Ricardo Lacerda
Sem que a sociedade se tenha dado muito conta, nas últimas semanas
foram realizados eventos que demarcam conquistas institucionais de grande
significado para o desenvolvimento econômico, social e científico de Sergipe.
Em menos de trinta dias, foram anunciados o lançamento de editais
para pesquisas científicas e tecnológicas pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à
Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), no montante de R$ 12
milhões; a implantação das novas instalações do parque tecnológico de Sergipe
(SergipeTec), com investimentos superiores a R$ 33 milhões de reais, a ser
entregue até o final do ano, em área anexa ao campus central da Universidade
Federal de Sergipe; e finalmente, na última quarta-feira, dia 21, foi
inaugurada a sede do Núcleo Regional de Competência em Petróleo, Gás e
Biocombustíveis de Sergipe (NUPEG), também situado no campus da UFS.
A realização de tais eventos reflete a caminhada, iniciada ainda no
governo Albano Franco, para fomentar a formação de Sistema Regional de
Inovações (SRI). Nesse momento alcança-se um novo patamar de maturidade e são
colhidos resultados significativos de um direcionamento, adotado no início da
atual administração, de canalizar as energias do sistema de inovação local para
o atendimento das demandas econômicas e sociais postas pelos desafios do
desenvolvimento sergipano.
Esse é o ponto a ser perseguido diuturnamente, o compromisso
efetivo do SRI em empregar o potencial de desenvolvimento científico e
tecnológico local para atender demandas reais do desenvolvimento sergipano,
sejam demandas do setor produtivo, sejam demandas das políticas públicas de atendimento
às necessidades da população.
Chama a atenção o foco dos editais de pesquisa da Fapitec.
Contemplam tanto as ações mais tradicionais, como a concessão de bolsas de
iniciação científica e tecnológica para alunos da rede estadual e do ensino
superior e de bolsas de mestrado e doutorado, quanto outras iniciativas mais
inovativas e com potencial também de grande retorno social.
Este é o caso do edital específico para que docentes e
pesquisadores vinculados às universidades e faculdades avaliem (e apresentem propostas),
sob critérios científicos, as políticas públicas que estão sendo implementadas em
uma diversidade de áreas. São projetos que visam analisar e avaliar programas
que estão em andamento nas áreas de inclusão social, segurança, planejamento, finanças
públicas, saneamento e tecnologia da informação.
O objetivo explícito é identificar o que vem alcançando ou não resultados
e quais são os problemas encontrados, a fim de aperfeiçoar os instrumentos
empregados.
Tecnologia apropriada
Com muito esforço institucional envolvido, Sergipe vem estreitando
a enorme distância entre a sua base de riquezas mineirais e o conhecimento
científico e tecnológico requerido na exploração e beneficiamento de tais
riquezas.
A exploração das riquezas minerais em Sergipe deu seu grande salto
na década de sessenta, quando foi iniciada a prospecção e extração de petróleo
no campo de Carmópolis e foi instalada a primeira fábrica de cimento. Entre as
décadas de setenta e oitenta, a indústria de base se consolidou em Sergipe, com
a implantação da Unidade de Produção de Gás Natural (terminal do Tecarmo), a FAFEN e a mina Taquari-Vassouras de
exploração de potássio.
Todavia, mesmo considerando a valorosa contribuição dos
pesquisadores da escola de química, que veio a ser incorporada à Universidade
Federal de Sergipe, somente na década de 2000 foram criados os cursos
superiores especializados para a formação de recursos humanos e desenvolvimento
científico e tecnológico voltados para a exploração dessas riquezas.
Atualmente Sergipe já conta com cursos de geologia e das
engenharias de petróleo, ambiental e mecânica, além de de cursos de
pós-graduação que formam núcleos de pesquisas com potencial para se dedicar ao
desenvolvimento de tecnologias aplicadas a essas atividades.
NUPEG
A implantação do Núcleo Regional de Competência em Petróleo, Gás e
Biocombustíveis de Sergipe (NUPEG), unidade integrante da Universidade Federal
de Sergipe, é fruto do empenho conjunto da instituição, do Governo de Sergipe e
da Petrobras, com o obejtivo de fincar em nosso estado um polo de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico especializado na atividade econômica mais
estratégica para o futuro de Sergipe. É um passo fundamental para que Sergipe
participe do esforço nacional de pesquisa e desenvolvimento tecnológico na
temática de petróleo, gás natural e biocombustíveis.
É também uma oportunidade para adensar localmente uma parcela das
atividades da cadeia produtiva e de conhecimentos que giram no entorno da
exploração, produção e refino de petróleo. (Ver no Quadro a descrição dos
laboratórios de pesquisa que integram o NUPEG).
O esforço que está sendo aplicado nessa iniciativa, que se
articula a outras dimensões da política de fomento ao desenvolvimento
científico e tecnológico, é um exemplo de investimentos em desenvolvimento
institucional que fazem a diferença no longo prazo.
É uma demonstração também de que é equivocada a percepção de que
os investimentos para capacitação em ciência e tecnologia formam um mundo à
parte, que pouco diz respeito ao dia a dia dos cidadãos.
Quadro.
Laboratórios do Núcleo Regional de
Competência em Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Sergipe- NUPEG
|
Laboratório de
automação, controle e simulação (LACS)
|
Laboratório de Corrosão e
Nanotecnologia (LCNT)
|
Laboratório de
Caracterização e Processamento de Petróleo (LCPP)
|
Laboratório de Caracterização e
Processamento de Biocombustíveis (LCPB)
|
Laboratório de
Modelagem e Ciências Geológicas (LMCG)
|
Laboratório de Geologia e Geo
Engenharia de Petróleo (PROGEOLOGIA).
|
Laboratório de
Tecnologia de Cimentação de Poços (LTCP)
|
Laboratório de Tecnologia e
Monitoramento Ambiental (LTMA)
|
Fonte: NUPEG-UFS
Publicado no Jornal da Cidade, em 25/05/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário