A base de recursos minerais de Sergipe, abrangendo petróleo, gás natural, calcário e sais de potássio, tem sido desde os anos sessenta um dos principais diferenciais do Estado e um dos fatores mais importantes que fizeram com que ele tenha crescido sistematicamente acima das médias do Nordeste e do Brasil a partir da década de setenta, com exceção de alguns anos da primeira metade da década de noventa, quando a desestruturação do setor produtivo estatal abateu profundamente sua economia.
Os melhores indicadores sociais de Sergipe frente aos demais estados nordestinos podem ser atribuídos a um conjunto de fatores, entre eles a maior taxa de população urbana, a menor parcela do território no semi-árido e a concentração fundiária menos acentuada, mas devem ser associados também à geração de renda e emprego propiciada pela exploração e transformação da base de recursos naturais. Tais atividades têm importantes impactos diretos e indiretos, financiando, inclusive, uma presença mais expressiva da administração governamental na economia estadual.
O Pólo de Fertilizantes
O Pólo de Fertilizantes de Sergipe tem como matriz fundamental a produção de amônia e uréia, a partir do gás natural pela Fábrica de Fertilizantes do Nordeste (FAFEN), de propriedade da Petrobras, e a produção de sais de potássio pela companhia Vale, a partir da extração da silvinita, com o que Sergipe oferta nitrogênio e potássio, dois dos três componentes do composto NPK. Em 2010, a FAFEN produziu 315 mil toneladas de amônia e 423 mil toneladas de uréia, e a mina de potássio da companhia Vale, 662 mil toneladas. A unidade da FAFEN em Laranjeiras é uma das maiores plantas de nutrientes nitrogenados instaladas no território nacional e a mina de Taquari –Vassouras, da Vale, é a única fonte de potássio do Brasil.
Atraídas pela disponibilidade destes insumos, empresas misturadoras dos componentes como Heringer, Fertinor, Adubos Sudoeste, entre outras, instalaram-se em Sergipe, base a partir da qual comercializam para boa parte do mercado nacional, concentrando-se, todavia, no abastecimento da região Nordeste e Centro-Oeste.
Tanto a unidade produtora de amônia e uréia da FAFEN, em Laranjeiras, a antiga Nitrofértil, como a mina Taquari- Vassouras de extração da silvinita, no município de Rosário do Catete, foram instaladas ainda na década de oitenta, como desdobramento do II Plano Nacional de Desenvolvimento do Governo Geisel que buscava diminuir a dependência de insumos importados pela agricultura brasileira.
Novos Investimentos
Passados cerca de trinta anos, o Brasil não logrou diminuir significativamente a sua dependência de insumos importados para a produção de fertilizantes. Segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (ANDA), a agricultura brasileira importa 72% da uréia, 90% do potássio e 38% do fósforo consumidos (ver Gráfico). O grau de dependência externa deverá se agravar nos próximos anos por conta da rápida expansão da produção do milho e da cana-de-açúcar, duas das culturas dentre as que consomem mais intensamente fertilizantes nitrogenados.
Fonte: Anda. Obs: O dado de uréia refere-se a 2009, e os de Potássio e Fósforo são relativos a 2008.
Dois investimentos de grande porte na área de produção de fertilizantes estão definidos para Sergipe. Uma planta de produção de potássio a partir da exploração da Carnalita, pela companhia Vale, e a unidade de Sulfato de Amônio da FAFEN. O investimento para a produção de potássio a partir da carnalita, segundo a Vale, pode alcançar US$ 4 bilhões, o maior investimento de uma empresa privada da história de Sergipe.
A mina de silvinita terá seu potencial de exploração esgotado em 2016, enquanto a nova unidade, com base na extração da carnalita, entrará em operação em 2015. Quando estiver em funcionamento pleno, aumentará a capacidade produtiva das atuais 700 mil toneladas/ano propiciadas pela extração de silvinita, para um mínimo de 1,2 milhão até o máximo de 2,4 milhões de toneladas/ano, com potencial de atender, ainda segundo a Vale, 40% da demanda brasileira.
Sulfato de amônio
A implantação da unidade de sulfato de amônio, nas instalações da FAFEN, em Laranjeiras, envolve o investimento de US$ 130 milhões para produzir 303 mil toneladas /ano visando atender o mercado nordestino.
Em 2009, a agricultura brasileira consumiu 1.734 mil toneladas de sulfato de amônio, das quais cerca de 90% são importadas. Como mostra a figura a seguir, o Nordeste consumiu 450 mil toneladas do produto, em 2009, das quais 45% foram demandadas pela cana-de-açúcar e 27% pelas culturas do milho e do algodão.
Fonte: Petrobrás (2009).
Extraída de apresentação de Paulo Lucena. Petrobras – posicionamento atual e perspectivas de produção
de fertilizantes nitrogenados, em 20/03/2010.
Os sergipanos têm consciência, por conta da própria vivência, da importância tanto da exploração de petróleo e gás como da produção de nutrientes para a indústria de fertilizantes na geração de oportunidades de trabalho e na criação de renda na economia sergipana. Mais recentemente, começam a se dar conta do desdobramento que essa base produtiva, apoiada na exploração de recursos minerais, vem alcançando, com a formação do Pólo de Fertilizantes de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade em 28/08/2011
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