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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

As exportações de suco concentrado de laranja - Parte 2



Ricardo Lacerda

Quem acompanha os comunicados das associações brasileiras de citricultores pode inferir o grau de insatisfação dos produtores com a situação do mercado da laranja, especialmente no que diz respeito às difíceis relações com as indústrias de suco. A queixa freqüente é a de que a estrutura concentrada permite à indústria impor preços muito desfavoráveis aos produtores de laranja, mesmo quando o mercado internacional inicia uma recuperação.

Em uma perspectiva de médio prazo, a cotação do suco de laranja concentrado (FCOJ) no mercado americano obteve importante aumento na safra de 2005/2006 e, especialmente, na safra de 2006/2007, o que ajudou a expansão das exportações brasileiras do produto. Com a crise financeira internacional, o preço recuou nas safras de 2008/2009 e 2009/2010, com graves conseqüências para a produção citrícola.

O preço do suco concentrado no mercado internacional vinha se recuperando desde meados de 2010, com alguns soluços, o que poderia estimular a retomada das exportações nos próximos anos, mas a recidiva na crise financeira, em que a situação da Grécia é o quadro mais emblemático, fez reverter a recuperação das cotações desde o início de agosto de 2011.

Exportações

No Gráfico 1, a seguir, são apresentados o valor e o volume das exportações brasileiras acumuladas em doze meses, entre outubro de um ano e setembro do ano seguinte. Ainda que esses doze meses não se relacionem com as safras, esse período foi escolhido para abranger os dados mais recentes, referentes a setembro de 2011.

Depois de alcançar US$ 874 milhões nos doze meses encerrados em setembro de 2006, o valor das exportações brasileiras do suco concentrado alcançou US$ 1,5 bilhão no período completado em setembro de 2007, o melhor resultado para essa série em todo o século XXI (ver as colunas no Gráfico 1). Em setembro de 2008, já refletindo a mudança no cenário externo, o valor acumulado das exportações em doze meses, apesar de ainda elevado, caiu para US$ 1,28 bilhão.

É curioso constatar que, apesar do patamar elevado do preço médio nesses dois períodos, o volume do produto comercializado no exterior, representado pela linha no Gráfico 1, ou pouco se elevou ou caiu, indicando problemas pelo lado da oferta brasileira.

Nos três períodos seguintes, nos doze meses acumulados em setembro de 2009, 2010 e 2011, o volume e o valor das exportações despencaram. Ou seja, quando os preços internacionais subiram, o volume exportado se manteve relativamente constante, quando os preços internacionais caíram, o volume exportado despencou.

Os especialistas têm atribuído esse comportamento recente, principalmente, à elevação do custo de produção interno da laranja, que, ao lado da valorização do real retiraria competitividade do produto brasileiro. Mas, honestamente, a explicação nos parece incompleta e insatisfatória.


 
Fonte: MDIC-SECEX. Banco de dados Alice.


Sergipe

A citricultura sergipana se ressentiu, também, das oscilações no preço internacional do suco concentrado de laranja, principal produto exportado pelo segmento. Quando os preços internacionais se tornaram muito atrativos, o valor das exportações de suco concentrado em Sergipe apresentou um grande salto, passando de US$ 28,5 milhões nos doze meses completados em setembro de 2006 para US$ 69,5 milhões, nos doze meses completados em setembro de 2007, e US$ 53,4 milhões em setembro de 2008 (ver Gráfico 2). Com a eclosão da crise financeira internacional, no final de 2008, o valor das exportações de suco concentrado também despencou, voltando nos doze meses completados em setembro de 2009 para o patamar anterior à expansão.

As exportações sergipanas de suco concentrado vêm respondendo mais positivamente à elevação do preço internacional do que a média brasileira. Se nos doze meses completados em setembro de 2010, o volume exportado ainda não havia iniciado sua recuperação, pelos menos interrompeu a queda, diferentemente do volume exportado pelo conjunto do país. No acumulado de doze meses de setembro de 2011, o volume exportado aumentou 29% e o valor das exportações, 89%, em relação ao período anterior.



Fonte: MDIC-SECEX. Banco de dados Alice.


As trajetórias do volume e do valor das exportações sergipanas de suco concentrado (FCOJ) parecem indicar que o setor estava iniciando uma importante recuperação. O novo período de instabilidade na economia mundial, que já vem afetando a cotação do produto, todavia, pode abortar essa retomada.


Publicado no Jornal da Cidade em 09/10/2011





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