Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A geração de emprego no 2º trimestre


Ricardo Lacerda

A expansão da atividade sucroalcooleira nos últimos anos em Sergipe propiciou a ampliação de emprego formal no setor agropecuário e na fabricação do açúcar e do álcool. Também foi fundamental para a interiorização do emprego com carteira assinada, com a criação de milhares de ocupações nos territórios do Leste e do Médio Sertão, notadamente nos municípios de Capela e de Nossa Senhora das Dores.  

O crescimento dessa atividade, com o aumento do seu peso no emprego total, teve como efeito colateral a intensificação da variação sazonal na geração de emprego, aumentando a participação das contratações a partir de junho de cada ano, mas diminuindo a ocupação nos primeiros meses do ano e muito particularmente entre março e maio. Esse comportamento sazonal se verifica em todos estados do leste nordestino, sendo mais acentuado em Alagoas e Pernambuco, detentores das maiores áreas de cultivo de cana. Com o crescimento dessa lavoura em Sergipe, elevou-se a participação do 3º trimestre no total de contratação anual e, em menor escala, do 4º trimestre, enquanto reduziu-se o peso do 2º trimestre.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O emprego no 1º trimestre: a força da construção civil


Ricardo Lacerda

O comportamento do emprego formal em Sergipe permaneceu muito positivo nesse início de 2012. Entre janeiro e março foram criados 2.977 empregos formais, o melhor resultado já registrado para o 1º trimestre. Nos doze meses completados em março foram criados 18.537 novos empregos com carteira assinada na série estatística do MTE com ajustes, que considera as declarações fora de prazo.

A taxa de crescimento do emprego formal nesses doze meses alcançou notáveis 7,12%, muito elevada, considerando o ritmo relativamente menor do crescimento econômico desde meados de 2011. Foi a segunda taxa mais alta de crescimento do emprego formal do Nordeste, depois de Pernambuco, e a sexta do país (ver Gráfico 1). Na média do Nordeste, o emprego formal cresceu 5,29% e no Brasil, 4,82%.

Fonte: MTE- CAGED
1º trimestre

A geração de emprego no 1º trimestre do ano é sempre menos intensa do que no restante do ano. Em geral a indústria de transformação inicia o desligamento de parcela do pessoal contratado para abastecer as vendas de final de ano ainda em novembro e somente tende a reiniciar a contratação no segundo trimestre. O comércio promove corte acentuado no final de dezembro e retoma de forma crescente a admissão também no 2º trimestre, alcançando o pico de contratação nos últimos meses do ano. Some-se a esses desligamentos à redução de pessoal do setor sucroalcooleiro por ocasião do final da safra e se tem delineado o cenário do mercado de trabalho no 1º trimestre de cada ano.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ocupação e estabilidade no emprego

O ciclo de crescimento econômico iniciado em 2004 produziu forte impacto sobre a ocupação formal e informal. Mais brasileiros de todas as regiões conseguiram se inserir no mercado de trabalho em condições melhores do que em períodos anteriores.

O aspecto mais significativo foi a queda do desemprego aberto. A taxa de desocupação das regiões metropolitanas caiu de 12,4%, na média de 2003, para 6,0%, em 2011, o melhor resultado da série histórica. Mesmo com a desaceleração do crescimento econômico desde meados de 2011, a taxa de desocupação manteve sua trajetória de declínio (ver Gráfico 1).


Fonte: IBGE- PME.

Especialmente benvindo foi o aumento da taxa de formalização do emprego que subiu 10,1 pontos de porcentagem, passando de 43,5% da população ocupada de 2003 para 53,6% em 2011. Quando são considerados apenas os trabalhadores do setor privado, a taxa de formalização alcançou 48,5%, em 2011, frente a 39,7%, em 2003. Mesmo em ano de queda do PIB, como em 2009, ou de crescimento mais modesto, como em 2011, a geração de emprego formal manteve-se firme, alcançando 4,4%, no primeiro, e 5,5%, no último, na série Caged sem efeito sazonal.

De natureza diferente tem sido a relação entre crescimento econômico e estabilidade no emprego. Tida pelo senso comum como um bem para o trabalhador, a estabilidade média no emprego tem sido menor e não maior, mesmo com o emprego em forte expansão, é o que indica o aumento da rotatividade.

domingo, 8 de abril de 2012

A estagnação da produção industrial

Mudanças de grande vulto estão em andamento na economia mundial. As economias dos países ricos enfrentam em 2012 o quinto ano de baixo crescimento, a contar de 2007. Apenas em 2010, quando parecia que o pior da crise financeira internacional já havia passado, o produto interno dessas economias alcançou taxa de crescimento de 3%. A projeção do FMI, elaborada em setembro de 2011 e naturalmente sujeita a revisões, é de que o ritmo lento nas economias centrais deverá se estender até 2016.

Enquanto isso, a China mudou o seu peso e o seu papel na economia global. No período 2007-2011, as economias avançadas tiveram crescimento de apenas 3,7%, a Zona do Euro, de 2,4%. A China cresceu 65% e o Brasil e a América Latina, um pouco acima de 20%. A economia da China em 2011 era cerca de três vezes maior do que em 2000, a da América Latina, 45% maior, a do Brasil, 47% maior, enquanto nas economias avançadas o PIB era apenas 19% superior e na Zona do Euro, 14%.

O acelerado avanço do gigante asiático vem transformando as relações entre as economias nacionais, com grande impacto sobre o Brasil, impulsionando intensamente a produção de commodities agrícolas e minerais, mas com efeitos perversos sobre a indústria de transformação.

É difícil estimar o quanto das dificuldades atuais da nossa indústria de transformação se deve à desaceleração do crescimento econômico desde meados de 2011 e o quanto cabe às transformações na economia mundial. Há, assim, fatores estruturais e conjunturais atuando no atual quadro de estagnação da indústria brasileira.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Densidade populacional e desenvolvimento (final)

Ricardo Lacerda



A distribuição da população no território sergipano apresenta algumas características similares às dos demais estados localizados nas áreas mais orientais do Nordeste, marcados pelo processo de ocupação a partir da implantação da economia canavieira, mas guarda também algumas peculiaridades. As terras mais férteis das regiões mais próximas do litoral apresentam maior densidade populacional enquanto aquelas situadas no agreste e no sertão contam com população relativamente mais dispersa. Com base nas características naturais, foram implantados, ao longo do tempo, sistemas de produção agrícola com distintos padrões de ocupação de terras e que resultaram na formação de diferentes redes de cidades. É a evolução desses sistemas de produção e o crescimento das cidades que explicam parte considerável da distribuição da população entre as regiões sergipanas.

Evolução

Desde o início da década de setenta, as atividades urbanas vêm ganhando peso na economia sergipana, em ritmo acelerado, incorporando novos determinantes à distribuição espacial da população. A aceleração da industrialização e a implantação de grandes empreendimentos para a exploração de riquezas minerais, em parte por meio da geração de emprego direto, mas, sobretudo, pela injeção de renda que proporcionam para as famílias e para o setor público, passam a ter um papel crescente na distribuição da população. Empreendimentos vinculados à exploração de petróleo e gás, do potássio, do calcário para a fabricação de cimento e a instalação da Usina Hidroéletrica de Xingó tornaram-se vetores que, direta e indiretamente, atraíram populações para municípios que os sediam. Para alguns municípios, a instalação de fábricas de calçados e de usinas de açúcar, tem concorrido, nos últimos anos, para o crescimento populacional

Mas não desprezemos a força da expansão de sistemas agrícolas, como a citricultura no Sul do Estado nos anos setenta e oitenta, e mais recentemente dos assentamentos rurais no Alto Sertão, como fatores que atuaram sobre a distribuição espacial da população.