Os principais indicadores utilizados para medir a temperatura da economia do país, mês a mês, procuram aferir a situação do mercado de trabalho, das vendas do comércio, da produção industrial, do nível de utilização da capacidade produtiva da indústria, do volume de produção agrícola e do saldo de empréstimos na economia, procurando dimensionar o comportamento dos setores agrícola, industrial, serviços e comércio, além de indicadores de relação com o setor externo da economia.
Consideram-se, também, os indicadores produzidos pelas sondagens das expectativas de consumidores e de empresários que informam o grau de otimismo e a disposição de dispêndio desses segmentos para os próximos meses. Com base nesses indicadores, dentre outros, o Conselho de Política Monetária- Copom, do Banco Central, decide, a cada 45 dias, qual deve ser a taxa de juros básica que ajusta o nível de atividade econômica às metas de inflação para o ano.
Indicadores
Os indicadores do nível de atividade são importantes para a tomada de decisão não apenas por parte das autoridades monetárias. Empresários dos segmentos da indústria, do comércio, de prestação de serviços e produtores agrícolas encontram nesses indicadores, ao lado da percepção sobre o andamento dos seus próprios empreendimentos e do mercado em que atuam, as informações que os subsidiam tanto nas atividades mais rotineiras relativas ao volume de insumos e de mercadorias que devem adquirir, quanto nas decisões mais estratégicas referentes à expansão dos negócios em direção ao aumento de produção, abertura de filiais e diversificação da produção.
É sentindo o pulso da economia que se pode planejar, adotando em algumas ocasiões uma postura defensiva e, em outras, aproveitando as oportunidades de expansão. Para os cidadãos, o acompanhamento desses indicadores também é importante, para que possam se posicionar em relação às medidas de política econômica e para definir suas estratégias de inserção no mercado de trabalho e em suas decisões de compra e de endividamento.
Muitos desses indicadores não estão disponíveis em escalas espaciais menores, como região e estado, ou, alguns deles, estão disponíveis apenas para alguns estados. A Pesquisa Industrial Mensal e a Pesquisa Mensal do Emprego, ambas do IBGE, por exemplo, não são realizadas ou não produzem indicador desagregado para a maioria dos estados da federação, inclusive Sergipe. No início de 2009, para suprir essa demanda de indicadores mais localizados de nível de atividade, equipe técnica do Banco Central desenvolveu, em projeto piloto, o Índice de Atividade Econômica Regional do Rio Grande do Sul, o IBCR-RS, a partir de indicadores que permitem inferir a evolução mensal daquela economia.
Sergipe
Para avaliar o comportamento do nível de atividade da economia sergipana estão disponíveis alguns indicadores que, em conjunto, permitem formar um quadro geral da situação presente e das perspectivas para os próximos meses. Boa parte desses indicadores circula semanalmente no boletim Sergipe Econômico, elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Sergipe- FIES em parceria com a Universidade Federal de Sergipe. Ver em http://www.sergipeeconomico.com.
Especialmente representativos são os indicadores sobre a evolução do nível de emprego, volume de vendas do comércio, operações de crédito, produção de petróleo e gás, arrecadação do ICMS e do IPI. Para avaliar o grau de confiança do empresariado local sobre a situação presente e nos rumos da economia nos meses seguintes, a Fies elabora, mensalmente, a Sondagem Industrial.
O consumo de energia
O consumo de energia elétrica guarda uma relação técnica com o volume de produção física da indústria. No gráfico a seguir é apresentada a soma do consumo mensal de energia elétrica do setor industrial e do consumo do mercado livre na área da Energisa. A chamada Demanda dos Consumidores Livre refere-se ao consumo de grandes empresas que contratam no mercado livre de energia, de acordo com a melhor oferta de preço disponível. São, em geral, grandes consumidores, tanto no setor industrial quanto no de serviços.
Entre janeiro e julho de 2010, o consumo industrial e a demanda dos consumidores livre da área da Energisa somaram 556,7 GWh, 12% acima dos 496,4 GWh do mesmo período de 2009. Em julho de 2010, o consumo de energia desse agregado alcançou 80,3 GWh, frente a 70,4 GWh de julho de 2009, um incremento de 22,4%, um aumento muito substancial.
Fonte: Energisa
Esse indicador, ao lado de outros, como o nível de emprego da indústria, informa a intensidade da recuperação do nível de atividade da indústria sergipana depois do impacto ocorrido durante o período mais duro da crise financeira internacional, entre o final de 2008 e os primeiros meses de 2009. Desde novembro de 2009, a soma do consumo de energia elétrica do setor industrial e da demanda livre na área da Energisa tem, em todos os meses, superado o resultado de igual mês do ano anterior. Em julho de 2010, especificamente, verificou-se uma forte aceleração do consumo e um maior distanciamento em relação ao resultado de 2009.
A construção de indicadores de nível de atividade concorre para qualificar o debate econômico nos âmbitos nacional e local. Seguindo exemplo do que foi realizado pela equipe do Banco Central no Rio Grande do Sul, a construção de um indicador síntese que represente o nível de atividade da economia sergipana se somaria aos indicadores já disponíveis. Nesse sentido, estão sendo iniciados os estudos para elaborar, ainda em 2010, o Índice do Nível de Atividade Econômica de Sergipe, o INA-SE, em mais uma parceria da FIES com a UFS.
* Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade em 29 de agosto de 2010
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