Ricardo
Lacerda
As
desigualdades de níveis de desenvolvimento entre as regiões permanecem muito
amplas no Brasil. Em 2009, o Nordeste respondia por apenas 13,9% do Produto
Interno Bruto (PIB) quando contava com 27,8% da população nacional de 2010,
enquanto a região Sudeste, com 42,1% da população, produzia 54,4% da riqueza.
Entre
1995 e 2009, o Sudeste apresentou o crescimento mais lento entre as regiões
brasileiras, 39,2%, equivalente a uma taxa anual de 2,4%. As regiões Norte,
Centro-Oeste e Nordeste registraram, por ordem, as taxas mais elevadas do
período: 81,3%, 77,8% e 53,4%. A região Sul cresceu 43,7%. Assim, a taxa média
anual do Nordeste atingiu 3,1%, superior às apresentadas pelas regiões mais industrializadas,
Sudeste e Sul, mas inferior às conhecidas pelas regiões que vêm expandindo a
exploração da base de recursos naturais, Norte e Centro-Oeste.
Convergência
Diante
desse diferencial de ritmo médio de crescimento durante um período
relativamente longo, a região Sudeste perdeu 3,7 pontos de participação no
Produto Interno Bruto brasileiro que foram redistribuídos entre as demais
regiões, dos quais 1,6 para o Nordeste, 0,9 para o Centro-Oeste e 0,4 para o
Norte.
É possível tecer uma série de considerações sobre esse resultado, desde que 2009 não é um ano bom para comparação por conta brusca queda da atividade industrial associada ao pânico criado pela crise financeira internacional ou que 3,7 pontos em quinze anos não é um resultado tão expressivo etc., mas é inescapável a conclusão de que as disparidades de desenvolvimento entre as regiões têm diminuído.
É possível tecer uma série de considerações sobre esse resultado, desde que 2009 não é um ano bom para comparação por conta brusca queda da atividade industrial associada ao pânico criado pela crise financeira internacional ou que 3,7 pontos em quinze anos não é um resultado tão expressivo etc., mas é inescapável a conclusão de que as disparidades de desenvolvimento entre as regiões têm diminuído.
O
exame do Gráfico apresentado talvez ajude a esclarecer o movimento de redução
da concentração do PIB na região mais rica. Ele apresenta as taxas médias de
crescimento dos três últimos anos dos PIBs regionais. Para exemplificar, as
taxas assinaladas para 1998 são médias do período 1996-1998 e assim por diante,
amortecendo os efeitos de oscilações bruscas em um ano específico.
Baixo dinamismo
No período de baixo dinamismo da economia
brasileira, até 2003, em que a média anual dos triênios se situou abaixo de 3%,
a região Sudeste, mais impactada pela abertura comercial, cresceu
sistematicamente a taxas inferiores à média do Brasil, enquanto as regiões
Norte, Centro-Oeste e Sul evoluíram mais rapidamente. A taxa de crescimento do
PIB do Nordeste, nesse período de reduzido dinamismo, se mostrou com forte
aderência à média brasileira.
Ao
final do 2º governo Fernando Henrique Cardoso, a região Sudeste apresentava
taxa de crescimento médio dos quatro anos de apenas 1,5%. Os desempenhos mais favoráveis eram os das
regiões Norte e Centro-Oeste.
Fonte:
IBGE. Contas regionais.
Alto dinamismo
Em
2004 o Brasil iniciou um ciclo de crescimento com taxas médias acentuadas até
2008. Desde então, a história é bem conhecida. Queda no PIB em 2009, forte
recuperação em 2010, e crescimentos esquálidos em 2011 e 2012. Para 2013,
perspectiva de retomada. O resultado da média trienal em 2004 já registra uma
importante aceleração das taxas de crescimento que perdura para a maioria das
regiões até 2008.
Nesse
ciclo de prosperidade, as taxas de crescimento das regiões Nordeste e Sudeste
se aceleraram mais rapidamente do que as demais, aproximando-se do ritmo de
crescimento das regiões Norte e Centro-Oeste, enquanto a economia da região Sul
retardava a sua recuperação. Em linhas
gerais, as diferenças entre as taxas de crescimento entre as regiões se
estreitaram nesse segundo período, excetuando o comportamento da região Sul.
Os
movimentos de aumento e de redução de participação das regiões no PIB são
determinados, principalmente, por transformações nas estruturas produtivas
regionais puxadas, sejam por conta dos investimentos públicos e privados, sejam
por mecanismos duradouros de transferências de renda que findam por estimular
os investimentos, mas são influenciados, também, por flutuações cíclicas que
acompanham tais mudanças.
Em
relação à influência das alternâncias entre períodos de prosperidade e recessão
é curioso constatar que a redução das desigualdades de participação no PIB tem
se verificado principalmente pelo pior desempenho da região mais rica nos
períodos de baixo dinamismo que não é compensado nas etapas de crescimento mais
vigoroso.
Isso
não significa, todavia, que são as flutuações cíclicas que determinam as
mudanças de participação, mas, simplesmente, que os momentos de crise
consolidam as redistribuições do produto para as áreas mais pobres ou de menor
densidade econômica que têm apresentado maiores oportunidades de expansão
econômica no largo prazo. Embora seja necessário reconhecer que se trata apenas
de uma hipótese.
Publicado no Jornal da Cidade em 16/09/2012
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