Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

domingo, 25 de agosto de 2013

O dólar e o PIB



                                                                                                                   Ricardo Lacerda

A elevação da cotação do dólar nas últimas semanas reflete a anunciada, ainda não implementada, reversão da política monetária expansionista do banco central americano.  

A chamada facilitação quantitativa, que se encontra em sua terceira versão, injeta mensalmente até 85 bilhões dólares na economia americana por meio de aquisição de títulos públicos. Os sinais mais concretos de que a economia americana vem se recuperando nos últimos trimestres, ainda que em ritmo moderado, foi o sinal para que o Federal Reserve comunicasse que esse poderoso estímulo monetário deverá ser gradualmente retirado. A simples expectativa sobre os efeitos de sua progressiva desativação sobre as taxas de juros vem causando, literalmente, uma revolução nos mercados de câmbio em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Na semana passada, a moeda norte-americana chegou a ser cotada em R$ 2,45 quando a cotação média mensal em maio foi de R$ 2,03 (ver Gráfico 1). A cada novo salto, especialistas ajustam apressadamente suas previsões para o suposto novo ponto de equilíbrio; há um mês falava-se em R$ 2,40, na semana passada, alguns estipulavam R$ 2,70, mas, de fato, ninguém tem uma ideia mais sólida sobre o patamar em que vai estacionar.


Fonte: Banco Central do Brasil


Retomada

Mais difícil é avaliar os impactos da reversão da expansão monetária nos EUA sobre a evolução do PIB dos países emergentes e, especificamente, sobre o PIB brasileiro.  Desde o terceiro trimestre de 2012, o nível de atividade da economia brasileira, apesar de oscilações de alguns indicadores mensais, vem apresentando uma série consistente de crescimento, mesmo com aceleração bastante moderada, como é o caso da evolução do PIB trimestral, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. 

A publicação do resultado do PIB do segundo trimestre de 2012, no próximo dia 30, deverá confirmar essa tendência de lenta recuperação que, frente ao quadro muito difícil da economia mundial, é ainda um resultado positivo. 

A evolução trimestral do IBC-BR, indicador do nível de atividade do Banco Central, já apresentava taxa de 4% no segundo trimestre de 2013, frente ao mesmo trimestre do ano anterior (ver Gráfico 2).



Fonte: Banco Central do Brasil

A questão central que vem guiando as expectativas, melhor dizendo, as ansiedades, nas últimas semanas é se a elevação na cotação do dólar vai ser mais uma peça entre os fatores que podem se contrapor à modesta e já muito arrastada recuperação do nível de atividade interna.   Não há como negar que essa nova rodada de desvalorização do real frente ao dólar, iniciada em junho, adiciona graus de incerteza sobre a velocidade da retomada do crescimento.  

Não deixa de parecer paradoxal que um fato extremamente positivo para a recuperação da economia mundial, como a confirmação de que os Estados Unidos, a muito custo, vem superando o período de extremas dificuldades que vem se arrastando por sete anos, pode disseminar efeitos desestabilizadores sobre outros países.
Câmbio

O aparente paradoxo decorre de dois efeitos, com sinais opostos, que são propagados pela progressiva e moderada recuperação da economia americana, um sobre os juros e outro sobre a demanda.
Enquanto os estímulos de sua retomada sobre a economia mundial somente se farão sentir à medida em que o crescimento econômico impacte positivamente os fluxos comerciais, os efeitos financeiros e cambiais são imediatos e  têm potencial de desorganizar as economias dos países mais dependentes de afluxos de capitais externos para fechar o balanço de pagamento.

Há ainda o impacto da desvalorização do câmbio sobre os preços que, no caso particular do Brasil, poderia levar o Banco Central a prolongar o ciclo de elevação das taxas de juros, com efeitos negativos sobre o nível de atividade, embora seja razoável ponderar que os sinais mais recentes de esfriamento do consumo, podem (ou não) atenuar a capacidade das empresas de repassarem para preço aumentos de custos provenientes da desvalorização cambial.

Depois do tranco inicial, a desvalorização do câmbio trará efeitos muito benéficos para a economia brasileira, ajustando o nível de consumo à renda nacional, e, por outro lado, impulsionando a produção interna frente ao consumo de importados, com efeitos muitos positivos sobre a sustentabilidade do crescimento econômico no médio prazo. 

Publicado no Jornal da Cidade em 25/08/2013





domingo, 18 de agosto de 2013

A produção de petróleo em Sergipe nos anos oitenta


                                                                                                                    Ricardo Lacerda


O crescimento do PIB sergipano, desde o inicio dos anos setenta, esteve muito associado à evolução da produção do petróleo. Os períodos mais favoráveis na cotação internacional do produto impulsionaram as atividades de exploração, inaugurando ciclos de crescimento da produção. A expansão da produção e o efeito renda gerado pela elevação no preço concorreram para acelerar o crescimento do PIB sergipano acima das médias do Brasil e do Nordeste.

Em períodos de cotação mais baixa, ou em que a Petrobras priorizou a exploração em outras bacias petrolíferas, a produção local enfrentou dificuldades, com efeitos negativos sobre a evolução do PIB estadual. Somente a partir do final dos anos noventa, quando as politicas mais ativas de atração de investimentos começaram a apresentar resultados mais significativos, com maior diversificação do parque produtivo, e quando o setor de serviços passou a liderar a expansão da economia é que (sublinho que trata-se apenas de uma hipótese que lanço) a evolução do PIB sergipano passou a ter uma dependência relativamente menor da atividade de petróleo.

A evolução

Sergipe foi protagonista de alguns dos marcos mais significativos da evolução da exploração do petróleo no Brasil. A descoberta do campo de Carmópolis em 1963, o maior campo de terra do país, inaugurou a história do petróleo em Sergipe. Um segundo marco fundamental foi o campo de Guaricema, em 1968, primeiro campo marítimo do Brasil.

O período 1966-1970 é de acelerada expansão nessa etapa inicial da história do petróleo em Sergipe. O crescimento da produção foi determinante para que a Petrobras decidisse pela transferência, em 1969, da sede da antiga RPNE de Maceió para Aracaju, com fortes impactos sobre a economia local.

Entre 1970 e 1973, a produção de petróleo seguiu relativamente estável, sem apresentar crescimento mais significativo. Em 1974 a produção de petróleo do estado alçou novo patamar. O ano marcou o inicio do período de maior produção do estado, que se estendeu até o final da década de oitenta (ver gráfico).

A aceleração da produção e os saltos abruptos na cotação produto na década de setenta (o barril passou de US$ 3 para US$ 11, em 1974, e de US$ 14 para US$ 31, em 1979, em valores da época, nos chamados dois choques do petróleo) impulsionaram o crescimento da economia sergipana, que passou a apresentar as taxas mais elevadas de expansão do PIB da região Nordeste.

O período que vai de 1974 a 1989 é o de média anual mais elevada de produção de petróleo (ver Gráfico). A partir de 1990, a produção local iniciou uma trajetória descendente que somente é revertida, de fato, em 2003, já no governo do presidente Lula. Em 2007, a entrada em produção do campo de Piranema, em águas profundas, fez aproximar os níveis de produção com aqueles conhecidos nos anos oitenta.


Anos oitenta


Ao longo da década de 1980, a produção de petróleo de Sergipe manteve um patamar médio muito superior ao da década seguinte. O pico da produção de petróleo de Sergipe foi atingido em 1984, 18.530 mil barris. Nos anos seguintes, a produção anual ficou acima de 17 milhões de barris. Mas em 1990 ela já se retrai para o patamar de 16 milhões de barris, atingindo o ponto mais baixo em 1997, quando atingiu 12,08 milhões de barris. A produção nos anos noventa foi 20% abaixo da década anterior.



Fonte: Seplan-SE; Sudene; ANP.

Com a queda na cotação internacional do barril de petróleo a partir da segunda metade dos anos oitenta, que se acentuou na década de noventa, os investimentos na prospecção de novos poços na bacia de Sergipe e Alagoas inicialmente desaceleram-se e depois tornaram-se insignificantes. Os efeitos da retração da produção e da queda de preço sobre a evolução do nível de atividade da economia sergipana foram intensos.

Ao lado de outros fatores, concorreram para que o PIB sergipano tivesse evoluído abaixo dos ritmos de crescimento do país e da região Nordeste nos primeiros anos da década de noventa, depois de mais de duas décadas se expandindo mais rapidamente do que eles.


 Publicado no Jornal da Cidade em 18/08/2013

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O IBC-BR, indicador coincidente do PIB, cresce 4,0% na comparação do 2º trimestre de 2013 com o mesmo trimestre do ano anterior.

15 de agosto de 2013 às 09:09
IBC-BR, indicador coincidente do PIB, mostrou crescimento de 0,9% no segundo trimestre. Em termos anualizados, equivale a 3,6%. https://www.bcb.gov.br/pec/Indeco/Port/ie1-54.xls …

Na comparação do 2º trimestre de 2013 com o 2º trimestre de 2012 (na série observada), o crescimento do IBC-BR atingiu simplesmente 4,0%.Não chega a ser um Pibão, mas é um belo resultado.


ver serie abaixo

Fonte: Banco Central do Brasil.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A dimensão educação do IDHM em Sergipe


                                                                                                                   Ricardo Lacerda

A construção do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) de 2010 exigiu que a equipe de técnicos do PNUD Brasil, IPEA e Fundação João Pinheiro fizesse escolhas metodológicas para definir os indicadores mais adequados para avaliar as dimensões longevidade, educação e renda, levando em conta a disponibilidade de informações em escala municipal. 

A rigor, não é possível comparar as dimensões entre si, inferindo que o valor do índice de um município específico em tal dimensão foi melhor ou pior do que em outra dimensão, a não ser no sentido relativo de que ficou mais bem posicionado em relação aos demais munícipios em uma dimensão do que nas outras duas. Mesmo porque a forma de construir o índice diferiu significativamente entre as dimensões.

A dimensão renda conta apenas com um indicador, a renda per capita familiar, assim como a dimensão saúde, a expectativa de vida. Nos dois casos, o índice resultou da comparação do valor observado nos municípios com valores mínimos e máximos estabelecidos.

A dimensão educação é composta por dois subíndices: a escolaridade da população dos municípios, calculada com base na porcentagem de pessoas de 18 anos ou mais que haviam completado o ensino fundamental, e o fluxo escolar, esse último sendo utilizado como uma medida da defasagem média entre a idade dos alunos e a série que estão cursando. Nesses casos, obviamente, não são arbitrados valores mínimos e máximos, que variam de 0% a 100%. O que se arbitrou foram os pesos dos subíndices. Ainda assim, há uma percepção geral de que a educação é a dimensão mais frágil do desenvolvimento no Brasil.


Dimensões

Considerando as observações feitas acima, apresentam-se a seguir as evoluções dos índices setoriais do IDHM de Sergipe entre 1991 e 2010.

O IDHM de Sergipe, como já referido no artigo da semana passada, passou de 0,408, em 1991, para 0,518, em 2000, e alcançou 0,665, em 2010, caracterizando o estado como sendo de médio desenvolvimento humano, quando em 1991 se situaria como de muito baixo desenvolvimento humano (Ver Tabela).
Tabela. Sergipe. IDHM e seus componentes. 1991-2000-2010
Índices e Subíndices
1991
2000
2010
Variação
1991-2010
 IDHM
        0,408
        0,518
        0,665
63,0%
IDMH Renda
        0,552
        0,596
        0,672
21,7%
·         Renda mensal per capita (R$)
   247,780
   326,670
   523,530
111,3%
IDHM Longevidade
        0,581
        0,678
        0,781
34,4%
·         Esperança de vida ao nascer (anos)
     59,83
     65,66
     71,84
20,1%
IDHM Educação
        0,211
        0,343
        0,560
165,4%

 Subíndice: Escolaridade da população adulta
        0,220
        0,300
        0,460
109,1%
·         População com 18 anos de idade ou mais que concluiu o     ensino fundamental (%)
22,76
29,99
46,89
106,0%
 Subíndice: Fluxo  escolar da população jovem
        0,200
        0,360
        0,610
205,0%
·         População de 5 a 6 anos de idade frequentando a escola (%)
45,08
79,59
94,63
109,9%
·         População de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental(%)
18,54
36,4
79,63
329,5%
·         População de 15 a 17 anos de idade com ensino fundamental completo (%)
10,16
18,88
40,14
295,1%
·         População de 18 a 20 anos de idade com o ensino médio completo (%)
7,26
11,36
30,55
320,8%
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. A partir de elaboração do Observatório de Sergipe. SUPES/SEPLAG


O índice de renda tomou por base a evolução da renda domiciliar per capita, atualizada para valores  de agosto de 2010. Esse rendimento teve incremento de 111,3%, entre 1991 e 2010, fazendo com que o IDHM- renda alcançasse 0,672, considerado médio, mas já aproximando do estrato de alto desenvolvimento, cujo limite inferior é 0,700. Os ganhos em longevidade foram muito significativos, fazendo com que o IDHM- Longevidade alcançasse 0,781, em 2010, quando em 1991 era de 0,581.


IDHM- Educação

Entre as três dimensões consideradas, a educação é, ao mesmo tempo, aquela que apresentou evolução mais rápida e a que as carências são maiores, notadamente nos estados da região Nordeste. O gráfico do IDHM-Educação resume a evolução da dimensão nos estados da região entre 1991 e 2010. As melhorias são evidentes e significativas.



 Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

A análise dos subíndices e dos indicadores propicia um melhor entendimento dos avanços que foram promovidos, tanto no que se refere ao aumento da escolaridade, quanto na redução da defasagem idade-série, ao tempo que serve de alerta para a necessidade de elevar a situação escolar da população de adolescentes. A dimensão da educação é avaliada com base na escolaridade e no “atraso” das crianças e jovens em relação ás series que deveriam estar cursando, a chamada defasagem idade-série.

A proporção da população de 18 anos ou mais que concluiu o ensino fundamental é ainda muito baixa, 48%, cerca de uma em cada duas pessoas nessa faixa etária.  Em 2000, era menos de uma em cada três pessoas, em 1991, apenas quase uma em cada quatro pessoas possuía fundamental completo.

Examinando a população de 18 a 25 anos, o índice é significativamente melhor do que para a ampla faixa de 18 anos ou mais. Cerca de dois em cada três jovens (64,5%), nessa faixa de 18 a 25 anos, contava com fundamental completo em 2010, o que mostra que a geração atual de jovens apresenta uma escolaridade bem acima de gerações anteriores. Em 1991, eram apenas 26,6%. Mesmo com a melhoria significativa, o indicador mostra o quanto são imprescindíveis os programas de educação de jovens e adultos.  Em relação ao fluxo escolar, os ganhos também foram muito expressivos, mas a defasagem se encontra ainda em patamar muito elevado.

A publicação do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 veio confirmar os avanços alcançados nas últimas duas décadas, nas três dimensões consideradas. Serviu também para alertar a sociedade sobre as profundas carências na área educacional que a coloca como o principal desafio no atual estágio de desenvolvimento humano do país.

Publicado no Jornal da Cidade, 11 de agosto de 2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A evolução do IDHM de Sergipe



                                                                                                                   Ricardo Lacerda


O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicou na semana passada o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. A publicação, fruto de parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro, apresenta os Índices de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM), com dados de 2010.

Além do relatório com os principais resultados, foi elaborada uma plataforma eletrônica amigável que permite consultar o IDHM de 5.565 municípios brasileiros. A publicação, que pode ser acessada no link http://www.atlasbrasil.org.br/2013/consulta, disponibiliza, inclusive, uma ferramenta amigável para elaboração de mapas temáticos, com informações sobre as três dimensões que compõem o IDHM: o IDHM Educação, o IDHM Longevidade e o IDHM Renda, e ainda mais outros importantes indicadores.

A ferramenta permite, inclusive, compor mapas e tabelas comparativas entre os resultados de 1991, 2000 e 2010, como a figura apresentada, que foi elaborada pelo Observatório de Sergipe, da SUPES/SEPLAG.

IDHM

Como já dissemos em outra oportunidade, a simplicidade do IDH é sua força e a sua fraqueza, ao mesmo tempo. Não é difícil encontrar lacunas na composição do índice. Certamente, muitas outras variáveis poderiam ser também levadas em conta.

O mérito do IDH, como explicita o relatório, é o de buscar reunir, de forma simplificada que permite comparação entre as mais diversas localidades, “três dos requisitos mais importantes para a expansão das liberdades das pessoas: a oportunidade de se levar uma vida longa e saudável – saúde –, ter acesso ao conhecimento – educação – e poder desfrutar de um padrão de vida digno – renda”.  

Os resultados apresentados pelo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 podem ser visto sob duas perspectivas: de um lado mostra o quanto cada um dos municípios brasileiros avançou nessas três dimensões nos últimos 19 anos; de outro, indica o tamanho dos desafios a serem enfrentados em cada uma dessas três áreas.

Mesmo considerando a amplitude das carências que o país terá de enfrentar e superar, os avanços foram notórios e as políticas adotadas no Brasil para promovê-los têm servido de exemplo para outros países em desenvolvimento.

A primeira medição, feita com base no censo demográfico de 1991, mostrou um país de muito baixo desenvolvimento humano, IDHM de 0,496. A medição com dados de 2000 revelou alguns progressos: o IDHM passou para 0,612, correspondente à situação de médio desenvolvimento humano.  O resultado de 2010, IDHM de 0,727, entretanto, já o caracteriza como sendo de alto desenvolvimento humano.


Sergipe

Entre 1991 e 2010, o IDHM do Brasil apresentou crescimento de 47,8%. Uma característica especialmente interessante, que está presente na evolução do índice, é a de que ele avançou em ritmo mais intenso nas regiões mais pobres do país, como o Nordeste e o Norte, onde as carências são muito mais acentuadas, do que nas regiões mais ricas.

O IDHM de Sergipe cresceu 63% entre 1991 e 2010. Em 1991, ele foi de 0,408, no estrato de muito baixo desenvolvimento humano. Na medição com os dados de 2000, o índice alcançou 0,518, saindo da faixa de muito baixo desenvolvimento humano e passando para a de baixo de desenvolvimento humano. Em 2010, o IDHM de Sergipe atingiu 0,665, caracterizando o estado como sendo de médio desenvolvimento humano.   

Território

O mapa ilustra a evolução do índice no território sergipano. Em 1991, todos os municípios sergipanos, com a única exceção de Aracaju, eram caracterizados como de muito baixo desenvolvimento.

Em 2000, Aracaju aparece como de médio desenvolvimento humano, enquanto os demais municípios da região metropolitana (Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão), Propriá e Cedro, no norte do estado, e Carmópolis deixam a condição de muito baixo desenvolvimento humano e passam para a de baixo desenvolvimento humano e todos os demais permanecem na situação de muito baixo desenvolvimento humano, ainda que os índices tenham evoluído no período.

A medição de 2010 mostra uma situação bem diferenciada, em que mais nenhum município do estado se caracteriza como de muito baixo desenvolvimento e uma grande mancha de municípios de médio desenvolvimento humano se espraia no território, quando dez anos antes identificava-se apenas Aracaju.







­­­­Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013

Contaram para a melhoria nas três dimensões avaliadas o progresso material do país nas últimas duas décadas e a implementação de um amplo espectro de políticas públicas, nem sempre bem quistas por algumas das parcelas de população que delas não precisam usufruir, que se mostraram claramente exitosas para retirar da situação de pobreza extrema milhões de brasileiros.

Uma análise mais focalizada nos indicadores que compõem as três dimensões do IDHM permite identificar fortes debilidades que persistem, notadamente na dimensão educação.

Sob a perspectiva dos desafios a serem enfrentados, é importante que os resultados alcançados não sejam recebidos como motivo de regozijo, mesmo porque carências e injustiças são percebidas, cotidianamente, a olho nu. As conquistas resultam, sim, de escolhas feitas pela sociedade brasileira em sua determinação de resgatar grandes contingentes populacionais da situação de pobreza e de promover um desenvolvimento mais equilibrado em termos territorial e social.  


Publicado no Jornal da Cidade, em 04 de agosto de 2013