Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 11 de maio de 2014

O crescimento urbano em Sergipe nos anos noventa



Ricardo Lacerda

A marca mais significativa da evolução urbana de Sergipe no período intercensitário 1991-2000 foi a intensa desaceleração do crescimento populacional de Aracaju, resultado do deslocamento massivo de núcleos familiares para os municípios vizinhos da área metropolitana, com destaque para Nossa Senhora do Socorro. Outra marca do período são as mudanças dos pesos relativos dos principais pólos urbanos do interior, com as ascensões de Itabaiana e Lagarto, situados no agreste, e os descensos de Propriá e Estância, na zona úmida.

Metropolização

A população da capital registrou nestes anos a menor taxa de crescimento médio anual desde que foram iniciados os registros demográficos em 1870. A metropolização de Aracaju, iniciada na década anterior, deu mais um passo em direção à constituição de uma aglomeração urbana densa e integrada. Os municípios da região metropolitana continuaram a apresentar taxas de crescimento acima da média do Estado. A participação da área metropolitana na população estadual aumentou de 35,5%, em 1991, para 37,9% em 2000.

O número de habitantes dos quatro municípios da área metropolitana ultrapassou 650 mil no censo demográfico de 2000. Como na década anterior, o município de Nossa Senhora do Socorro foi o grande destaque. De forma inusitada, a população de Aracaju cresceu em ritmo inferior ao da média estadual.

O curioso é que a população de Aracaju cresceu em ritmo inferior também ao do interior do estado, ou seja, do que a população da área não metropolitana, embora a diferença tenha sido relativamente pequena, respectivamente, 14,7% e 15,3%.

A Área metropolitana, excluindo Aracaju, cresceu notáveis 67% e passou a contar com o equivalente a quase metade da população aracajuana (46,4%), quando em 1991 correspondia a menos de 1/3 (31,2%). 

O crescimento da população metropolitana se deveu essencialmente a implantação dos novos conjuntos 
habitacionais em Nossa Senhora do Socorro, particularmente dos conjuntos Marcos Freire e Fernando Collor.

População urbana

Ainda que o crescimento da população urbana tenha se apresentado bem mais intenso do que o da população rural, a parcela mais expressiva da migração campo-cidade já havia ocorrido nas quatro décadas anteriores. Entre 1991 e 2000, o aumento da participação da população urbana foi relativamente mais modesto. A população urbana que já representava cerca de 2/3 do total, no início da década, alcancou 71%, em 2000.

Entre os municípios que contavam com mais de 30 mil habitantes nas áreas urbanas, Nossa Senhora do Socorro se destacou dos demais pelo intenso crescimento no período. Em 2000, era o único município com população urbana de mais de cem mil pessoas, além de Aracaju (ver Quadro). Entre 1991 e 2000, a população urbana de Nossa Senhora do Socorro saltou de 67.516 para 131.279 habitantes.

Os municípios de Itabaiana e Largarto, situados no agreste, também registraram crescimento expressivo de população urbana. Mais críticos foram os desempenhos de tradicionais pólos urbanos da mesorregião do Leste Sergipano, Estância e Propriá.  

O município de Estância, após um periodo de intensa expansão urbana na década anterior, desacelerou nos anos noventa, até mesmo como reflexo da crise industrial que enfrentou (ver Quadro). Entre 1991 e 2000, a população urbana de Estância apresentou expansão modesta, de 14,6%. Propriá, por sua vez, apresentou crescimento da população urbana ainda mais débil, 7,4%, quando a média estadual foi de 27%.

A evolução lenta da população urbana em Propriá foi compartilhada com outros municípios da faixa de população urbana entre dez mil e trinta mil habitantes, como Maruím e Capela, refletindo as dificuldades enfrentadas em suas vocações econômicas no período. No caso de Propriá, o baixo dinamismo da população urbana já havia sido registrado no período intercensitário anterior, 1980-1991.

A situação de Neópolis é distinta, frente ao desmembramento territorial que sofreu em 1993 para a criação do município de Santana do São Francisco. Na soma dos dois municípios, a população urbana se expandiu 59% no período.

Nessa faixa de cidades entre dez mil e trinta mil habitantes no meio urbano, Barra dos Coqueiros, localizada na área metropolitana, foi a que registrou crescimento urbano mais elevado.

Pequenos centros urbanos

Alguns centros urbanos de pequeno porte apresentaram taxas de crescimento notáveis no período. Entre as cidades com mais de cinco mil e menos de dez mil habitantes em áreas urbanas, Canindé do São Francisco e Carmopolis apresentaram as maiores taxas de crescimento urbano (ver Quadro). Os dois municípios já vinham apresentando ritmo acelerado de crescimento urbano desde a década anterior, movidos, respectivamente, pela implantação da Usina Hidroelétrica de Xingó e pela exploração de petróleo e gás em campos terrestres.

Entre os municípios com menos de cinco mil habitantes no meio urbano, Areia Branca e Nossa Senhora Aparecida apresentaram as maiores taxas de crescimento urbano, mesmo que Aparecida tenha registrado queda na população total. Dentre esses municípios de população relativamente restrita, Pirambu, Feira Nova, Nossa Senhora de Lourdes e Moita Bonita também apresentaram crescimento urbano muito expressivo.


Fonte IBGE.Censos demográficos. Obs: * O município de Santana do São Francisco foi criado em 1993, desmembrado de Neópolis.


Publicado no Jornal da Cidade em 11/05/2014

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