Ricardo Lacerda
Com a costumeira defasagem de quase dois
anos, o IBGE publicou no dia 23 de novembro as contas regionais de 2011, com os
resultados dos Produtos Internos Brutos - PIBs das regiões e das unidades da
federação.
A publicação não apresentou as taxas de
crescimento anual dos PIBs estaduais, com a justificativa que estava realizando
mudanças na metodologia para mudar o ano base da série histórica, atualmente
2002, para 2010.A instituição optou por mostrar quais estados e regiões
aumentaram, mantiveram ou diminuíram suas participações no PIB nacional, o que
implica dizer se cresceram acima ou abaixo da média do país. Como a menor
variação de participação considerada foi de 0,1 ponto, Sergipe apresentou
manutenção em seu peso no PIB brasileiro, apesar de ter crescido acima da média
nacional, como veremos mais adiante. Por esse critério, apenas Maranhão e
Paraíba no Nordeste aumentaram a participação no PIB nacional em 2011, enquanto
a Bahia perdeu peso.
Como se sabe, no ano de 2011 a economia
mundial mergulhou pela segunda vez na crise financeira iniciada em 2008 e o
Brasil passou a apresentar o quadro de baixo crescimento que vem perdurando
desde então. De lá para cá, a economia brasileira passou por forte
desaceleração em 2011,ficou prostrada em 2012 e em 2013 vem apresentando uma
trajetória de recuperação, embora débil, em torno de um comportamento errático
dos PIBs trimestrais. Em 2011, o PIB brasileiro cresceu 2,7%, depois da taxa
excepcional de 7,5% em 2010. Em 2012, o crescimento foi de 0,9% (anuncia-se uma
revisão do cálculo para 1,5%). 2013 deve fecharem 2,5%.
Sergipe
Em 2011, a soma de todas as riquezas produzidas em Sergipe alcançou R$
26,2 bilhões em valores correntes. O PIB per capita de Sergipe alcançou R$
12.536,45, mantendo a sua posição,de longos anos, de maior PIB per capita
regional, situando-se cerca de 20% acima da média regional. Região mais pobre
do país, o Nordeste apresentou PIB per capita de menos da metade da média do
país, 48,2%. Em 2003, o PIB per capita do Nordeste era ainda mais distante da
média do país 45,9%. No caso de Sergipe, esse indicador passou de 53,0% da
média brasileira, em 2003, para 58,3%, em 2011, um avanço considerável.
Fonte: IBGE- Contas regionais.
Taxas de crescimento
A elaboração das contas regionais é uma
parceria do IBGE com as secretarias estaduais de planejamento. Os resultados
referentes ao crescimento do PIB sergipano em 2011 foram publicados pelo
Observatório de Sergipe, vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e
Gestão, no link a seguir, www.seplag.se.gov.br/index.php/noticias2/2578-pib-sergipano-supera-a-media-nacional-e-cresce-3-7-em-2011.html.
O PIB sergipano cresceu 3,7% em 2011,
frente aos 2,7% da média nacional. Com esse resultado, o estado confirma a sua
trajetória recente de crescer acima da média nacional.Em sete dos nove anos do
período 2003 – 2011o PIB Sergipano cresceu acima do PIB brasileiro. Enquanto
nesse período a economia brasileira cresceu a uma taxa média de 3,9% ao ano, a
de Sergipe avançou em ritmo mais intenso, 4,6% ao ano.
Segundo o Observatório de Sergipe, o
crescimento de 3,7% foi resultado de taxas de crescimento bem distintas em
termos setoriais, com liderança do setor industrial e, dentro dele, da
atividade da construção civil (ver Gráfico 2).
As atividades industriais, no sentido
amplo, incluindo a extração mineral, a indústria de transformação, a construção
civil e os serviços industriais de utilidade pública (água e energia) cresceram
8,1% em 2011, sendo que a construção civil expandiu ao ritmo de 13,4% e a
indústria de transformação apresentou incremento de 5,8%. Na indústria de
transformação, a fabricação de alimentos e bebidas, calçados, cimento e química
foram as que mais concorreram para a expansão do setor como um todo.
Os serviços, que respondem por cerca de
2/3 da riqueza gerada no Estado, cresceram 2,2%, com destaque para o incremento
do transporte aéreo e das rendas de aluguel e os serviços imobiliários. O setor
agropecuário, castigado pela estiagem, apresentou recuo de 0,8%, vindo somente
a se recuperar no ano de 2012, como indica a Pesquisa Agrícola Municipal do
IBGE.
Com a desaceleração do crescimento da
economia nacional a partir de 2009, a redução do hiato de desenvolvimento entre
os estados mais ricos e os mais pobres, uma das características mais
interessantes do desenvolvimento regional brasileiro nos últimos dez anos,
também diminuiu de ritmo. O resultado de 2011 confirma essa tendência.
Publicado no Jornal da Cidade em 01/12/2013
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