Ricardo
Lacerda
A forte expansão e a
interiorização do emprego formal foram dois dos aspectos mais positivos do
ciclo de crescimento econômico brasileiro iniciado em 2004. Em todo o período,
o crescimento do emprego formal cresceu em ritmo consideravelmente mais
acelerado do que o do produto interno.
A geração de emprego
formal e sua redistribuição pelo interior do país se mantiveram robustas mesmo no
período de desaceleração mais recente da economia brasileira, entre 2011 e
2012.
Em Sergipe, a
interiorização do emprego formal alcançou um novo patamar nos últimos anos e
foi abrangente, contemplando todas as regiões do estado e todos os principais
setores de atividade, ainda que algumas regiões tenham apresentado desempenho
bem melhor do que outras, como veremos mais adiante.
Na comparação entre os
anos de 2000 e 2011, a expansão do emprego formal, em termos relativos,
caminhou mais rapidamente nas regiões mais pobres, mesmo porque o contingente
de pessoas com emprego formal era muito baixo em alguns casos.
Ela foi
proporcionalmente menos intensa na região mais rica, a Grande Aracaju, seja
porque a base de comparação era mais elevada, seja porque importantes investimentos
intensivos em mão-de-obra geraram um grande número de emprego no interior.
Distribuição
Ao final de 2011, havia
385.837 empregos formais na economia sergipana, entre setor privado e
funcionalismo público, conforme dados do MTE-RAIS. O setor agrícola, ainda que
ocupe uma parcela significativa da mão-de-obra, tem uma participação muito
reduzida quando se trata de emprego formal: eram 13.966 empregos formais nessa
atividade, ou 3% do total.
Para fins de exposição,
os dados foram organizados em seis agrupamentos. Além de um grupo que agrega as
três esferas do setor público e as atividades de educação e saúde, em conjunto responsáveis
por 40% do emprego formal naquele ano, são apresentados cinco agrupamentos,
como o de outros serviços (que incluem serviços financeiros, serviços administrativos e técnicos,
transporte e alojamento) com 19% do total, o comércio com 16%, as indústrias de
transformação e extrativa mineral, com 13%, e os segmentos da construção civil
e os serviços de utilidade pública, com 9%, e o já citado setor agrícola.
Ter esses números em
mente é importante para não se surpreender com alguns dados do crescimento do
emprego dos oitos territórios sergipanos que são apresentados na tabela.
Territórios
Os dados apresentados a
seguir estão organizados segundo os oitos territórios de desenvolvimento de
Sergipe. Nesta classificação, a Grande Aracaju é considerada de forma ampliada,
abrangendo, além da capital, os municípios de Barra dos Coqueiros, Itaporanga
d'Ajuda, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo, Santo Amaro
das Brotas e São Cristóvão.
Entre 2000 e 2011, o estoque de emprego
formal em Sergipe quase dobrou, crescendo 87,9%. Na tabela, quando a taxa de
crescimento do emprego em um território, por setor ou no total, foi superior ao
da média do estado, a célula se encontra sombreada.
Assim, na última linha,
apresentaram taxas de crescimento do emprego formal superiores à média do
estado, por ordem decrescente, o Médio Sertão, o Alto Sertão, o Leste, o
Centro-Sul, o Agreste Central e o Baixo São Francisco. Apenas a Grande Aracaju
e o Sul registraram taxas inferiores ao da média estadual, ainda assim foram
taxas expressivas (ver Tabela).
Setorial
No caso do Médio Sertão, taxa de
crescimento tão elevada é explicada pela implantação da usina de etanol que
gerou milhares de emprego em uma estrutura econômica até então de baixa
densidade de emprego formal. No Alto Sertão, além da Usina de Xingó, devem ser
destacados a implantação das unidades de beneficiamento de leite e o impulso desses
setores sobre as atividades de comércio e serviços.
Como dado negativo, há a queda do
emprego industrial no Baixo São Francisco por conta do fechamento, em 2006, da
usina de cana-de-açúcar que havia em Pacatuba.
O espaço não permite uma análise
exaustiva dos dados, mas vale a pena sintetizar alguns traços gerais. A simples
observação da tabela permite identificar o crescimento robusto do nível de
emprego formal em quase todos os setores, nos vários territórios. Permite também perceber, observando-se as
células sombreadas, que na ampla maioria dos setores, os territórios do
interior apresentaram taxas de crescimento do emprego acima da média do estado.
Tabela. Taxa de crescimento do emprego formal nos territórios de
desenvolvimento de Sergipe entre 2000 e 2011, segundo setores de atividade.
(%)
|
|||||||||
Atividades/
Territórios
|
Sergipe
|
Agreste Central
|
Médio Sertão
|
Alto Sertão
|
Baixo São Francisco
|
Centro-
Sul
|
Grande Aracaju
|
Leste
|
Sul
|
Agricultura
|
89,4%
|
27%
|
126%
|
48%
|
105%
|
106%
|
50%
|
633%
|
4%
|
Ind. Transf + Ext Min
|
110,0%
|
497%
|
26.592%
|
220%
|
-35%
|
217%
|
64%
|
368%
|
34%
|
Construção + SIUP
|
156,3%
|
168%
|
1%
|
51%
|
1.011%
|
104%
|
157%
|
399%
|
59%
|
Comércio
|
108,2%
|
187%
|
148%
|
377%
|
159%
|
158%
|
89%
|
234%
|
149%
|
Adm Pub + Saúde + Educação
|
63,3%
|
72%
|
117%
|
181%
|
163%
|
98%
|
47%
|
99%
|
100%
|
Outros Serviços
|
90,4%
|
310%
|
50%
|
384%
|
94%
|
120%
|
85%
|
10%
|
172%
|
TOTAL
|
87,3%
|
159%
|
265%
|
198%
|
93%
|
136%
|
72%
|
165%
|
79%
|
Fonte: MTE- RAIS
Dois territórios apresentam taxas abaixo da média estadual: a Grande Aracaju, pelos motivos já mencionados, e o Sul. Esse último território apresentou taxas abaixo da média estadual no emprego formal agrícola e na indústria e na construção civil, mas apresentou ritmo muito acelerado de crescimento do emprego em outros serviços financeiros, no comércio e no agrupamento da administração pública, saúde e educação. No total, o emprego formal desse território cresceu 79% no período.
No caso da Grande Aracaju, com taxa de crescimento do emprego total de 72%, a primazia foi da atividade da construção civil, em que se destacou fortemente. Em todas as demais atividades, houve intenso espraiamento do emprego formal no período, como resultado de um processo geral de interiorização do desenvolvimento.
Publicado no Jornal da Cidade em 12/12/2012
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