Ricardo Lacerda
Sob todos os aspectos, a ascensão do milho na
agricultura sergipana nos últimos dez anos foi notável. Nesse período, a cultura
se consolidou como a principal atividade agrícola do estado, se destacando em
relação a outras também importantes, como a mandioca e o feijão, igualmente cultivados
no semiárido, e a cana-de-açúcar e a laranja, principais culturas da zona
úmida.
Ainda que seja um cultivo bastante
tradicional do semiárido sergipano, no último decênio o milho conquistou novas
áreas, multiplicou a produtividade (produção/hectare) em mais de três vezes e passou
a responder, em 2013, por 42% da área plantada pelas culturas temporárias em
nosso território, ocupando uma extensão 84% superior a da cana-de-açúcar. O
mais impactante é que a cultura do milho, em 2013, passou a responder por quase
um em cada quatro reais (23,5%) da renda agrícola de Sergipe, seguida pela
mandioca (19,0%), laranja (15,1%) e cana-de-acúcar (14,4%).
Novos polos
A expansão da cultura do milho tem provocado
mudanças na própria geografia agrícola estadual, com a ascensão dos municípios mais
vocacionados na atividade no ranking dos principais produtores agrícolas. O
município de Carira, maior produtor de milho, que respondia, em 2003, por menos
de 0,5% da renda agrícola sergipana, em 2013 participava com 7,1% de todo valor
agrícola estadual.
Com a expansão do milho em seu território,
Carira tornou-se o segundo maior produtor agrícola de Sergipe, ficando atrás
apenas do município de Lagarto, que conta, além do milho, com outras culturas
importantes, como a laranja, o maracujá, a mandioca e o feijão.
O segundo maior produtor de milho, o
município de Simão Dias, também avançou na participação da produção agrícola
estadual, passando de 3,2%, em 2003, para 6,5%, em 2013, e é o 3º maior
produtor agrícola estadual.
Estiagem
A produção de milho do Nordeste foi
fortemente impactada pela estiagem que assolou a região. Em alguns estados,
como Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, a queda de
produção em 2012 superou 80%, em relação ao ano anterior. Sergipe enfrentou
dois anos de quebra da safra, em 2011 e 2012, de tal forma que a produção nesse
último ano foi 40% inferior a realizada em 2010 (ver Gráfico 1).
Fonte: IBGE- PAM até 2013 e LSPA, 2014.
Depois de iniciar em 2007 uma trajetória
expansiva espetacular, saltando de 237 mil toneladas naquele ano para alcançar
751 mil toneladas em 2010, a produção de milho despencou nos dois anos seguintes,
atingida pela forte estiagem. Em 2013, a produção alcançou patamar semelhante
ao período anterior à estiagem e para 2014 estimou-se uma produção recorde de
818 mil toneladas, equivalentes a 9% acima do pico de produção de 2010.
Territórios
A estiagem em foi mais dura no Alto Sertão e
no Agreste, atingindo fortemente o cultivo do milho em Carira, Frei Paulo, Poço
Redondo, Nossa Senhora Aparecida, Monte Alegre e Nossa Senhora da Glória, além
de Pinhão e São Miguel, e menos agressiva no território do Centro-Sul.
A retomada da produção em 2013 foi
abrangente, atingindo tanto os cultivos de milho do Alto Sertão, quanto os do
Centro-Sul e do território do Agreste. Todavia, ela se apresentou bastante
diferenciada entre eles.
Nos principais municípios dedicados à cultura
do milho situados no Alto Sertão e no Agreste a retomada em 2013, apesar de
robusta, foi ainda parcial, com a produção se situando em patamar abaixo do anterior
à estiagem, como nos casos de Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Glória,
Pinhão e mesmo Carira. Como ainda não se conhece a produção agrícola municipal
de 2014, apenas o agregado para o estado, é possível que em alguns municípios
do Agreste e de Alto Sertão a produção no ano corrente tenha alcançado o pico
anterior à estiagem.
No período mais recente, por outro lado, verificou-se um movimento
expansivo da cultura do milho em direção a todos municípios do Centro-Sul
(Lagarto, Riachão dos Dantas, Poço Verde, Simão Dias e Tobias Barreto). Neles,
não apenas o recuo da produção foi menos acentuado durante a estiagem, como a
retomada foi intensa em 2013, sinalizando que a cultura tem buscado na região
as suas novas áreas de expansão.
Fonte: IBGE- PAM
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