Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A especialização relativa da economia sergipana (1)

Ricardo Lacerda

O conceito de especialização relativa procura captar quais são aquelas atividades que, comparativamente, têm um maior peso para aquele espaço determinado do que em outros, representando, assim, uma vantagem comparativa. O IBGE apresentou na semana que passou os resultados das contas regionais referentes ao ano de 2008. O Produto Interno Bruto- PIB de Sergipe alcançou, naquele ano, o montante de R$ 19,5 bilhões, equivalentes a 0,6% do total nacional e a 4,9% do PIB regional.

O PIB per capita, que representa a riqueza média gerada no ano por pessoa residente no Estado, somou R$ 9.778,96, em 2008. Sergipe manteve o 1º lugar no ranking do PIB per capita do Nordeste, seguido pelos estados da Bahia e de Pernambuco. O diferencial do PIB per capita de Sergipe em relação aos demais estados da região é muito significativo. Esse indicador, em 2008, se situou 30,6% acima dos R$ 7.487,55 anuais por habitantes da média regional.

Em relação aos R$ 8.378,41 da Bahia, o segundo da região, o PIB per capita de Sergipe era 16,7% superior. O PIB per capita de Sergipe ficou em 39% e o do Nordeste, em 53%, abaixo da média nacional, revelando o quanto é ainda necessário caminhar para reduzir as disparidades de renda no território brasileiro.

As especializações

As contas regionais permitem, também, medir a participação dos setores na riqueza e, assim, conhecer as especializações produtivas das unidades da federação. Em 2008, o setor agropecuário representou tão somente 5,9% do Valor Adicionado Bruto- VAB, conceito próximo ao do PIB, da economia brasileira. Essa baixa participação não diminui a importância da agropecuária no desenvolvimento do Brasil, posto que uma parcela expressiva da produção industrial utiliza como matéria-prima recursos provenientes da agricultura, mas a agregação trazida pela transformação desses produtos é caracterizada como riqueza industrial.

O setor industrial participou, em 2008, com 27,9% do PIB nacional e um amplo setor caracterizado como de serviços, abrangendo desde serviços financeiros, serviços pessoais, administração pública, saúde, educação, turismo e outras atividades, respondeu por cerca de 2/3 do total (66,2%).

Sergipe Industrial

Uma característica importante da economia sergipana é o elevado peso do setor industrial no sentido amplo, abrangendo a indústria extrativa mineral, a indústria de transformação, os serviços industriais de energia, gás e água, e a construção civil na geração do Valor Adicionado Bruto. Em 2008, essa participação atingiu 33% do total, a quinta maior porcentagem entre os estados brasileiros e um patamar bem superior ao da média nacional, de 27,9%. (Ver gráfico). O peso do setor industrial na economia sergipana é o mais elevado do Nordeste, situando-se cinco pontos percentuais acima do da Bahia, o segundo estado da região nesse quesito, e oito pp em relação ao Rio Grande do Norte, o terceiro lugar.


Fonte: IBGE- Contas Regionais

Participação tão expressiva do setor industrial na riqueza gerada em Sergipe deve-se, essencialmente, à presença de dois subsetores que têm peso muito maior no Estado do que na média do Brasil e, em particular, do que nos demais estados nordestinos: a indústria extrativa mineral, que conta com a produção de petróleo e gás e a extração de sais de potássio, e a produção e distribuição de energia, em que se inclui a Usina Hidroelétrica de Xingó. (Ver tabela).


Fonte: IBGE- Contas Regionais

Os Índices

A última coluna da tabela apresenta o Índice de Especialização Relativa da economia sergipana, em 2008. Em todos os setores e subsetores cujos índices são maiores do que 1, a participação da atividade na economia sergipana é maior do que na média nacional. Esse indicador mostra que as mais fortes especializações sergipanas, em 2008, eram na indústria extrativa mineral (3,02), na produção e distribuição de energia elétrica (2,51), na administração pública (1,55), a exemplo da maioria dos estados do Norte e do Nordeste, e na construção civil (1,31). No próximo artigo, detalharemos a natureza da especialização nas principais atividades e procuraremos entender suas implicações para o desenvolvimento de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade, em 21/11/2010

Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário