Ricardo Lacerda
A evolução da economia brasileira na década de 2000 foi mais
favorável do que nos anos noventa. Uma marca distintiva do período foi a
combinação de crescimento econômico com uma ampla inclusão dos brasileiros mais
pobres ao mercado de consumo. Futuramente, a década deverá ser conhecida com um
dos períodos mais exitosos em combinar crescimento econômico, distribuição de
renda e inclusão social.
Impulsionada pelo cenário externo favorável e pela expansão do
mercado doméstico promovida pelos mecanismos distributivos, a economia brasileira
vivenciou entre
2004 e 2008 um ciclo virtuoso de grande significado econômico e social.
A eclosão da crise financeira internacional em setembro de 2008 constrangeu
as possibilidades de crescimento sustentado. Depois do mergulho na recessão em
2009, a economia brasileira voltou a apresentar crescimento robusto em 2010, o
chamado Pibão de 7,5%. A recidiva da crise financeira internacional a partir de
meados de 2011, todavia, desfez ilusões sobre a manutenção de crescimento robusto
em meio a um mundo em crise prolongada, ainda que taxas de desocupação no país se
tenham mantido nos anos seguintes muito baixas e as de geração de emprego formal,
surpreendentemente elevadas.
Aceleração do
crescimento
Enquanto nos anos noventa, a taxa média do crescimento do PIB brasileiro
ficou restrita a 2,6% ao ano, na década de 2000
o ritmo acelerou para 3,6% ao ano. E, diferentemente da década anterior,
o Nordeste e Sergipe cresceram a taxas mais elevadas do que a média brasileira
(ver Gráfico 1). Sergipe acelerou o crescimento de 2,6% ao ano, nos anos
noventa, para 4,2% ao ano na década de 2000. É significativo o fato de que a
economia sergipana registrou taxas superiores às do crescimento econômico
brasileiro e nordestino em sete dos dez anos contados entre 2001 e 2010.
Ao final da década, a economia sergipana era 51,4% maior do que
no seu início, quando tinha avançado
cerca de 30% nos anos noventa. Um aspecto importante é que as regiões mais
pobres do país voltaram a crescer a taxas mais aceleradas do que as regiões mais ricas, à força das
políticas de expansão do consumo interno, dos aumentos reais do salário mínimo
e dos programas de transferências de renda. Com isso, as regiões mais ricas,
Sul e Sudeste, apesar de também acelerarem o crescimento em relação à década
anterior, apresentaram taxas de crescimento inferiores às das regiões Norte,
Centro-Oeste e Nordeste.
Fonte: IBGE. Contas regionais.
Demografia
O crescimento
demográfico sergipano continuou desacelerando na primeira década do novo
século. A redução nas taxas de crescimento demográfico teve início ainda na
década de oitenta, no caso de Sergipe, e na década de setenta, na média do país,
tendência que acompanhou a expansão da urbanização e os avanços nas técnicas de
controle da concepção. A população sergipana que havia aumentado ao ritmo de
2,41% ao ano entre 1970 e 1980, registrou crescimento um pouco menos acentuado
entre os censos de 1980 e 1991, taxa anual de 2,34%, mas veio apresentar de
fato redução acentuada na intensidade de crescimento populacional nos dois
períodos censitários seguintes, 1,99% ao ano entre 1991 e 2000 e 1,5% ao ano
entre 2000 e 2010.
Um aspecto
muito significativo da evolução demográfica de Sergipe nas duas décadas
anteriores anos se manteve entre 2000 e 2010. Desde os anos oitenta, quando os
projetos de exploração da riqueza mineral de Sergipe passaram a diferenciar
Sergipe da média dos estados da região Nordeste, a sua taxa de crescimento
demográfico superou as taxas médias do Brasil e da região. Na primeira década do novo
século, frente ao 1,5% de crescimento médio anual da população sergipana,
Brasil e Nordeste apresentaram taxas de incremento de 1,1%
Em 2010,
Sergipe alcançou casa de dois milhões de habitantes. A população cresceu 15,9%
entre 2000 e 2010, passando de 1.784.475 para 2.068.017. O processo de migração campo-cidade avançou pontualmente,
porquanto a busca mais intensa das
cidades já havia se dado nas décadas anteriores (ver Gráfico 2). Ao longo da década, a parcela da população
urbana aumentou de 71,4% para 73,5%, apenas 2,1 pontos de percentagem, bem
menos do que nos períodos intercensitários anteriores. Aracaju ultrapassou meio milhão de habitantes (571.149) e o conjunto da região metropolitana crescia
celeremente. Em 2010, eram 814.523 mil pessoas residindo no aglomerado urbano
que abrange Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Barra dos
Coqueiros, frente aos 675.667 em 2000.
Fonte: IBGE.
Publicado no Jornal da Cidade, em 21/07/2014
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