Ricardo Lacerda
A marca mais significativa da evolução urbana de Sergipe no
período intercensitário 1991-2000 foi a intensa desaceleração do crescimento
populacional de Aracaju, resultado do deslocamento massivo de núcleos
familiares para os municípios vizinhos da área metropolitana, com destaque para
Nossa Senhora do Socorro. Outra marca do período são as mudanças dos pesos
relativos dos principais pólos urbanos do interior, com as ascensões de Itabaiana
e Lagarto, situados no agreste, e os descensos de Propriá e Estância, na zona
úmida.
Metropolização
A população da capital registrou nestes anos a menor taxa de
crescimento médio anual desde que foram iniciados os registros demográficos em
1870. A metropolização de Aracaju, iniciada na década anterior, deu mais um
passo em direção à constituição de uma aglomeração urbana densa e integrada. Os
municípios da região metropolitana continuaram a apresentar taxas de
crescimento acima da média do Estado. A participação da área metropolitana na
população estadual aumentou de 35,5%, em 1991, para 37,9% em 2000.
O número de habitantes dos quatro municípios da área metropolitana
ultrapassou 650 mil no censo demográfico de 2000. Como na década anterior, o município
de Nossa Senhora do Socorro foi o grande destaque. De forma inusitada, a
população de Aracaju cresceu em ritmo inferior ao da média estadual.
O curioso é que a população de Aracaju cresceu em ritmo inferior
também ao do interior do estado, ou seja, do que a população da área não
metropolitana, embora a diferença tenha sido relativamente pequena,
respectivamente, 14,7% e 15,3%.
A Área metropolitana, excluindo Aracaju, cresceu notáveis 67% e
passou a contar com o equivalente a quase metade da população aracajuana (46,4%),
quando em 1991 correspondia a menos de 1/3 (31,2%).
O crescimento da população
metropolitana se deveu essencialmente a implantação dos novos conjuntos
habitacionais em Nossa Senhora do Socorro, particularmente dos conjuntos Marcos
Freire e Fernando Collor.
População urbana
Ainda que o crescimento da população urbana tenha se apresentado
bem mais intenso do que o da população rural, a parcela mais expressiva da
migração campo-cidade já havia ocorrido nas quatro décadas anteriores. Entre
1991 e 2000, o aumento da participação da população urbana foi relativamente mais
modesto. A população urbana que já representava cerca de 2/3 do total, no
início da década, alcancou 71%, em 2000.
Entre os municípios que contavam com mais de 30 mil habitantes nas
áreas urbanas, Nossa Senhora do Socorro se destacou dos demais pelo intenso
crescimento no período. Em 2000, era o único município com população urbana de mais
de cem mil pessoas, além de Aracaju (ver Quadro). Entre 1991 e 2000, a população
urbana de Nossa Senhora do Socorro saltou de 67.516 para 131.279 habitantes.
Os municípios de Itabaiana e Largarto, situados no agreste, também
registraram crescimento expressivo de população urbana. Mais críticos foram os
desempenhos de tradicionais pólos urbanos da mesorregião do Leste Sergipano,
Estância e Propriá.
O município de Estância, após um periodo de intensa expansão
urbana na década anterior, desacelerou nos anos noventa, até mesmo como reflexo
da crise industrial que enfrentou (ver Quadro). Entre 1991 e 2000, a população
urbana de Estância apresentou expansão modesta, de 14,6%. Propriá, por sua vez,
apresentou crescimento da população urbana ainda mais débil, 7,4%, quando a
média estadual foi de 27%.
A evolução lenta da população urbana em Propriá foi compartilhada
com outros municípios da faixa de população urbana entre dez mil e trinta mil
habitantes, como Maruím e Capela, refletindo as dificuldades enfrentadas em
suas vocações econômicas no período. No caso de Propriá, o baixo dinamismo da
população urbana já havia sido registrado no período intercensitário anterior,
1980-1991.
A situação de Neópolis é distinta, frente ao desmembramento
territorial que sofreu em 1993 para a criação do município de Santana do São
Francisco. Na soma dos dois municípios, a população urbana se expandiu 59% no
período.
Nessa faixa de cidades entre dez mil e trinta mil habitantes no
meio urbano, Barra dos Coqueiros, localizada na área metropolitana, foi a que
registrou crescimento urbano mais elevado.
Pequenos centros
urbanos
Alguns centros urbanos de pequeno porte apresentaram taxas de
crescimento notáveis no período. Entre as cidades com mais de cinco mil e menos
de dez mil habitantes em áreas urbanas, Canindé do São Francisco e Carmopolis
apresentaram as maiores taxas de crescimento urbano (ver Quadro). Os dois
municípios já vinham apresentando ritmo acelerado de crescimento urbano desde a
década anterior, movidos, respectivamente, pela implantação da Usina
Hidroelétrica de Xingó e pela exploração de petróleo e gás em campos
terrestres.
Entre os municípios com menos de cinco mil habitantes no meio
urbano, Areia Branca e Nossa Senhora Aparecida apresentaram as maiores taxas de
crescimento urbano, mesmo que Aparecida tenha registrado queda na população
total. Dentre esses municípios de população relativamente restrita, Pirambu,
Feira Nova, Nossa Senhora de Lourdes e Moita Bonita também apresentaram
crescimento urbano muito expressivo.
Fonte IBGE.Censos demográficos. Obs: * O município de Santana do São Francisco foi criado em 1993, desmembrado de Neópolis.
Fonte IBGE.Censos demográficos. Obs: * O município de Santana do São Francisco foi criado em 1993, desmembrado de Neópolis.
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