Ricardo
Lacerda
O IBGE informou na semana
passada que a taxa de desocupação nas regiões metropolitanas de dezembro de
2012 foi de 4,6%, a mais baixa desde o início da atual série histórica em março
de 2002. A taxa de desocupação média ao longo do ano de 2012 ficou em 5,5%,
também a menor registrada. Cabe lembrar que em 2003, antes do início do ciclo
expansivo que mudou as condições do mercado de trabalho no país, a média anual
da taxa de desocupação atingiu 12,4%, mais do que o dobro da taxa de 2012.
O que mais tem intrigado os
analistas são os resultados do mercado de trabalho nos dois últimos anos,
quando a economia desacelerou. Em 2011, enquanto o PIB cresceu 2,7% o emprego
formal aumentou 5,7%, segundo dados do Caged. Em 2012, o PIB deverá crescer em
torno de 1%, mas o emprego formal subiu 3,4%.
Em um lapso de tempo um pouco
mais longo, entre 2007 e 2012, enquanto o PIB cresceu estimados 3,6% ao ano, o
emprego formal aumentou 5,6%, crescimento quase chinês.
Descolamento
Os analistas têm buscado
explicação para esse descolamento entre o mercado de trabalho e o ritmo de
atividade da economia. Uma das explicações mais disseminadas é a de que as
atividades mais intensivas em trabalho, como aquelas que integram o setor de
serviços, têm crescido mais rapidamente do que as atividades com maior relação
capital/trabalho, como as vinculadas à indústria de transformação.
O gráfico 1, a seguir,
apresenta a taxa de crescimento médio anual do emprego formal entre 2007 e
2012, nos principais setores de atividade. É interessante perceber que mesmo os
setores com ritmo mais lento de crescimento de emprego formal (com exceção da
agricultura em que o grau de informalidade ainda é muito elevado), a taxa média
anual foi superior a 3%.
Entre os setores de peso mais
expressivo no mercado de trabalho, a indústria de transformação foi o que
registrou a menor taxa anual de crescimento do emprego no período, 3,6%. Os
grandes destaques foram a construção civil, com a notável taxa média anual de 11,1%
, e o comércio (6,6%) e os serviços
(6,1%).
Fonte: MTE- CAGED
Limites
Por um lado, essa dinâmica
tem um papel favorável no que tange à geração de emprego, por outro, ela
findaria por limitar o crescimento da economia nacional, porque as atividades
que mais têm evoluído são também aquelas de menor produtividade por trabalhador
e, portanto, com menor potencial de incremento do PIB. A partir dessa constatação, são lançadas
críticas ao modelo de crescimento dos últimos anos que teria privilegiado o
consumo em detrimento da produção.
Se essa argumentação, de
fato, faz sentido talvez alguns analistas devessem apoiar, e não criticar, as
últimas medidas adotadas para elevar a competitividade da produção industrial
frente aos importados, incluindo a redução nas taxas de juros e nas tarifas de
energia, a desoneração da folha de pagamentos e a desvalorização do câmbio. A
elevação do câmbio, de R$ 1,70 para R$ 2,00, implica em estimular a produção
frente ao consumo, e a indústria de transformação frente às atividades
comerciais e de serviço. E a redução no patamar das taxas de juros empurra o
crescimento da produção frente à expansão das atividades financeira e ao
consumo das famílias.
Se os sinais de mercado fazem
sentido, e fazem, é de se esperar que nos próximos trimestres a atividade
industrial recupere em parte o espaço cedido para as atividades de serviço e a
produção cresça mais do que o consumo. Esse ajuste, todavia, não implica em
desaceleração no ritmo de crescimento do emprego, dado que a aceleração do PIB e
seus efeitos interindustriais devem mais do que compensar as mudanças nas
proporções setoriais.
Fonte: MTE- CAGED
Um desdobramento do movimento
de descolamento da taxa de crescimento do emprego em relação ao PIB é que as
regiões mais pobres têm apresentado ritmo bem mais intenso de criação de
emprego formal. O gráfico 2 mostra que, entre 2007 e 2012, o emprego formal no
Nordeste cresceu 46%, média anual de 6,5%,
enquanto o crescimento do Brasil foi de 39%, média de 5,6%. Sergipe
apresentou o segundo maior crescimento do Nordeste, 53%, ou 7,3% ao ano, bem
acima dos resultados médios da região e do país.
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