Um dos aspectos mais notáveis do ciclo expansivo recente da economia brasileira tem sido a sua capacidade de gerar empregos formais e de estreitar a taxa de desocupação no mercado de trabalho. Apenas nos seis primeiros meses de 2010 já foram criados, em termos líquidos, 1.473.320 empregos com carteira de trabalho no Brasil, resultado recorde para o 1º semestre. A ampliação do emprego e da ocupação tem um significado muito grande na melhoria da qualidade de vida do brasileiro, o que nem sempre é destacado pelos analistas quepreferem ressaltar os benefícios dos programas de transferência de renda, também importantes, sobretudo para os segmentos mais necessitados.
A geração de emprego e de ocupação é conseqüência, mas é, também, causa do crescimento econômico, reforçando o ciclo expansivo à medidaque expande a massa de salário e outros rendimentos e estimula a realização de novos investimentos voltados para a ampliação da produção.
A taxa de desocupação
O IBGE tornou pública na última quinta-feira a taxa de desocupação das regiões metropolitanas em junho de 2010, que alcançou 7,0%, a menor taxa para aquele mês desde o início da série histórica em 2002. A contínua queda da taxa de desocupaçãotem sido um dos aspectos mais saudáveis do ciclo de crescimento da economia brasileirainiciado ao final de 2003, que mesmo a crise financeira internacional não conseguiu reverter.
No gráfico 1 estão apresentadas as curvas anuais das taxas de desocupações das regiões metropolitanas brasileiras pesquisadas pelo IBGE no período 2002-2010. Salta aos olhos os deslocamentos para baixo dessas curvas, iniciados ainda no ano de 2004.
Em junho de 2002, a taxa de desocupação da economia brasileira se situava em 11,6%, um patamar muito elevado que correspondia ao baixo crescimento da economia brasileira dos últimos anos. Após um período marcado pela desconfiança em relação ao novo governo, em 2003, a economia brasileira iniciou um ciclo de forte crescimento econômico que impactou positivamente as taxas de desocupação, que passou a se retrair ano a ano. Ver gráfico 1.
Depois de atingir 13%, em junho de 2003, a taxa de desocupação retornou ao patamar anterior, em 2004, (11,7%), e assumiu uma trajetória de queda que se acentuou nos anos mais recentes, até atingir 7,8%, em junho de 2008, e os referidos 7,0%, em junho de 2010. Mesmo no ano de 2009, marcado pelos rescaldos da crise financeira, após se manter em patamar mais elevado frente ao ano de 2008 no primeiro semestre, a taxa de desocupação voltou, no segundo semestre de 2009, aos níveis de 2008. A curva de 2010, tem se mantido notavelmente abaixo dos anos anteriores.
Sergipe
O emprego em Sergipe tem se expandido em ritmo surpreendente. Apenas nos primeiros seis meses de 2010 foram criados, em termos líquidos, 6.167 postos de trabalho com carteira assinada. Nos últimos 12 meses, de julho de 2009 a junho de 2010, foram gerados 18.860 empregos formais, muito acima de qualquer resultado anterior.
Na verdade, o crescimento do emprego formal nesses 12 meses na economia sergipana atingiu a taxa de 8,4%, quando a média brasileira no período foi de 6,7%, fazendo com Sergipe apresentasse a quinta maior taxa de crescimento do emprego formal do país nesse período.
O mais surpreendente, todavia, foi o resultado do emprego na indústria de transformação de Sergipe nos últimos 12 meses, que registrou taxa de crescimento de 12,42%, muito acima da media nacional, de 7,56%, e a mais alta dentre as apresentadas pelos estados brasileiros no período.
Ricardo Lacerda
Professor do Departamento de Economia da UFS.
** Publicado no Jornal da Cidade em 25 de julho de 2010.
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