Ricardo
Lacerda
O crescimento do PIB sergipano, desde o inicio dos anos setenta, esteve
muito associado à evolução da produção do petróleo. Os períodos mais favoráveis
na cotação internacional do produto impulsionaram as atividades de exploração, inaugurando
ciclos de crescimento da produção. A expansão da produção e o efeito renda gerado
pela elevação no preço concorreram para acelerar o crescimento do PIB sergipano
acima das médias do Brasil e do Nordeste.
Em períodos de cotação mais baixa, ou em que a Petrobras priorizou a
exploração em outras bacias petrolíferas, a produção local enfrentou
dificuldades, com efeitos negativos sobre a evolução do PIB estadual. Somente a
partir do final dos anos noventa, quando as politicas mais ativas de atração de
investimentos começaram a apresentar resultados mais significativos, com maior diversificação
do parque produtivo, e quando o setor de serviços passou a liderar a expansão
da economia é que (sublinho que trata-se apenas de uma hipótese que lanço) a
evolução do PIB sergipano passou a ter uma dependência relativamente menor da
atividade de petróleo.
A evolução
Sergipe foi protagonista de alguns dos marcos mais significativos da evolução
da exploração do petróleo no Brasil. A descoberta do campo de Carmópolis em
1963, o maior campo de terra do país, inaugurou a história do petróleo em
Sergipe. Um segundo marco fundamental foi o campo de Guaricema, em 1968,
primeiro campo marítimo do Brasil.
O período 1966-1970 é de acelerada expansão nessa etapa inicial da
história do petróleo em Sergipe. O crescimento da produção foi determinante
para que a Petrobras decidisse pela transferência, em 1969, da sede da antiga RPNE
de Maceió para Aracaju, com fortes impactos sobre a economia local.
Entre 1970 e 1973, a produção de petróleo seguiu relativamente estável,
sem apresentar crescimento mais significativo. Em 1974 a produção de petróleo do
estado alçou novo patamar. O ano marcou o inicio do período de maior produção do
estado, que se estendeu até o final da década de oitenta (ver gráfico).
A aceleração da produção e os saltos abruptos na cotação produto na
década de setenta (o barril passou de US$ 3 para US$ 11, em 1974, e de US$ 14
para US$ 31, em 1979, em valores da época, nos chamados dois choques do petróleo) impulsionaram o crescimento da
economia sergipana, que passou a apresentar as taxas mais elevadas de expansão
do PIB da região Nordeste.
O período que vai de 1974 a 1989 é o de média anual mais elevada de
produção de petróleo (ver Gráfico). A partir de 1990, a produção local iniciou
uma trajetória descendente que somente é revertida, de fato, em 2003, já no
governo do presidente Lula. Em 2007, a entrada em produção do campo de
Piranema, em águas profundas, fez aproximar os níveis de produção com aqueles
conhecidos nos anos oitenta.
Anos oitenta
Ao longo da década de 1980, a produção de petróleo de Sergipe manteve um
patamar médio muito superior ao da década seguinte. O pico da produção de
petróleo de Sergipe foi atingido em 1984, 18.530 mil barris. Nos anos
seguintes, a produção anual ficou acima de 17 milhões de barris. Mas em 1990
ela já se retrai para o patamar de 16 milhões de barris, atingindo o ponto mais
baixo em 1997, quando atingiu 12,08 milhões de barris. A produção nos anos
noventa foi 20% abaixo da década anterior.
Fonte: Seplan-SE;
Sudene; ANP.
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Com a queda na cotação internacional do barril de petróleo a partir da
segunda metade dos anos oitenta, que se acentuou na década de noventa, os
investimentos na prospecção de novos poços na bacia de Sergipe e Alagoas
inicialmente desaceleram-se e depois tornaram-se insignificantes. Os efeitos da
retração da produção e da queda de preço sobre a evolução do nível de atividade
da economia sergipana foram intensos.
Ao lado de outros fatores, concorreram para que o PIB sergipano tivesse
evoluído abaixo dos ritmos de crescimento do país e da região Nordeste nos
primeiros anos da década de noventa, depois de mais de duas décadas se
expandindo mais rapidamente do que eles.
Publicado no Jornal da Cidade em 18/08/2013
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