Ricardo Lacerda
A década de 2000 marcou o
reencontro da economia brasileira com o crescimento, depois dos percalços das
duas décadas anteriores. Os anos oitenta foram marcados pela crise do
endividamento externo e o conseqüente descontrole inflacionário e os anos
noventa pela economia de baixo dinamismo, apesar da conquista da estabilização.
A trajetória da economia
sergipana durante todo esse longo período não se desviou muito do comportamento
geral do país. Depois de ter se arrastado nos anos noventa, registrando taxa
média anual de crescimento do PIB de 2,4%, na década de 2000 o Produto Interno
Bruto sergipano apresentou taxa média de crescimento de 4,3%, deixando para
trás o período de baixo dinamismo.
Com a taxa média de crescimento obtida
nos anos noventa, a economia sergipana somente dobraria o PIB a cada trinta
anos, enquanto que a taxa média registrada na década de 2000 o duplica em
dezessete anos.
Apresentar uma taxa robusta de
crescimento médio anual é requisito mas não é garantia para as conquistas
sociais. Em ciclos expansivos anteriores predominaram os objetivos voltados
para o desenvolvimento da base produtiva.
Inclusão pela renda
Recentemente, publicação do IPEA caracterizou o período 2001-2011 como sendo a Década Inclusiva do desenvolvimento brasileiro, marcado que foi pelo crescimento expressivo dos rendimentos das famílias mais pobres (Comunicado IPEA 155. A Década inclusiva (2001-2011): Desigualdade, pobreza e políticas de renda, de 25 de setembro de 2012). O estudo mostra que “entre 2001 e 2011, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 16,6% em termos acumulados, enquanto a renda dos mais pobres cresceu notáveis 91,2% no período”.
Segundo o IPEA, mais da metade da
melhoria da distribuição de renda no Brasil entre 2001 e 2011 se deveu à
expansão do emprego de qualidade e à elevação dos salários. Mas outros fatores
como a melhor cobertura de políticas sociais, como a previdência, e as
transferências associadas ao programa Bolsa Família e aos Benefícios da
Prestação Continuada (BPC) também foram importantes para reduzir a desigualdade
e retirar milhões de brasileiros da pobreza extrema. As regiões mais pobres apresentaram ritmo
mais intenso de crescimento da renda do que as mais ricas.
Sergipe
A melhoria dos indicadores
sociais em Sergipe se deveu a uma combinação do crescimento econômico com a
ampliação das políticas sociais, inclusive de transferência de renda. Entre
2001 e 2009, trezentos e cinquenta e sete mil sergipanos deixaram a pobreza e
entraram para Classe C, enquanto a Classe E encolhia.
A melhoria do mercado de trabalho,
com a geração de mais postos de trabalho, foi uma das principais forças inclusivas.
A PNAD de 2011 revela que o número de pessoas ocupadas em Sergipe cresceu 27%
na comparação com 2001, contra a média de 23% no Brasil, ambas as taxas
superiores ao crescimento da população economicamente ativa. Foi o resultado mais
elevado entre os estados do Nordeste. Entre 2001 e 2011, mais 204 mil pessoas
passaram a ter ocupação, formal ou informal, em Sergipe.
No período mais recente, entre 2006 e
2011, os indicadores socioeconômicos de Sergipe registraram avanços
significativos. Com o aumento do emprego de qualidade, a renda do sergipano se
elevou. A renda média familiar per
capita de Sergipe passou a ser a mais alta do Nordeste, frente ao segundo lugar
que ocupava em 2006, quando se situava atrás do Rio Grande do Norte.
O rendimento médio da família
sergipana, por membro familiar, vem crescendo acima da taxa média do Brasil e
do Nordeste, fazendo com que melhorasse a sua situação relativa. Enquanto em
2006 esse rendimento representava 67% da média brasileira, em 2011 ele havia
subido 9 pontos e alcançado 76%. Na comparação
com o Nordeste, Sergipe que superava o rendimento médio da região em 13%, em
2006, já se situava 22% acima, em 2011 (ver Gráfico).
Acesso a bens
Com mais emprego, maior estabilidade
no trabalho, melhores salários, acesso ao crédito e, ao mesmo tempo, sendo
beneficiários de programas sociais, mais domicílios brasileiros, notadamente
aqueles situados nos estados mais pobres, passaram a contar com serviços públicos
e ter acesso a bens de consumo duráveis, dados que sintetizam as novas
condições proporcionadas pelo ciclo de crescimento inclusivo.
O numero de famílias sergipanas
com computadores em casa e acesso a internet pulou de 71 mil para 176 mil,
entre 2006 e 2011, crescimento de 149%. Eram apenas 8,5% dos domicílios em 2006
e são 26,9% em 2011. O número de domicílios com TV saltou de 524 mil para 637
mil, ou seja, o bem está presente em mais 113 mil domicílios. Mais 147 mil
famílias passaram a ter acesso à geladeira. Eram 81,6% dos domicílios, em 2006,
e são 93,4% em 2011. O número de famílias com máquina de lavar se restringia a
75 mil, em 2006, e passou para 178 mil, em 2011, ou seja, mais 103 mil famílias
tiveram acesso ao bem, crescimento de 137%.
Publicado no Jornal da Cidade em 07/10/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário