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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 29 de junho de 2014

A crise econômica bate mais forte no Sudeste- Parte 2




Ricardo Lacerda


O nível de atividade das indústrias manufatureiras no Brasil em doze meses, no último resultado disponível, é praticamente o mesmo do registrado em setembro de 2008, mês que marca a derrocada financeira internacional.

O PIB acumulado em doze meses desde então cresceu aproximadamente 15%, as atividades de serviços, cerca de 16%, e o setor agropecuário, em torno de 14%. Em tal situação, não é de estranhar que as regiões e estados mais industrializados tenham apresentado desempenho inferior em relação àqueles nos quais as atividades manufatureira são menos expressivas.

Não por outro motivo, a crise tem castigado mais as regiões Sul e Sudeste do que regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Especialização industrial

O Gráfico 1 apresenta o índice de especialização manufatureira das regiões e unidades da federação. Índices superiores a cem informam que naqueles estados e regiões o peso da indústria de transformação na geração de riqueza (mais especificamente, no valor adicionado bruto) é maior do que na média do país.

Os dados referentes a 2011 mostram que apenas seis estados (Amazonas, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais) e duas regiões (Sul e Sudeste) são relativamente especializados na indústria transformação.



Fonte: IBGE. Contas regionais de 2011. Obs*. O Índice de Especialização é definido pela relação entre o peso da indústria de transformação  no Valor Adicionado Bruto (VAB) do estado ou região sobre o peso médio da atividade no VAB brasileiro, multiplicado por cem.

No Nordeste, apenas Alagoas se aproxima da média nacional, por conta do peso das atividades sucroalcooleiras na riqueza estadual. É possível pensar em três agrupamentos distintivos entre os demais estados da região: Ceará, Pernambuco e Bahia, detentores dos maiores parques industriais em que as atividades manufatureiras têm um peso na geração de riqueza superior à média regional; Rio Grande do Norte e Sergipe, que se destacam mais na extração de petróleo do que na atividade manufatureira; e Maranhão e Piauí, estados em que a produção agropecuária ainda se destaca. O estado da Paraíba se situa em uma posição intermediária, com a atividade manufatureira apresentando peso superior aos dos estados petroleiros, mas inferior aos dos estados mais industrializados.

Ainda que o perfil industrial deva ter influenciado mais o crescimento econômico do que as taxas de expansão alcançadas pelas atividades industriais em si desde o iníco da crise em setembro de 2008, no período mais recente o desempenho industrial foi decisivo para o crescimento do conjunto da economia regional ou estadual.

Produção Industrial

O Gráfico 2 registra a evolução da produção física regional da indústria de transformação a partir dos dados publicados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM), no acumulado de doze meses, para alguns períodos selecionados.

A figura mostra que, com a forte recuperação a partir do segundo semestre de 2009, o índice de produção física da indústria de transformação do Brasil havia superado ligeiramente o nível alcançado em setembro de 2008, nessa série de doze meses.

No período seguinte, a atividade manufatureira voltou a mergulhar, de tal modo que nos doze meses acumulados em setembro de 2012 o índice de atividade se encontrava em patamar bem inferior ao de um ano antes. Nos dois períodos subsequentes, a produção industrial apresentou  crescimento modesto, de tal forma que a produção física de doze meses em abril de 2014 era inferior a de setembro de 2011, momento do pico da recuperação depois da primeira etapa da crise.

O Gráfico 2 resume também a evolução da produção física regional nos períodos selecionados nessa série de doze meses acumulados. Apenas no estado de Goiás a evolução da produção industrial tem sido consistentemente favorável, crescendo período a período. Mesmo a produção do Paraná, depois de ter conhecido uma retomada robusta na comparação entre setembro de 2008 e setembro de 2011, desde então se defronta com oscilações do nível de atividade em torno de uma tendência estagnação.

Regiões

No Nordeste, o desempenho mais consistente, ainda que modesto, tem sido o de Pernambuco e o mais desfavorável, o do Ceará, responsável por jogar para baixo a média regional.

A derrocada da produção industrial cearense se deveu essencialmente à crise do setor têxtil. Com a recuperação gradual dessa atividade, aparentemente, afastaram-se os maiores riscos de destruição do seu parque manufatureiro.

A produção industrial do Amazonas saltou nos últimos doze meses, depois de um longo período de estagnação, provavelmente por conta da explosão de demanda por televisores estimulada pela realização da Copa do Mundo.

Finalmente, todos os estados da região Sudeste apresentaram trajetórias problemáticas e nenhum deles logrou retomar de forma consistente o crescimento da produção física da indústria de transformação após o início da crise no final de 2008.


Fonte: IBGE. Pesquisa Industrial Mensal.

Publicado no Jornal da Cidade, em 29/06/2014

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