especializações relativas. Em termos da riqueza gerada, apenas em três territórios sergipanos a agropecuária representou, em 2007, mais de 10% do total: o Médio Sertão, com 18,3%; o Baixo S. Francisco, com 14,2%; e o Centro-Sul, 11,5%. (Ver quadro).
Dois territórios são fortemente marcados pela presença de grandes unidades industriais que fazem com que os setores secundáriosdelas alcancem elevadas participações na riqueza gerada: o Leste Sergipano, em virtude da presença da extração de petróleo& gás natural e de sais de potássio, que explicam os 2/3 (66,1%) de riqueza gerada no setor secundário; e o Alto Sertão, por conta da operação da Usina Hidrelétrica de Xingó, que faz com que 58,9% da riqueza tenham sido provenientesdesse segmento.
O Agreste Central e a Grande Aracaju, com importantes centros urbanos, se destacam pelas elevadas presenças do setor de serviços, abrangendo as atividades de comércio e os serviços prestados às famílias e às empresas, ainda que a Grande Aracaju sedie, também, a maior parte da atividade industrial.
Agropecuária
No que tange às especializações agrícolas, o quadro a seguir resume as principais especializações dos territórios sergipanos: No Agreste Central as principais culturas são o milho, com 66% do valor da produção do setor, a mandioca, a banana e a batata-doce. O território respondia, também, por mais de 1/3 da produção de ovos do Estado.
No Alto Sertão destacam-se o milho, com 63% do valor da produção agrícola do território, o feijão, a goiaba e mandioca. Trata-se, também, do território de maior produção pecuária, com 51% da produção de leite, além de 48% do mel do Estado. O Baixo S. Francisco Sergipano é especializado na produção de coco, cana, arroz, mandioca e o cultivo de frutas, como banana e manga.
O Centro-Sul conta também com uma agricultura diversificada, em que se sobressaiam, em 2009, a laranja, com 27% do valor da produção agrícola do território, o milho (26%), a mandioca (20%), o maracujá (13%), além do fumo e do feijão. Esse território respondia, em 2009, por 7% da produção de leite e de ovos e 23% da produção estadual de mel.
No Leste Sergipano, com predomínio da cana, 78% do valor da produção, éimportante ainda o cultivo da banana (7%), além de 23% da produção estadual de mel, e 7% do leite e dos ovos produzidos.
Na Grande Aracaju, principal pólo industrial e de serviços do Estado, algumas atividades agropecuárias também são importantes, como os cultivos da cana e do coco, e a produção de ovos e de mel.
O Médio Sertão é marcado pela presença de novas unidades de processamento de cana. As principais culturas agrícolas, em 2009, eram o milho, com 48% do valor da produção do território, cana, 17%, mandioca, 10%, e feijão, 5%. Tratava-se, também, da segunda maior bacia leiteira estadual, representando 19% do total produzido.
Finalmente, a região Sul, que conta com um importante parque industrial nos segmentos de produção de alimentos, produtos têxteis, produtos metalúrgicos e distribuição de energia, é o território em que é maior a presença da citricultura, com 52 % do total do valor da produção da laranja do Estado.
A principal vantagem do desenvolvimento territorial é o de potencializar as vocações locais e agregar novas atividades à estratégia de desenvolvimento. Promove o desenvolvimento a partir da mobilização da população local. Além disso, permite conjugar os investimentos estruturantes de âmbito macro às iniciativas locais.
Publicado no Jornal da Cidade em 19/12/2010
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