Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Evolução do IDH-M dos municípios sergipanos entre 1991 e 2010

Evolução do IDH-M dos municípios sergipanos entre 1991 e 2010

Faixas:

  • Até 0,499: Muito baixo desenvolvimento, em vermelho.
  • 0,500 -   0,599: Baixo desenvolvimento, em laranja.
  • 0,600 -  0,699: Médio desenvolvimento, em amarelo.
  • 0,700 - 0,799: Alto desenvolvimento, em verde.
  • 0,800 ou mais: Muito alto desenvolvimento, em azul





Ver matéria da Agência Sergipana de Noticias (ASN) abaixo:

http://www.agencia.se.gov.br/noticias/leitura/materia:34446/indice_de_desenvolvimento_humano_de_sergipe_cresceu_mais_de_62.html


Aracaju, 31 de Julho de 2013| 14:39
Índice de Desenvolvimento Humano de Sergipe cresceu mais de 62%
Estatística das Nações Unidas aponta desenvolvimento marcante dos municípios sergipanos. Estudo demonstra evolução de 1991 a 2010
mento Humano Municipal

As constatações apontadas no Atlas de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) 2013, publicado na última segunda-feira, 29, demonstram um patamar de evolução sem precedentes nos municípios sergipanos nos indicadores avaliados que contemplam, sobretudo, três dimensões: renda, educação e longevidade. O estudo é fruto de uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil (PNUD) e do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). A análise dos dados aponta que a evolução do Índice de Desenvolvimento em Sergipe cresceu (no período da pesquisa que contempla 1991, 2000 e 2010 onde ocorreram os censos do IBGE) bem mais que a média nacional.

Outro fato importante obtido no estudo vem da análise do desenvolvimento dos municípios fora da área metropolitana, justamente um dos focos principais da atual administração. 

Evolução

De acordo com o Mestre em Economia, Ricardo Lacerda, que é professor do Departamento de Economia da UFS e assessor econômico do Governo do Estado, ao se realizar uma observação detalhada dos aspectos pontuados no atlas, verifica-se que, em alguns aspectos relevantes, a exemplo do crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde Sergipe cresceu mais do que a média nacional. “O IDH de Sergipe cresceu 62%, de 1991 a 2010, bem mais do que o do Brasil, cuja média de crescimento foi de 47%. Um crescimento notável e abrangente que também envolveu a dimensão renda, longevidade e na educação. Isso mostra que, mesmo considerando que há muitas carências a solucionar, Sergipe vem evoluindo muito mais rapidamente do que o Brasil”, salientou o economista ao se debruçar sobre a representação dos indicadores.

O estudo demonstra que Sergipe saiu da faixa de desenvolvimento muito baixo (0,000-0,499) para a faixa de médio desenvolvimento (0,600-,0699), redundando num avanço de 63% em vinte anos. Na avaliação particular de Aracaju, a capital, o estudo mostra que de 1991 a 2012, evoluímos no IDH e superamos cidades como Maceió (AL), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), nos aproximando da metrópole regional, Recife (PE), onde Aracaju alcançou o índice de 0,770 e a capital pernambucana 0,772. “Demos um salto de 1991 para 2010, saindo da sexta colocação para a segunda, e deixando para trás capitais como Natal, Salvador, São Luís, João Pessoa e Fortaleza, e nos encostando em Recife, que vem passando por todo um processo revolucionário de desenvolvimento, sobretudo a partir do complexo de Suape”, ressaltou Ricardo Lacerda.

Ainda de acordo com o economista, é importante observar que o crescimento notável da região Nordeste é um elemento de equilíbrio para o conjunto do país, uma vez que havia, durante décadas, a observação de uma defasagem da região em relação aos estados do Sul e Sudeste. “Este é um elemento de equilíbrio fundamental para a correção destas distorções, já que as desigualdades no Brasil ainda são muito grandes”, afirma.

Vida e Saúde

No aspecto longevidade, que aponta para a expectativa de vida nos municípios, Sergipe é o sexto colocado no Nordeste, representando um avanço de 34% em 20 anos, e apontando para uma evolução de quatro anos a mais na expectativa de vida de 2000 a 2010. “Mesmo ainda recebendo críticas, os sistemas e programas de saúde redundaram em uma melhoria dos índices, representado pelo aumento da expectativa de vida dos sergipanos”, diz o economista, contextualizando a análise que aponta que a razão de pessoas acima dos 65 anos passou de 4,18 para 6,14 em vinte anos.

Outro dado curioso refere-se à taxa de fecundidade total por mulher, que caiu de 3,64 filhos em 1991, para 1,95 filho em 2010, posicionando-se abaixo da chamada taxa de reposição e, consequentemente, apontando para um ‘envelhecimento’ da população.
Já no aspecto da população sergipana com acesso a banheiro e água encanada houve um aumento de 53% entre 1991 e 2010, o que também é um item relevante na avaliação da qualidade de vida dos sergipanos.

Educação

Um elemento imprescindível para o desenvolvimento e fundamental para a qualidade de vida, a educação, também demonstrou um avanço, embora ainda sejam necessários vários esforços para evoluir cada vez mais neste aspecto. Pelo estudo, Sergipe é o quinto colocado no IDHM no Nordeste, apresenta uma evolução de 165% em 20 anos, onde a taxa de frequência líquida (que representa mais crianças na escola) quadruplicou nesse período, e a expectativa de anos de estudo passou de 6,45, em 1991, para 9,01, em 2010, um aumento de 40%. “São resultados expressivos, mas ainda há muito a avançar no aspecto da educação, sobretudo, no tocante ao ensino fundamental e médio. Esta é uma lacuna que ainda demandará muito esforço do Governo”, explica  Lacerda. 

Municípios

Os municípios sergipanos com maior IDHM são Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Propriá. Na dimensão ‘renda’, o ranking aponta, respectivamente, Aracaju, Barra dos Coqueiros, Itabaiana, Propriá e Estância. “É fundamental observar a representação gráfica desse processo de evolução de 1991 a 2010, sobretudo no aspecto da interiorização do desenvolvimento. Houve um crescimento uniforme da renda em Sergipe, revertendo uma lógica perversa que concentrava a renda nas regiões metropolitanas, sobretudo, no entorno da capital. A realidade hoje é outra e podemos nos orgulhar disso, embora ainda haja grandes demandas em áreas como saúde e educação que precisam ser trabalhadas”, conclui o economista Ricardo Lacerda.

O que fica patente é o resultado de iniciativas inovadoras e da decisão política de buscar promover o desenvolvimento e qualidade de vida de maneira equilibrada no território sergipano, a exemplo da consolidação de novas cadeias produtivas e oportunidades para que os sergipanos consigam mudar, para melhor, o rumo de suas próprias histórias.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A economia agrícola de Sergipe nos anos oitenta (parte 2)


                                                                                                                   Ricardo Lacerda

A consolidação do polo citrícola nos anos oitenta provocou importantes mudanças na economia agrícola sergipana. Até o inicio daquela década, era amplo o predomínio da pecuária e das culturas temporárias, sejam aquelas cultivadas no semiárido, como mandioca, milho e feijão, seja a cana-de-açúcar na zona úmida.

Em 1980, as culturas temporárias, com os destaques da cana-de-açúcar e da mandioca, responderam por 73% do valor da produção vegetal, contra 27% das culturas permanentes, entre as quais já despontavam a laranja e o coco-da-baia (ver Tabela 1).

Ao longo da década, as culturas permanentes ampliaram fortemente a participação no valor da produção. O Censo Agropecuário de 1985 já apontava que as culturas permanentes representavam 38,8% produção agrícola e a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) de 1990 mostrou que a participação delas havia alcançado quase a metade (47,9%) do valor da produção vegetal.  

Citricultura

A expansão da citricultura nos anos oitenta foi notável. O cultivo da laranja passou de 9,6% do valor da produção vegetal de Sergipe, em 1980, para 28,4%, em 1990, enquanto a cana-de-açúcar recuava sua participação de 30,8% para 23,6%.

Tabela 1: Sergipe. Participação das principais culturas no valor da produção agrícola de 1990. (%)
Descriminação
1980
1985
1990
Culturas permanentes
27,0
38,8
47,9
Coco-da-baia
8,0
10,6
6,1
Laranja
9,6
18,4
28,4
Outras permanentes
9,3
9,8
13,4
Culturas temporárias
73,0
61,2
52,1
Arroz
3,8
5,5
2,5
Cana-de-açúcar
30,8
22,8
23,6
Feijão
7,6
4,2
6,8
Mandioca
21,3
9,8
7,2
Milho
0,8
7,3
3,2
Outras temporárias
8,7
11,6
8,8
Soma das culturas permanentes e temporárias
100
100
100
Fonte: IBGE. Censos agropecuários de 1980 e 1985 e Pesquisa Agrícola Municipal de 1990.


Seguindo a trajetória percorrida nas duas décadas anteriores, nos anos oitenta a citricultura continuou se disseminando na parte sul do território sergipano.  A produção de laranja saltou de 967 milhões de frutos, em 1980, para 3,67 bilhões em 1990, crescimento de 280%, equivalentes a uma expansão anual de 14,3%.

Territórios da laranja

A formação de um polo citrícola nas regiões Sul e Centro-Sul alterou a geografia da economia agrícola sergipana. As três microrregiões (Boquim, Agreste de Lagarto e Estância) que abrangem o polo citrícola detinham em 1990 quase a metade (49,3%) do valor da produção vegetal do estado, quando em 1980 respondiam por cerca de 33%.

Os principais municípios produtores em 1990 eram Boquim, Lagarto, Salgado e Riachão dos Dantas (ver Tabela 2). A laranja já se constituía na principal cultura agrícola da maioria dos municípios dessas microrregiões. Em alguns deles exercia quase o monopólio das terras. Em Boquim respondia por 93,2% do valor da produção agrícola. Em Pedrinhas, por 88,8%, em Umbaúba, 75,2%; e em Arauá, 74,8%.


Tabela 2: Sergipe. Principais municípios produtores de laranja. 1990
Descriminação
Produção
Participação no valor da produção agrícola municipal (%)
Mil
Frutos
%
Sergipe
3.674.756
100,0%
28,4%
Boquim
746.052
20,3%
93,2%
Lagarto
656.809
17,9%
35,7%
Salgado
566.100
15,4%
63,7%
Riachão do Dantas
410.522
11,2%
60,8%
Arauá
246.110
6,7%
74,8%
Itabaianinha
237.137
6,5%
67,4%
Pedrinhas
206.593
5,6%
88,8%
Umbaúba
189.449
5,2%
75,2%
Cristinápolis
114.552
3,1%
67,2%
Estância
79.600
2,2%
31,1%
Tomar do Geru
65.345
1,8%
65,7%
Santa Luzia do Itanhy
42.116
1,1%
28,3%
Itaporanga d'Ajuda
37.392
1,0%
22,7%
Indiaroba
37.123
1,0%
25,0%
Simão Dias
17.582
0,5%
8,8%
Fonte: IBGE. Pesquisa Agrícola Municipal de 1990.

Assim como a atividade canavieira forjou aos longos dos séculos uma civilização do açúcar nas bacias dos rios Cotinguiba e Japaratuba, a expansão da citricultura no sul do estado a partir da década de 1960 mudou o padrão de ocupação das terras, com a proliferação de estabelecimentos rurais dedicados quase que exclusivamente ao cultivo de citros.  Cultura, todavia, mais democrática propiciou a formação de uma classe média de base rural que impulsionou as atividades comerciais no sul do Estado.

Nos anos oitenta, a citricultura se expandiu e alcançou um novo patamar de produção, consolidando na região o principal polo agrícola do estado. Nos anos noventa, a cultura passou a crescer em ritmo menos intenso, seguindo em busca de áreas territoriais do norte da Bahia.


Publicado no Jornal da Cidade em 21/07/2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A economia agrícola de Sergipe nos anos oitenta



                                                                                                                   Ricardo Lacerda

A economia agrícola de Sergipe iniciou a década de oitenta sofrendo os efeitos de uma estiagem agressiva. Estimativa da SUDENE indicou redução de 14% do PIB agropecuário na comparação entre a média do triênio 1981-1983 com a média de 1978-1980. O ano de queda mais acentuada foi 1983, quando o PIB agropecuário teria recuado em quase 2/3 em relação ao ano anterior.  

Os anos oitenta marcaram um novo tipo de intervenção voltada para atenuar os impactos desestruturadores das secas, com a implantação de perímetros irrigados em vários estados da região, no âmbito do Programa Nacional de Irrigação do Nordeste – PROINE.

Datam dessa década as inaugurações no semiárido de perímetros irrigados de responsabilidade do governo do estado: Califórnia, Jacarecica I, Jabiberi e Ribeira, que se somaram aos perímetros irrigados do governo federal, situados no baixo São Francisco, que entraram em funcionamento entre os anos setenta (Betume e Propriá) e oitenta (Cotinguiba/Pindoba). Esses projetos ainda que tivessem se mostrado importantes para as populações beneficiárias não apresentaram impacto de maior monta quando se considera o conjunto da produção agrícola estadual.

Nas terras mais férteis do litoral e do centro-sul, as culturas permanentes da laranja e do coco apresentaram crescimento expressivo. Ao longo da década, a citricultura vai se consolidar como a principal atividade agrícola do estado. A atividade canavieira, por sua vez, vai conhecer um período de grande prosperidade impulsionada pela expansão do consumo de etanol pela indústria automobilística, em sequencia ao crescimento que se iniciara em meados da década anterior.

Principais culturas

A não realização dos censos econômicos previstos para 1990 dificulta o exame da evolução das principais culturas na década de 1980. Esses censos, que tinham edições quinquenais foram interrompidos, em 1985. A partir da década de noventa passaram a ter edições decenais com levantamentos efetuados no meio das décadas. Em 1990, o IBGE iniciou a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) que, junto com a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), efetua levantamentos anuais da produção agropecuária. 

As duas principais culturas permanentes de Sergipe apresentaram crescimento considerável entre 1980 e 1990. O cultivo de coco da baia que utilizava 8.866 hectares, em 1980, saltou para 27.082 hectares, em 1985, e 46.939, em 1990 (ver Tabela), caracterizando a década como a de maior expansão dessa cultura.

O cultivo da laranja continuou se expandindo a passos largos no sul do estado. Em 1990, já se constituía na principal atividade agrícola de Sergipe. Enquanto em 1980, o valor da produção da laranja representava o equivalente a 31% do valor da produção da cana-de-açúcar, ao final da década já o superava em 21%.  Em 1990, Sergipe aparecia no cenário nacional como o segundo maior produtor de laranja, ainda que o estado líder, São Paulo, concentrasse 83% do total.

Com a instalação de duas unidades de processamento de laranja no município de Estância, o suco concentrado congelado de laranja (FCOJ) se tornou o principal produto de exportação do estado, alcançando em 1990 vinte mil toneladas e representando 90% do valor exportado por Sergipe naquele ano.

No semiárido, as pastagens para a pecuária ocupavam, como hoje, a maior parcela das terras.  Em termos de cultivos agrícolas, ao final da década de oitenta, o feijão, o milho e mandioca dividiam em parcelas quase iguais o uso da terra. E no Baixo São Francisco o cultivo do arroz tinha uma presença marcante.

Tabela: Áreas colhidas das principais culturas agrícolas de Sergipe. 1980, 1985 e 1990 (hectares)
Item
1980
1985
1990
Principais culturas permanentes



Coco da baia
8.866
27.082
46.939
Laranja
16.126
25.866
34.374
Principais culturas temporárias



Arroz
5.145
7.914
5.798
Cana-de-açúcar
21.134
26.855
38.104
Feijão
16.134
47.968
36.897
Mandioca
20.846
25.703
34.177
Milho em grãos
6.275
80.361
29.798
Fonte: IBGE. Censos agropecuários de 1980 e 1985 e Pesquisa Agrícola Municipal de 1990.


A terminar a década de oitenta, o PIB agropecuário estadual havia aumentado 49%, comparando-se a média do triênio 1979-1981 com o triênio 1989-1991, equivalente a um ritmo de crescimento médio anual de 4%. Segundo a estimativa do IBGE, a agropecuária respondia por 10,7% do Valor Adicionado Bruto em 1990. Pela estimativa da SUDENE, representava 15,8% do PIB a custo de fatores.

Os anos oitenta foram importantes para agropecuária sergipana por marcarem a consolidação do polo citrícola, pela continuidade do ciclo de expansão da atividade canavieira e pela implantação dos perímetros irrigados.


Publicado no Jornal da Cidade em 14/07/2013


domingo, 7 de julho de 2013

A economia de Sergipe nos anos oitenta, 2ª parte

                                                                                                                   Ricardo Lacerda

A evolução da economia sergipana nos anos oitenta foi marcada pelos intensos desequilíbrios que atingiram a economia brasileira, associados à crise do endividamento externo.  Desde o final da década de setenta, tais desequilíbrios se manifestavam por meio de acentuada queda nas taxas de crescimento enquanto a inflação se acelerava de modo desconcertante. Em 1980, a inflação rompeu o teto de 100% e entre 1981 e 1983 o PIB nacional recuou 6,3%, no pior resultado desde o inicio de sua medição no país.

Em 1982, após a declaração da moratória do México, o mercado internacional de crédito também se fechou para o Brasil. Com o balanço de pagamentos em aberto, a partir daí o país teve a sua economia diretamente monitorada pelo Fundo Monetário Internacional, inaugurando um longo período de agonia, com a intercorrência de alguns espasmos de crescimento mais robusto.

Conhecida como a década perdida do desenvolvimento brasileiro, a década de oitenta conhece pelo menos três subperíodos bem delimitados: 1981-83, em que foi mais agudo o ajuste da crise de endividamento externo; 1984-1987, de retomada do crescimento puxado pelo driver exportador gestado pelas maxidesvalorizações da moeda nacional realizadas na fase anterior e 1988-1990, de descontrole do processo inflacionário e de endividamento externo explosivo (ver Gráfico).

Fonte: PIB do Brasil, IBGE. Para Sergipe, dados da SUDENE até 1985 e IBGE a partir de 1986.


Desaceleração

Apesar das dificuldades crescentes da economia nacional, a estrutura produtiva de Sergipe apresentou importante transformação nos anos oitenta, com a chegada de grandes empreendimentos industriais de empresas estatais e com a maturação dos investimentos incentivados pela SUDENE.

Enquanto entre 1971 e 1980 o PIB brasileiro mais do que duplicou, entre 1981 e 1990 a expansão se limitou a 17%, correspondendo a taxas anuais médias de 8,6% e 1,6%, respectivamente.

Nos dois decênios considerados, o crescimento da economia sergipana manteve-se acima da média do país. Com base nos dados do departamento de contas regionais da  SUDENE, estima-se que o PIB sergipano cresceu 10,2% ao ano, entre 1971 e 1980, e 4,8% entre 1981 e 1990.

O desempenho tão diferenciado de Sergipe, na verdade da média dos estados do Nordeste, em relação ao do Brasil nos anos oitenta, decorre do impacto dos investimentos direcionados pela política de desenvolvimento regional e, no caso de Sergipe, particularmente em virtude da implantação dos grandes investimentos realizados pelo sistema Petrobras na exploração e beneficiamento de suas riquezas minerais.

A riqueza gerada pela implantação e entrada em funcionamento dos novos empreendimentos industriais fez com que o PIB da indústria sergipana em 1990 se apresentasse 61% maior do que em 1980.  

Subperíodos

O comportamento do PIB sergipano foi marcadamente distinto do nacional no subperíodo 1981-1983. Enquanto a economia brasileira mergulhava na crise, Sergipe crescia acima de 4% ao ano, impulsionado pelos investimentos industriais.

No subperíodo 1984-1987, de retomada do crescimento da economia brasileira, Sergipe apresentou taxas de crescimento espetaculares, tanto em função da expansão das atividades industriais quanto por conta da forte recuperação da produção agrícola em 1984, depois da retração de um longo período de incidência da seca. 

Mas no subperíodo 1988-1990, o sonho desenvolvimentista de Sergipe começava a se desmanchar. Se nos dois subperíodos anteriores Sergipe logrou continuar crescendo a taxas elevadas, apesar da intensa flutuação, o agravamento da crise nacional após a frustração do Plano Cruzado e a sangria de recursos para fazer frente aos compromissos internacionais, e seus reflexos em termos de contenção dos investimentos das empresas estatais, não apenas interromperam o processo de transformação estrutural da economia sergipana, como jogou para baixo as taxas anuais de crescimento do PIB. Na média do subperíodo o crescimento foi apenas de 1,8% ao ano.

Publicado no Jornal da Cidade em 07 de julho de 2013