Ricardo Lacerda
Novo patamar
Nos dias 23 e 24 de novembro, a Fundação Joaquim Nabuco realizou, em Recife, o XIII Simpósio ObservaNordeste, com a temática que dá título ao presente artigo, para debater sobre as transformações econômico-sociais e políticas do Nordeste na primeira década do novo século.
O objetivo do simpósio foi o de reunir estudiosos e pesquisadores dos estados da região para fazer um balanço das mudanças econômicas, sociais e políticas no Nordeste, no âmbito do ciclo de transformações recentes e avaliar os limites e os desafios para a segunda década do século XXI.
A questão mobilizadora dos debates era como a região Nordeste, que vem se constituindo em uma das fronteiras do crescimento brasileiro, poderia potencializar a fase positiva recente para alcançar novos patamares de desenvolvimento. O Nordeste obteve taxas de crescimento econômico acima da média brasileira na primeira década do século, impulsionadas pelo impacto maior na região da elevação do poder de compra da chamada classe C, das políticas de transferências de renda e dos investimentos estruturantes realizados.
Pairava entre os pesquisadores certa inquietação sobre a estratégia que a presidente Dilma, que não tem a mesma identificação que demonstrou ex-presidente Lula com a região, adotaria para o desenvolvimento do Nordeste, e se seria dada continuidade a prioridade que ela contou nos últimos oito anos.
No governo anterior, duas linhas de atuação concorreram para impulsionar o crescimento econômico do Nordeste: Em primeiro lugar, o conjunto das políticas públicas com forte viés social que, mesmo sem ter orientação para o desenvolvimento regional, findaram por incidir muito mais intensamente nas áreas mais pobres. A transferência de recursos originários dessa política, ao lado de outras medidas que elevaram o poder de compra das parcelas da população de menor renda, como os aumentos reais do salário mínimo e a expansão do crédito, ampliaram o mercado de consumo da região com importantes reflexos em termos de geração de emprego.