Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nordeste 2001-2010: Crescimento, Mudanças e Desafios

Ricardo Lacerda

Nos dias 23 e 24 de novembro, a Fundação Joaquim Nabuco realizou, em Recife, o XIII Simpósio ObservaNordeste, com a temática que dá título ao presente artigo, para debater sobre as transformações econômico-sociais e políticas do Nordeste na primeira década do novo século.

O objetivo do simpósio foi o de reunir estudiosos e pesquisadores dos estados da região para fazer um balanço das mudanças econômicas, sociais e políticas no Nordeste, no âmbito do ciclo de transformações recentes e avaliar os limites e os desafios para a segunda década do século XXI.

Novo patamar

A questão mobilizadora dos debates era como a região Nordeste, que vem se constituindo em uma das fronteiras do crescimento brasileiro, poderia potencializar a fase positiva recente para alcançar novos patamares de desenvolvimento. O Nordeste obteve taxas de crescimento econômico acima da média brasileira na primeira década do século, impulsionadas pelo impacto maior na região da elevação do poder de compra da chamada classe C, das políticas de transferências de renda e dos investimentos estruturantes realizados.

Pairava entre os pesquisadores certa inquietação sobre a estratégia que a presidente Dilma, que não tem a mesma identificação que demonstrou ex-presidente Lula com a região, adotaria para o desenvolvimento do Nordeste, e se seria dada continuidade a prioridade que ela contou nos últimos oito anos.

No governo anterior, duas linhas de atuação concorreram para impulsionar o crescimento econômico do Nordeste: Em primeiro lugar, o conjunto das políticas públicas com forte viés social que, mesmo sem ter orientação para o desenvolvimento regional, findaram por incidir muito mais intensamente nas áreas mais pobres. A transferência de recursos originários dessa política, ao lado de outras medidas que elevaram o poder de compra das parcelas da população de menor renda, como os aumentos reais do salário mínimo e a expansão do crédito, ampliaram o mercado de consumo da região com importantes reflexos em termos de geração de emprego.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Geração de Emprego e de Emprego Industrial em 2011



Ricardo Lacerda

O mercado de trabalho aquecido tem sido resultado e causa do bom desempenho que a economia brasileira vem apresentando nos últimos anos, enquanto as economias centrais encontram-se em verdadeiras tormentas. Estimulado pela expansão do crédito e pelo aumento do consumo interno, o nível de ocupação elevado tem sido uma das principais bases da formação de um mercado interno robusto.

A ampliação do mercado interno, com a incorporação de milhões de brasileiros em um novo patamar de consumo, é o principal fundamento que lastreia as avaliações otimistas do mundo sobre as perspectivas de longo prazo da economia brasileira. Nada disso se alterou significativamente com a piora do cenário externo, nem mesmo com a desaceleração do crescimento do nível de atividade interna.

Ainda assim, é importante destacar que o desaquecimento da economia no segundo semestre de 2011, já repercute na criação de emprego formal. Mesmo com o mercado de trabalho aquecido, taxa de desocupação de apenas 6%, e o patamar de emprego mantendo-se elevado, a geração de 126 mil empregos formais em outubro, muito menos do que em anos anteriores, reflete a diminuição na capacidade de geração de emprego da economia brasileira, muito especificamente no setor industrial.

Outubro foi especialmente débil na geração de empregos formais, considerando-se os resultados do mesmo mês em anos anteriores: em outubro de 2010, haviam sido gerados 204 mil empregos e, em outubro de 2009, como sintoma da rápida recuperação que se iniciava, 230 mil novos empregos (ver Tabela). No setor industrial foram criados apenas 5.206 novos empregos, em outubro de 2011, frente aos 46.923 empregos criados no mesmo mês de 2010.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Queda na produção industrial nordestina

Ricardo Lacerda

A economia industrial do Nordeste vem sendo atingida mais intensamente pela crise do setor do que as de outras regiões do país. O setor industrial da região vem sofrendo importantes perdas no seu volume de produção física, por conta do seu perfil em que alguns ramos mais sensíveis à valorização cambial e à competição com produtos asiáticos, como o de calçados e o de têxteis, têm grande peso.

A edição de setembro da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, confirmou a conjuntura adversa da produção industrial da região, notadamente no Estado do Ceará. Na comparação entre setembro e agosto (na série sem efeitos sazonais), o resultado da região foi positivo e expressivo, com crescimento de 1,1%, quando o conjunto do país, muito influenciado pela forte queda da produção física da indústria automobilística, registrou recuo de 2,0%.
Em todas as demais séries, os resultados da produção física do Nordeste são muito piores do que os da média do país. No acumulado de janeiro a setembro, sobre igual período do ano anterior, a produção regional apresentou retração de 5,2%, quando na média do país a produção física da indústria geral cresceu 1,1%; na série acumulada de doze meses em relação ao mesmo período anterior, a produção nordestina recuou 4,2%, frente ao crescimento de 1,6% da produção física brasileira.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A produção industrial de setembro

Ricardo Lacerda

O anúncio, na semana passada, da retração de 2% na produção física da indústria brasileira em setembro, em relação a agosto, na série sem efeitos sazonais, provocou um grande susto. Tal resultado deixou patente que a desaceleração do nível de atividade da economia brasileira, meta desejada e planejada pelas autoridades econômicas, veio com mais força do que se projetava.

Depois do crescimento de 7,5% do PIB e de 10,4% da produção física da indústria em 2010, cristalizou-se a percepção de que a economia brasileira estava crescendo acima do seu produto potencial, com efeitos perceptíveis e preocupantes sobre a evolução da inflação e sobre o resultado da conta corrente.

Mesmo considerando que retração tão elevada da produção física da indústria em apenas um mês deveu-se, em grande parte, à queda de 11% na produção de automóveis, em função de férias coletivas adotadas por algumas montadoras para reduzir os estoques no pátio, a queda da produção industrial foi abrangente, atingindo 16 dos 27 ramos pesquisados.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A expansão da cultura do milho no semiárido sergipano

Ricardo Lacerda


Um dos fenômenos recentes mais significativos na evolução da economia agrícola sergipana foi a forte expansão da cultura do milho. Em 2007, o valor da produção do milho superou o da cana-de-açúcar, e, no ano seguinte, ultrapassou o da, até então, principal cultura agrícola de Sergipe, a produção de laranja. Diferentemente da tradicional cana-de-açúcar, enraizada nas terras mais úmidas do Leste Sergipano, e da laranja, cultivada nas áreas valorizadas da chamada região Centro-Sul, o cultivo do milho se desenvolve tipicamente nas áreas do semiárido sergipano, tendo o município de Carira como epicentro.

2010


A publicação pelo IBGE da Pesquisa Agrícola Municipal de 2010, durante a semana que passou, confirmou a trajetória fortemente ascendente da cultura do milho em Sergipe. Em 2010, pela primeira vez, a produção do milho no Estado alcançou um milhão de toneladas, quando no ano de 2000 não atingia 100 mil toneladas (ver Gráfico).

Depois de crescer 28%, em 2007, 147%, em 2008, 20,3%, em 2009, a quantidade produzida de milho aumentou em 50%, em 2010, confirmando-se como a mais importante cultura agrícola de Sergipe. Em 2010, a quantidade produzida de milho no Brasil aumentou 9,8% e no Nordeste, recuou 7,4%.



Fonte: IBGE- Pesquisa Agrícola Municipal


Os resultados alcançados pela cultura do milho em Sergipe são superlativos: a quantidade produzida cresceu 1.114% entre 2000 e 2010, ou seja, foi multiplicada por doze, enquanto o crescimento no Nordeste atingiu 51% e na média do Brasil, 72%. Em 2010, o valor da produção sergipana de milho alcançou a cifra de R$ 335,3 milhões, superando com ampla margem os R$ 222,9 milhões da laranja e os R$ 188 milhões da cana-de-açúcar.