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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Piranema e a produção de petróleo em Sergipe

 
Ricardo Lacerda

"A notícia a respeito de minha morte é um exagero”.
Resposta de Mark Twain ao falso anúncio de sua morte pelo New York Journal, em 02/06/1897

Em 2003, a exploração de petróleo e gás natural em Sergipe ganhou um novo alento. Afinal, a produção de petróleo no Estado manteve-se deprimida ao longo de toda a década de noventa e nos três primeiros anos do novo século. Depois de atingir a produção anual de 18.500 mil barris, em 1984, a produção de petróleo iniciou uma trajetória descendente, somando 16.372 mil barris em 1990, e atingiu seu ponto mais baixo no fatídico ano de 1997, marcado pela crise asiática, quando alcançou 12.083 mil barris, 30% abaixo do resultado de 1984 e 26% do volume de 1990. A produção manteve-se rebaixada até 2002, ano que em alcançou 12.932 mil barris. Naquele período, talvez fizesse sentido vaticinar o fim das perspectivas da exploração do petróleo em Sergipe.

A partir de 2003, iniciou-se um novo ciclo de exploração do petróleo em Sergipe. Concorreram para a retomada dois fatores fundamentais, um relativo ao cenário externo e outro de caráter empresarial, respectivamente, a elevação dos preços no mercado internacional que tornava rentável a exploração de campos de produtividade mais baixa e a decisão da Petrobras de voltar a investir na bacia de Sergipe e Alagoas. Os investimentos deste novo ciclo concentraram-se no melhor aproveitamento dos chamados campos maduros, que requeriam novos investimentos para se contrapor à produção descendente, e na exploração de uma nova fronteira, com a descoberta do campo marítimo de Piranema.

Nos anos seguintes, a produção de petróleo em Sergipe obteve volumes crescentes, passando para 13.962 mil barris, em 2004, até atingir 17.194 mil barris, em 2008, 42% acima do pior resultado, em 1997. Contribuiu para o forte incremento da produção de 2008 a entrada em operação, em setembro de 2007, do campo de Piranema, de exploração em águas profundas, fazendo com que a produção de petróleo em Sergipe alcançasse novo patamar, depois da forte queda no período anterior (ver Gráfico 1).

Crise

A combinação dos efeitos da crise financeira internacional, em 2008 e 2009, com problemas operacionais no campo de Piranema e de licenciamento ambiental em alguns poços da plataforma continental, fez com que a produção de petróleo de Sergipe apresentasse, até abril de 2011, queda significativa em relação ao pico de 2008, ainda que se mantivesse em patamar superior ao volume obtido nos anos noventa. O acompanhamento mensal da produção permite examinar mais cuidadosamente esses pontos.



Fonte: Petrobras e ANP.

Com a crise internacional, o preço médio do petróleo tipo Brent no mercado spot caiu de US$ 99,04, na média de 2008, para US$ 61,50, em 2009, impactando o fluxo de caixa da empresa. A produção mensal de petróleo nos campos sergipanos baixou de 1.463 mil barris, em setembro de 2008, para 1.328 mil barris em janeiro de 2009, recuperando-se nos meses seguintes, até atingir 1.431 mil barris em dezembro de 2009, volume muito próximo ao do resultado do período anterior à crise.
Problemas operacionais no campo de Piranema, ao lado de dificuldades nos poços rasos, fez com que a produção enfrentasse novas quedas, atingindo o volume de 1.121 mil barris, em fevereiro de 2011 (Gráfico 2).

Piranema

A Petrobras vem realizando importantes investimentos visando solucionar os problemas técnicos na exploração de Piranema, alcançando bons resultados somente a partir do último mês de maio. Com o crescimento da produção de Piranema e as melhorias incrementais em outros poços, a produção de petróleo de Sergipe está voltando ao patamar anterior à crise financeira, tendo alcançado 1.393 mil barris, em maio, e 1.353 mil barris, em junho. O Gráfico 2, a seguir, que compara a produção mensal com a média do ano de 2008, mostra que os resultados dos dois últimos meses da série se aproximam da média daquele ano.

Fonte: ANP.

A produção de petróleo de Piranema, que chegou a somar 365,7 mil barris em julho de 2008, atingiu a média mensal 237,5 mil barris em 2008, algo em torno de oito mil barris diários, sem agregar os barris óleo equivalentes oriundos da exploração de gás natural. Nos meses seguintes, trilhou trajetória similar à vista no gráfico anterior, da produção total de petróleo de Sergipe, atingindo seu ponto mais baixo em novembro de 2010 (ver Gráfico 3).
Em maio último, a produção de Piranema alcançou o volume de 285,6 mil barris, próxima a 10 mil barris/dia, quando nos meses anteriores não ultrapassava a faixa de 4 mil barris/dia. Ainda que o resultado de junho não tenha sido publicado, o volume total da produção do mês, apresentado no Gráfico 2, confirma a mudança do patamar da produção de Piranema.

Fonte: ANP.

Perspectivas

Na semana passada, o gerente geral da Unidade de Produção da Petrobras nos Estados de Sergipe e Alagoas informou que as dificuldades operacionais nos poços de Piranema estão sendo equacionadas e que, nos próximos meses, a produção diária deverá atingir 15 mil barris. Em termos de novos investimentos, a Petrobras está delimitando o campo da Barra, área localizada a 90 quilômetros de Aracaju, que poderá constituir nova fronteira de expansão.




Publicado no Jornal da Cidade em 14/08/2011


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