Ricardo
Lacerda
O
IBGE apresentou na semana passada a publicação O PIB Municipal de 2010. Em seu
comunicado a instituição destacou cinco pontos nos
resultados daquele ano: 1) o elevado PIB per capita dos municípios com
atividade de produção e beneficiamento de minérios; 2) a concentração da
riqueza nacional em seis capitais; 3) a concentração da indústria em doze
municípios; 4) a pujança agropecuária de municípios de Goiás e Mato Grosso, do
polo de Petrolina e de municípios situados no Oeste da Bahia, importantes
fronteiras agrícolas, e; 5) o peso da administração pública e das
transferências previdenciárias no PIB dos pequenos municípios do Nordeste.
Interiorização
Mas o aspecto que
queremos enfatizar é o da perda de participação das capitais nos PIBs estaduais
e, seu lado reverso, o aumento do peso do interior. Excluindo-se o Distrito
Federal, que não possui municípios, na comparação de 2000 com 2010, dentre as
26 unidades da federação 18 capitais perderam participação nos respectivos PIBs
estaduais e 8 aumentaram a participação. Antes que o leitor se apresse em
concluir que teria havido um deslocamento dessa participação para os demais
municípios das regiões metropolitanas, cabe assinalar que 17 entre as 26
microrregiões que sediam capitais perderam participação, restando 9 que
aumentaram seus pesos.
Entre 2000 e 2010, perderam
peso no PIB dos seus estados as seguintes capitais, por ordem, Belém, Rio de
Janeiro, Aracaju, Goiânia, Cuiabá, Recife, Natal, Rio Branco, Porto Alegre, Manaus,
Salvador, Macapá, São Paulo, Fortaleza, Campo Grande, Belo Horizonte, Teresina
e até a única capital que não tem o maior PIB entre os municípios do estado, Florianópolis.
Em
Sergipe
Nesse período, os
municípios do interior de Sergipe ganharam o equivalente a 6,8% do PIB
estadual. Quando se considera o conjunto da região metropolitana (Aracaju,
Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra do Coqueiro), o equivalente a
5,1% do PIB se deslocou para os demais municípios do Estado.
Uma parcela
significativa do crescimento da participação do PIB do interior de Sergipe se
deve à instalação da Usina Hidroelétrica de Xingó, no município de Canindé do
São Francisco, no alto sertão sergipano, mas outros fatores também foram
importantes. De um lado, a própria metropolização de Aracaju e a formação de
distritos industriais no entorno da capital, como nos municípios de Nossa
Senhora do Socorro e Itaporanga.
De outro lado, ampliaram
a participação no PIB municípios que contam com importantes bases de recursos
minerais, com produção de petróleo, de fertilizantes ou cimento, como
Carmópolis, Rosário do Catete, Laranjeiras, Divina Pastora, Japaratuba, Pacatuba e Siriri, situados na mesorregião
Leste, ao norte de Aracaju. O município
de Capela foi favorecido pelo renascimento da atividade sucroalcooleira e seu
impacto na economia local.
No semiárido, além do
já citado caso de Canindé do São Francisco, alguns municípios de forte base
agrícola ou de pecuária também cresceram em ritmo superior à media do estado,
ampliando suas participações no PIB. As experiências mais significativas foram
as de Nossa Senhora da Glória, a partir da pecuária de leite, e de Carira, com
a forte disseminação da cultura do milho. Há ainda o exemplo de Frei Paulo, que
ganhou participação no PIB com a implantação da indústria de calçados.
Emprego
O gráfico a seguir
mostra a distribuição do PIB e do emprego formal, em 2000 e em 2010, entre a
Grande Aracaju e o interior. A desconcentração territorial do emprego formal
tem se dado em ritmo mais acelerado que a do PIB, em razão de a expansão da atividade econômica
no interior, notadamente nos municípios de base agrícola ou que têm recebido
investimentos nas indústrias de calçados e de confecções, se dá com base em
atividades mais intensivas em mão-de-obra do que os da capital. No período, o
interior ganhou 5,1 pontos de
participação no PIB e 6,6 pontos no emprego formal.
[
Fonte: PIB, IBGE- PIB
Municipal; Empregos formais, MTE-RAIS
Em
conjunto, são três os tipos de região que vêm crescendo em ritmo mais
acelerado: o entorno de Aracaju, os municípios detentores de reservas de
recursos minerais e a parcela do semiárido que vem logrando implantar um
desenvolvimento de base local a partir da expansão de polos agrícolas ou
agroindustriais ou a partir da instalação de unidades fabris.
Assim, mesmo com suas
especificidades, alguns movimentos que ocorrem em âmbito nacional, como o
aumento da importância da exploração de recursos minerais e a expansão da
agropecuária, esta última mais assentada na ampliação da produção familiar do
que na media nacional, têm sidos experimentados em Sergipe, processos aos quais
deve ser adicionada a relocalização da indústria têxtil e de calçados em
direção ao interior do Nordeste.
Publicado no Jornal da Cidade em 16/12/2012
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