Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 17 de maio de 2015

A Barra dos Coqueiros

Ricardo Lacerda

O ilustre advogado e morador da Barra dos Coqueiros José Carlos Montalvão cobra-me com frequência uma análise econômica sobre o município onde reside e do qual é um divulgador incansável. Montalvão sente no seu dia a dia as transformações pelas quais o município vem passando nos últimos anos, decorrentes do intenso crescimento demográfico e da multiplicação de condomínios residenciais na faixa costeira e que se constituem uma das principais frentes de urbanização da Grande Aracaju. Não conhecendo como ele a realidade cotidiana da Barra, arrisco-me a apresentar alguns dados agregados e fazer algumas observações sobre a expansão urbana e a economia do município.

É possível, em linhas gerais, identificar os principais vetores de crescimento do município nas próximas décadas: a) a multiplicação de condomínios residenciais de pessoas que trabalham em Aracaju; b) a realização de novos investimentos industriais no entorno do porto e no vizinho município de Santo Amaro; c) os impactos das novas descobertas da Petrobrás; e, finalmente, d) a complementação da ligação viária do litoral norte, com a pavimentação do trecho Pirambu- Pacatuba da SE 100- Norte, mais uma etapa da integração litorânea nordestina desde Salvador até Recife, faltando apenas uma nova ponte sobre o rio São Francisco, entre Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). 

Muitas Barras

A Barra dos Coqueiros são muitas em uma só: abrange localidades de ocupações mais antigas e outras de ocupações mais recentes, sendo algumas de moradia e outras predominantemente de residências de finais de semana e veraneio, hoje também denominadas de segunda moradia. Além dos núcleos urbanos persistem áreas de características rurais, predominantemente sítios, nas quais residem 16,4% da população.

No município convivem antigos núcleos urbanos ocupados por moradores, como a sua sede, localidades ocupadas predominantemente por veranistas e frequentadores de finais de semana, como o Jatobá, localidades mistas, digamos assim, como a praia da Costa e a Atalaia Nova, e as novas áreas onde estão sendo implantados condomínios residenciais de moradores e de segunda moradia, além da população rural.

O município sedia também áreas industriais e o Porto de Sergipe, o Terminal Integrado Inácio Barbosa (TMIB), já há alguns anos sob gestão da subsidiária de logística da empresa Vale, a VLI.
Nos últimos dois anos, a Petrobras tem divulgado grandes descobertas de reservas de petróleo e gás, entre as maiores do Nordeste, em águas ultraprofundas no litoral do município, cerca de 100 km da costa. Segundo a empresa, os poços deverão entrar em produção até 2020.  

O município conta com um resort de médio porte e uma rede de bares e restaurantes de praia. Mais recentemente foram sinalizados investimentos industriais e na geração de energia de grande porte na zona portuária, além da presença do parque eólico já em funcionamento. O vizinho município de Santo Amaro das Brotas prepara-se para receber investimento de quase um bilhão de reais em uma fábrica de cimento, o que certamente vai repercutir na demanda por moradia na Barra.

Os investimentos na cadeia de petróleo e gás, na produção de fertilizantes e na geração de energia concorrerão para adensar a área industrial no entorno do TMIB. Por tudo isso, o município e toda a região afetada precisam se preparar para crescer, o que inclui planejar a expansão da infraestrutura urbana, definir uma política de uso do seu território e planejar a ampliação da rede de prestação de serviços públicos.

População

O IBGE estima para 2014 uma população de 28.093 pessoas residindo na Barra dos Coqueiros (ver Gráfico). Entre 2000 e 2010, a população da Barra cresceu notáveis 40,3%, equivalentes a uma média anual de 3,44%, somente inferior ao crescimento de Carmópolis. A média estadual no período foi de 1,48% ao ano. No período intercensitário anterior (1991-2000), a população da Barra cresceu 3,9% ao ano, como parte do processo de metropolização de Aracaju que se consolidava no período.

Fonte: IBGE, Censos Demográficos. *estimativa para 2014.

Ocupação

A diversidade espacial do território da Barra se reflete na estrutura ocupacional da população. O contingente de pessoas ocupadas que residem no município, não necessariamente trabalhando lá, saltou de 5.082, em 2000, para 8.469, em 2010. Nesse período houve uma ampliação considerável no número de residentes no município que passou a contar com emprego com carteira assinada. Eram 2.073 pessoas, em 2000, e somaram 3.801, em 2010, crescimento extraordinário de 83%.

O número de funcionários estatutários praticamente duplicou no período, mas ainda é reduzido, inferior a 500 empregados. Todavia, o total de pessoas com qualquer tipo de vínculo com a administração pública, saúde e educação em 2010 passou de 1.300, concorrendo com o comércio como a principal atividade econômica da população ocupada. Chama atenção o crescimento do número de pessoas que trabalham por conta própria, que respondia por quase 1/3 da população ocupada. Outras 750 pessoas se ocupavam na atividade primária, das quais cerca de 500 dedicavam-se à pesca e aquicultura.

Tabela. Pessoas de 10 anos ou mais ocupadas na Barra dos Coqueiros em 2000 e 2010
Posição na ocupação
2000
2010
Pessoas ocupadas
%
Pessoas ocupadas
%
Total
5.082
100
8.469
100
Empregados
3.734
73,5
5.493
64,9
Empregados com carteira de trabalho assinada
2.073
40,8
3.801
44,9
Militares e funcionários públicos estatutários
250
4,9
497
5,9
Empregados - outros sem carteira de trabalho
1.410
27,7
1.194
14,1
Não remunerados em ajuda a membro do domicílio
55
1,1
49
0,6
Trabalhadores na produção para o próprio consumo
39
0,8
178
2,1
Empregadores
11
0,2
67
0,8
Conta própria
1.243
24,5
2.682
31,7
Fonte: IBGE, Censos Demográficos


Publicado no Jornal da Cidade, em 17 de maio de 2015 

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