Nos últimos 12 meses concluídos em julho de 2010, o volume de vendas do comércio varejista de Sergipe aumentou 14,21%, na comparação com os 12 meses anteriores. Foi o quinto maior crescimento no Brasil nesse período e o primeiro do Nordeste. A expansão média do volume de vendas do varejo brasileiro, nesse período, também foi muito expressiva, 9,65%. A receita nominal do comércio varejista de Sergipe cresceu simplesmente 18,01% nesses 12 meses, o quarto maior do Brasil e, novamente, o maior do Nordeste. Os dados são provenientes da Pesquisa Mensal de Comércio – PMC, do IBGE, que realiza o levantamento em 9.000 empresas comerciais em todo o Brasil, entre os empreendimentos com vinte ou mais pessoas ocupadas.
As elevadas taxas de crescimento do consumo no mercado interno têm sido um dos principais fatores que explicam o robusto crescimento brasileiro em 2010, quando muitas das economias centrais ainda estão imersas nas dificuldades geradas pela crise financeira internacional que completou dois anos nesse mês de setembro.
O incremento do emprego e a expansão do consumo se alimentam mutuamente. Nos últimos 12 meses foram gerados dois milhões e duzentos e sessenta e nove mil empregos formais na economia brasileira, o melhor resultado já obtido desde o inicio da série estatística do Caged-MTE, representando um incremento de 6,9%. Em Sergipe, foram criados 20.430 novos empregos com carteira assinada, também um montante recorde, correspondendo a uma taxa de crescimento de 8,94%.
Mercados regionais
A pesquisa do IBGE revela que nos últimos 12 meses os incrementos mais expressivos no comércio varejista ocorreram nos estados da região Norte e da Região Nordeste. Entre os dez maiores crescimento no volume de vendas no período, cinco foram de estados da região Norte, três da região Nordeste, um do Centro-Oeste e um do Sul. (Ver gráfico 1). Da região Sudeste, a mais rica do país, nenhum estado. Naquela região, a taxa de crescimento do varejo mais elevada nos últimos 12 meses foi a de São Paulo, 10,19%, a 15º do país.
Fonte: PMC-IBGE
Além do incremento do emprego e da massa salarial, um outro fator fundamental na expansão do mercado interno tem sido a evolução do crédito. A relação entre operações de crédito e o Produto Interno Bruto continuou se expandindo no período mais recente. Em julho de 2010, o saldo de operações de crédito do sistema financeiro nacional representava 45,9% do PIB nacional, frente a 42,8% em julho de 2009 e 37,9%, em julho de 2008. Em julho de 2001, correspondia a 25,8% do PIB.
O consumo de bens duráveis, como geladeira, fogão, móveis, computador e celular, é fortemente influenciado pelo acesso e pelo custo do crédito ao consumidor. Os dados sobre operações de crédito à pessoa física são elucidativos em relação às diferentes trajetórias de consumo entre as regiões brasileiras. O saldo médio mensal das operações de crédito para pessoas físicas, entre julho de 2009 e junho de 2010, alcançou R$ 3,2 milhões na economia sergipana, frente a R$ 2,4 milhões nos doze meses anteriores, o que significa um crescimento nominal de 34%. Na mesma comparação, o saldo de operações de crédito de pessoas físicas subiu 27% no Nordeste e 21% na região Sudeste. (Ver gráfico 2)
Fonte: Banco Central
A evolução do mercado interno de consumo tem sido uma das forças propulsoras da economia brasileira no ciclo de expansão recente. O crescimento das vendas no varejo acima da velocidade de expansão do PIB confirma essa tendência. As regiões mais pobres do país vêm liderando esse crescimento. A melhoria da renda e do emprego e o crescimento mais acelerado do crédito nesses mercados refletem e reforçam a melhoria da qualidade de vida nessas regiões.
* Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.
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