Publicado no Jornal da Cidade em 13/11/2012
José de Oliveira Júnior - Economista, Secretário de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Talvez não adivinhassem, aqueles que o batizaram, que Josué Modesto faria do sobrenome um atributo da sua personalidade. A modéstia lhe é inata, virtude exercitada com a simplicidade de uma alma nobre. Mas o que confere valor a esse homem, além das suas virtudes de simplicidade e modéstia? Aqui já precisamos entender um pouco da sua trajetória, que resumo.
Creio que a paixão que primeiro o moveu foi a do saber. Quis a fortuna que seu primeiro posto na UFS fosse o de servidor administrativo, e a biblioteca seu mais notável local de trabalho. Como num roteiro borgiano, a biblioteca operou nele a magia do deslumbramento: era a razão que estava naqueles velhos livros, e sua vocação para o saber descobriu nele conteúdos apaixonantes.
Daí a ser professor, foi só um passo. A diferença entre aprender e ensinar as vezes é só um linha tênue que a humildade reverencia: são dois lados da mesma moeda. A aprender e ensinar o Professor Josué dedicou-se com afinco, discutindo com seus alunos de Sergipe aquilo que era novidade entre os doutores da Unicamp, escola referência para a teoria econômica no Brasil.
Dos livros, da experiência docente e discente, sucedeu a paixão pela Universidade. Mas não qualquer uma: dos saberes, a história lhe foi mais exigente e obrigou-o a voltar-se ao passado, a entender o Brasil, o nordeste, Sergipe e Ribeiropólis. O economista que estudou a formação do capitalismo, a macroeconomia de Marx, Keynes e Kalescki, percebeu que devia compreender o Brasil e sua aldeia. Das aulas sobre a formação da economia industrial em São Paulo seguiria a compreender Sergipe, quiçá Ribeiropólis, e a formação da mão-deobra, as desigualdades da escravidão, a economia e a história mediando o entendimento de uma realidade social e econômica que lhe foi tão próxima.
Dessa plena vida acadêmica, o Modesto não se deu por satisfeito. Afastou a modéstia da sua vida pública, e enfrentou o desafio de ser reitor, de acrescer à experiência da academia os desafios do executivo público.
Revelou-se sobretudo empreendedor arrojado, mas também planejador cuidadoso e obstinado gestor. Aprendeu que cultivar o saber intelectual não destoa das exigências da gestão disciplinada: nada de cabeça nas nuvens, e sim persistente cobrança de resultados, estabelecimento de metas, avaliação, valorização dos colaboradore. A tudo isso somou o velho rigor intelectual para compreender o novo fenômeno da universidade em expansão, adequada às novas exigências sociais, tributária de um povo e um governante que exigiam novo e mais dinâmico papel para a difusão do conhecimento. Se o homem trouxe as virtudes, as circunstâncias lhe trouxeram a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Sob seu comando, a UFS viveu uma expansão inédita, memorável, até inimaginável alguns anos atrás. O reitor Modesto continuou simples, mas fez da UFS um canteiro de ambições: cobrou de Brasília verbas, dos professores e servidores, empenho; elaborou projetos de visão e, onde surgiu oportunidades, soube aproveitá-las com eficiência impar.
Não deixou de lado suas pretensões de intelectual da casa: cuidou das bibliotecas, da produção acadêmica, da pesquisa e da extensão. A UFS saiu da metrópole, foi à Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto, expandiu-se ainda mais com o ensino à distância. O apego aos livros não o privou da compreensão sobre a importância da nova faceta digital da produção de conhecimento, e sob seu comando as bibliotecas da UFS começaram a ter obras de versão digital para consulta de alunos e professores. Enfim, a modéstia do nome e da personalidade fortaleceu sua missão. Não precisou de holofotes sobre sí, mas sobre a sua universidade, sobre a obra coletiva que empreendia para ampliar nossa coletiva capacidade de produzir saber.
É impressionante, mas compreensível, que a sociedade ainda não tenha clara percepção da grandeza do seu trabalho. Mal compreendemos que esta nova UFS é outra, tão maior e mais moderna. Mal compreendemos que a visão do presidente operário sobre a importância do ensino superior foi em vários momentos muito mais arrojada que as expectativas da própria comunidade universitária. Professor Modesto, a simplicidade do seu caráter só valoriza a importância da sua obra. Gerações de sergipanos serão tributários da sua capacidade empreendedora e do seu descortínio intelectual.
Parabéns.
Talvez não adivinhassem, aqueles que o batizaram, que Josué Modesto faria do sobrenome um atributo da sua personalidade. A modéstia lhe é inata, virtude exercitada com a simplicidade de uma alma nobre. Mas o que confere valor a esse homem, além das suas virtudes de simplicidade e modéstia? Aqui já precisamos entender um pouco da sua trajetória, que resumo.
Creio que a paixão que primeiro o moveu foi a do saber. Quis a fortuna que seu primeiro posto na UFS fosse o de servidor administrativo, e a biblioteca seu mais notável local de trabalho. Como num roteiro borgiano, a biblioteca operou nele a magia do deslumbramento: era a razão que estava naqueles velhos livros, e sua vocação para o saber descobriu nele conteúdos apaixonantes.
Daí a ser professor, foi só um passo. A diferença entre aprender e ensinar as vezes é só um linha tênue que a humildade reverencia: são dois lados da mesma moeda. A aprender e ensinar o Professor Josué dedicou-se com afinco, discutindo com seus alunos de Sergipe aquilo que era novidade entre os doutores da Unicamp, escola referência para a teoria econômica no Brasil.
Dos livros, da experiência docente e discente, sucedeu a paixão pela Universidade. Mas não qualquer uma: dos saberes, a história lhe foi mais exigente e obrigou-o a voltar-se ao passado, a entender o Brasil, o nordeste, Sergipe e Ribeiropólis. O economista que estudou a formação do capitalismo, a macroeconomia de Marx, Keynes e Kalescki, percebeu que devia compreender o Brasil e sua aldeia. Das aulas sobre a formação da economia industrial em São Paulo seguiria a compreender Sergipe, quiçá Ribeiropólis, e a formação da mão-deobra, as desigualdades da escravidão, a economia e a história mediando o entendimento de uma realidade social e econômica que lhe foi tão próxima.
Dessa plena vida acadêmica, o Modesto não se deu por satisfeito. Afastou a modéstia da sua vida pública, e enfrentou o desafio de ser reitor, de acrescer à experiência da academia os desafios do executivo público.
Revelou-se sobretudo empreendedor arrojado, mas também planejador cuidadoso e obstinado gestor. Aprendeu que cultivar o saber intelectual não destoa das exigências da gestão disciplinada: nada de cabeça nas nuvens, e sim persistente cobrança de resultados, estabelecimento de metas, avaliação, valorização dos colaboradore. A tudo isso somou o velho rigor intelectual para compreender o novo fenômeno da universidade em expansão, adequada às novas exigências sociais, tributária de um povo e um governante que exigiam novo e mais dinâmico papel para a difusão do conhecimento. Se o homem trouxe as virtudes, as circunstâncias lhe trouxeram a sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Sob seu comando, a UFS viveu uma expansão inédita, memorável, até inimaginável alguns anos atrás. O reitor Modesto continuou simples, mas fez da UFS um canteiro de ambições: cobrou de Brasília verbas, dos professores e servidores, empenho; elaborou projetos de visão e, onde surgiu oportunidades, soube aproveitá-las com eficiência impar.
Não deixou de lado suas pretensões de intelectual da casa: cuidou das bibliotecas, da produção acadêmica, da pesquisa e da extensão. A UFS saiu da metrópole, foi à Laranjeiras, Itabaiana, Lagarto, expandiu-se ainda mais com o ensino à distância. O apego aos livros não o privou da compreensão sobre a importância da nova faceta digital da produção de conhecimento, e sob seu comando as bibliotecas da UFS começaram a ter obras de versão digital para consulta de alunos e professores. Enfim, a modéstia do nome e da personalidade fortaleceu sua missão. Não precisou de holofotes sobre sí, mas sobre a sua universidade, sobre a obra coletiva que empreendia para ampliar nossa coletiva capacidade de produzir saber.
É impressionante, mas compreensível, que a sociedade ainda não tenha clara percepção da grandeza do seu trabalho. Mal compreendemos que esta nova UFS é outra, tão maior e mais moderna. Mal compreendemos que a visão do presidente operário sobre a importância do ensino superior foi em vários momentos muito mais arrojada que as expectativas da própria comunidade universitária. Professor Modesto, a simplicidade do seu caráter só valoriza a importância da sua obra. Gerações de sergipanos serão tributários da sua capacidade empreendedora e do seu descortínio intelectual.
Parabéns.
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