O IBGE publicou no dia 15 de julho a coletânea de estudos Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil, com uma série de informações muito interessantes sobre as migrações das pessoas entre as regiões e entre os estados brasileiros. Ver em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/reflexoes_deslocamentos/deslocamentos.pdf.
Publicado no Jornal da Cidade em 24/07/2011Um primeiro aspecto importante que foi apontado na publicação é o de que as migrações entre as regiões vêm caindo de forma muito significativa. Enquanto no qüinqüênio 1995-2000, cerca de 3,3 milhões de brasileiros passaram a residir em outras regiões, esse contingente caiu para 2,8 milhões, no qüinqüênio 1999-2004, e para cerca de 2 milhões entre 2004 e 2009. Uma outra informação muito curiosa é a de que parcela crescente, ainda que minoritária, das migrações interregionais é de pessoas que retornam para a suas regiões e que esse fenômeno foi mais acentuado no Nordeste.
Emigração
Dos 3,3 milhões de brasileiros que emigraram entre 1995 e 2000, 1,4 milhão, equivalentes a 42% do total, era de nordestinos, dentre os quais 969,4 mil se deslocaram para a região Sudeste. O Nordeste teve uma perda de população para as demais regiões que alcançou, em termos da diferença entre os que saíram e os que chegaram, 764 mil pessoas.
Na primeira década do novo século, caiu em todas as regiões o movimento migratório. No caso do Nordeste, a queda foi muito acentuada, passando para 935 mil no qüinqüênio 1999-2004 e 730 mil entre 2004 e 2009, quase a metade da emigração do primeiro período, os 1,4 milhão (ver Gráfico). No segundo qüinqüênio, o Nordeste registrou saldo migratório negativo de 86, 6 mil pessoas, e entre 2004 e 2009, de 187,9 mil pessoas, números bem inferiores aos do período 1995-2000.
Ainda que o destino principal dos nordestinos continue sendo os estados da região Sudeste, 549 mil entre 1999 e 2004, e 444 mil entre 2004 e 2009, essa última região registrou saldo migratório negativo nesses dois períodos, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste passaram a ser as principais receptoras em termos líquidos nas relações interregionais. Finalmente, cabe destacar que a redução da emigração do Nordeste foi maior entre 1999 e 2004 do que entre 2004 e 2009, diferentemente das demais regiões que desaceleraram mais rapidamente as emigrações no período mais recente, quando o mercado de trabalho brasileiro melhorou.
Fonte: PNAD 1995, 1999, 2004 e 2009 e Censo populacional de 2000.Extraídos e adaptados de IBGE. Reflexões sobre deslocamentos populacionais no Brasil. 2011.
Migração de retorno
O estudo do IBGE calculou também os pesos das pessoas que retornaram para seus estados, a chamada migração de retorno, que são apresentados na tabela a seguir ao lado do índice de Eficácia Migratória (IEM), que mostra se o saldo migratório do estado, positivo ou negativo, representa muito ou pouco em relação ao seu movimento migratório total, incluindo emigração e imigração.
Fonte: PNAD 2004 e 2009.Extraídos e adaptados de IBGE. Reflexões sobre deslocamentos populacionais no Brasil. 2011.
Em sete estados, a migração de retorno entre 2004 e 2009 representou mais de 20% do total da imigração, por ordem, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná, Sergipe, Minas Gerais e Paraíba. Todavia, os dois primeiros tiveram saldos negativos, ainda que não tenham ultrapassado 10% do movimento migratório no período, e são assim considerados áreas de rotatividade migratória, porque o saldo não tem grande expressão na movimentação total.
Paraná, Sergipe e Paraíba registraram saldos positivos, mas que não representaram mais de 10% da migração total, são também considerados áreas de rotatividade migratória, diferentemente do Rio grande do Norte que aliou elevada migração de retorno a Índice de Eficácia Migratória que representou 24% de sua migração total (ver Tabela). Os demais estados do Nordeste também apresentaram elevadas taxas de migração de retorno, ainda que alguns deles, notadamente Alagoas, Bahia e Piauí contêm com saldos negativos que representam porcentagens expressivas do movimento migratório.
Em conjunto, os indicadores apresentados no citado estudo, mostram uma nova dinâmica populacional para o Nordeste, com menor emigração nos anos recentes, mas também recebendo menos migrantes de outras regiões.
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