Praça São Francisco, São Cristovão- SE

Praça São Francisco, São Cristovão- SE
Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O perfil do emprego criado na economia sergipana em 2010

Ricardo Lacerda

A geração de emprego na economia sergipana alcançou patamar inusitado em 2010. Para efeitos de comparação, serão analisados os dados de doze meses, entre dezembro de 2009 a novembro de 2010, em razão da mudança procedida pelo MTE na sistemática de apuração dos dados do CAGED no mês de dezembro de 2010. Nos doze meses acumulados até novembro, foram criados 20.674 empregos com carteira assinada, resultado 64,5% superior à maior geração de emprego anterior, que havia sido nos doze meses acumulados até novembro de 2008, de 12.571 empregos formais.

O objetivo do presente artigo é o de apresentar o perfil desse emprego criado, em termos da escolaridade dos novos empregados e tipos de ocupação que foram mais demandados. Ainda que o espaço disponível não permita uma análise mais exaustiva, serão apresentadas algumas características importantes de novo emprego que tem surgido na economia sergipana.

Escolaridade

Há alguns fatos muito interessantes, referentes ao grau de instrução das pessoas empregadas nesse período, em que 60,6% dos novos empregos foram ocupados por pessoas com ensino médio completo e incompleto, sendo que, em mais da metade de todos os empregos, 51,6%, as pessoas contratadas detinham o ensino médio completo. Esse dado sinaliza para a importância do grau de escolaridade para aumentar as oportunidades de inserção no mercado de trabalho formal, mesmo que a função ocupada possa ter como requisito um grau de instrução inferior. Dos 20.674 empregos criados no período, 12.534 foram ocupados por pessoas com ensino médio, dentre as quais, 10.677 contavam com o ensino médio completo. (Ver Tabela 1).


Um outro dado muito significativo é o de que o número de pessoas contratadas com nível superior, completo e incompleto, ultrapassou os novos empregados com grau de instrução de 1ª a 5ª-serie do ensino fundamental ou da 6ª a 9ª série do fundamental. No período, foram contratadas mais 2.806 pessoas com nível superior, entre completo e incompleto, frente a 2.570 com até a 5ª série do ensino fundamental e 2.352, com ensino fundamental da 6 ª a 9 ª série.

Perfil ocupacional 
O registro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego classifica, também, os empregos gerados segundo grupos e subgrupos ocupacionais. Cerca de 1/3 dos empregos gerados no período (36,6%) se concentrou no grupo ocupacional 7, que abrange os trabalhadores da construção civil e da indústria de calçados e de têxteis. (Ver Tabela).

O emprego gerado nesse grupo alcançou o contingente de 7.561, com destaque para os 2.272 postos de trabalho criados na construção civil e, subsidiariamente, na indústria extrativa. A ocupação de trabalhadores da indústria de caçados e têxteis somou 1.938 novas vagas. O grupo ocupacional de trabalhadores de serviços e do comércio gerou 4.362 empregos formais, sobressaindo-se os empregos de vendedores e representantes comerciais, e o de trabalhadores na administração de edifícios e logradouros.



Entre as ocupações típicas de profissões científicas, grupo ocupacional 2, e de técnicos de nível médio, grupo ocupacional 3, o setor de saúde liderou a geração de empregos. Neste segmento foram ocupados 1.203 profissionais em áreas cientificas, além de 1.657 técnicos de nível médio.

Na área técnica, foram expressivos, ainda, os empregos gerados nas ocupações em engenharia e nos serviços técnico-administrativos. Outros destaques foram os empregos formais criados na agropecuária, que alcançaram o número de 1.907 no período, associados à implantação de novas usinas, e a intensa demanda por eletricistas para a indústria e para oficinas. (Ver a tabela 2).

A análise das duas tabelas aponta para algumas conclusões interessantes. Em primeiro lugar, que o grau de instrução tem sido importante para um número expressivo de ocupações na indústria sergipana e de que a obtenção do ensino médio abre novas oportunidades para o trabalhador. Em segundo lugar, a demanda por ocupações científicas tem sido basicamente gerada pelo setor público, especificamente por meio dos concursos realizados pelas fundações de saúde. Há ainda uma forte demanda da construção civil e da indústria por ocupações técnicas.

Publicado no Jornal da Cidade, em 30/01/2011


Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O comércio exterior sergipano em 2010 (2)

Ricardo Lacerda


A análise do comércio exterior sergipano não deve perder de vista o peso limitado que essa atividade tem para o conjunto da economia sergipana, muito mais integrada nos fluxos comerciais internos do que a média dos estados da federação. Em 2008, o peso do Produto Interno Bruto (PIB) sergipano no total nacional era 6,7 vezes superior à participação do fluxo comercial externo de Sergipe no total brasileiro.
Importações
No período recente, o comercio exterior sergipano, soma das exportações e importações, atingiu seu ponto de máximo em 2008, quando atingiu US$ 315 milhões. Com a crise financeira internacional, as empresas sergipanas procuraram concentrar ainda mais as suas vendas no mercado interno, enquanto as compras externas também recuavam, fazendo com que o fluxo comercial de 2010, mesmo superior ao de 2009, tenha se situado 18,7% abaixo do verificado em 2008. O fluxo de compras de produtos importados vem se intensificando nos últimos meses, impulsionado pela valorização cambial e pelo aquecimento do mercado interno.

O gráfico 1, a seguir, apresenta os dados das importações acumuladas em doze meses, entre 2008 e 2010. Nesta série, as importações sergipanas chegaram ao ponto mais baixo no período pós-crise em janeiro de 2010. Em dezembro de 2010, as importações sergipanas haviam aumentado para US$ 179,8 milhões, 19,8% acima dos US$ 153,3 milhões de dezembro de 2009.


Fonte: MDIC-SECEX 
Produtos


Um aspecto importante no perfil das importações sergipanas é o de que cerca de 95% do total importado em 2010 são direcionados para a produção e apenas em torno de 5% seguem diretamente para o consumo das famílias. Isso não significa que o consumo de produtos importados pelos sergipanos seja muito baixo, por que parte expressiva dele pode estar sendo abastecido por empresas importadoras de outros estados, sendo transferida para Sergipe como vendas internas.

Naquele ano, os principais produtos importados eram o trigo, para a fabricação de pães e massas, o coque para a indústria de cimento e alguns tipos de insumos para complementar a oferta do nosso pólo de fertilizantes, além de insumos para a indústria têxtil. As maiores importações de 2010 foram realizadas, por ordem, por Fertilizantes Heringer, Moinho de Sergipe, Petrobras, Cimento Poty, Ematex, G. Barbosa e o estaleiro H Dantas.
As compras externas de insumos, os chamados bens intermediários, representaram 66,6% do total importado por Sergipe em 2010, dos quais 16% foram adquiridos pela indústria de alimentos, com destaque para o trigo, e o restante pelos demais setores industriais. A aquisição de máquinas e equipamentos externos, os chamados bens de capital, responderam por 28,3% do total importado.
A expansão da produção industrial de Sergipe ao longo de 2010 estimulou o aumento da aquisição de insumos importados. O valor dos insumos importados pelo setor produtivo aumentou de US$ 88 milhões, em 2009, para 119,8 milhões, em 2010, um incremento de 36%, com as compras de insumos para a indústria de alimentos tendo aumentado 25%, enquanto a compra de insumos para os demais setores industriais cresceu 38%.

O ciclo expansivo


Mesmo com pequena participação no conjunto das compras totais de Sergipe, as importações podem sinalizar o comportamento de variaveis importantes da economia. As importações de equipamentos e insumos refletem parcialmente o andamento do ciclo de atividade produtiva. Enquanto as variações das compras de insumos se relacionam com o nível de atividade produtiva e de consumo da economia, a evolução na aquisição de equipamentos retrata o comportamento dos investimentos.

As importações de de bens de capital pela economia sergipana passaram de US$ 21 milhões, em 2006, para US$ 29 milhões,em 2007, até alcançarem US$ 60,8 milhões em 2009. Em 2010, elas se situaram em US$ 50,8 milhões. (Ver gráfico 2). A aquisição de insumos produtivos também vem conhecendo uma evolução favorável, passando de US$ 69,6 milhões, em 2006, até atingir US$ 160 milhões, em 2008. Recuaram para US$ 88 milhões, em 2009, e, em 2010, atingiram US$ 119,8 milhões. Assim ao longo do período 2006-2010, as importações de bens de capital tiveram um incremento de 140%, e as importações de insumo, de 72%.
O comportamento das importações sergipanas no ano de 2010 apontam para a retomada do comercio exterior, depois do recuo em 2009 provocado pela desaceleraçaõ da atividade econômica. Em uma perspectiva de prazo mais longa, o crescimento nas aquisições externas de insumos e equipamentos espelha o ciclo de crescimento da economia de Sergipe.
Fonte: MDIC-SECEX



Artigos anteriores estão postados em http://cenariosdesenvolvimento.blogspot.com/
             Publicado no Jornal da Cidade, em 23/01/2011


Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O comércio exterior sergipano em 2010 (1)

Ricardo Lacerda

A combinação de crise no mercado mundial, valorização cambial e forte expansão no mercado interno fez mudar o papel do comércio exterior na dinâmica de crescimento da economia brasileiro e dos espaços subnacionais. Um número crescente de setores buscou redirecionar maior parcela de sua produção para o mercado interno.

Depois de ter despencado de US$ 197,4 bilhões em 2008 para US$ 153,0 bilhões em 2009, retração de 22,7%, as exportações brasileiras cresceram 32,0%, em 2010, atingindo um novo recorde, US$ 201,9 bilhões. A recuperação das exportações em 2010 confirma a retomada paulatina do comércio mundial, após a etapa mais aguda da crise financeira internacional, agora com maior presença dos mercados emergentes nos fluxos comerciais.

Ainda assim, as exportações nacionais de 2010 se situaram apenas em 2,01% acima do valor de 2008. Além disso, depois do pico de 2006, o saldo do comércio exterior brasileiro vem caindo aceleradamente, significando a diminuição da importância do comércio externo no crescimento do PIB nacional, enquanto a expansão do mercado de consumo interno vem ampliando o seu peso.

As exportações sergipanas também foram fortemente atingidas pela crise internacional, seguindo o padrão nacional, ainda que o impacto tenha sido relativamente maior em Sergipe, tanto em razão das dificuldades enfrentadas no mercado internacional do seu principal produto, o suco de laranja congelado, quanto pelo redirecionamento de outros bens, como o cimento e os têxteis, para o mercado interno. Depois de se retraírem em 45,6%, em 2009, as exportações sergipanas ensaiaram um início de recuperação em 2010, com expansão de 26,1%.

Produtos

As exportações sergipanas estão concentradas em alguns poucos grupos de produtos, com destaque para o suco de laranja congelado, que respondeu por 44,7% do total das vendas externas de 2010. Outros grupos de produtos importantes são o de calçados e couros e o de açúcar. Sucos, calçados e couro, açúcar e produtos assemelhados respondiam por 93,3% da pauta exportadora de Sergipe naquele ano. Produtos têxteis e material elétrico são ainda itens merecedores de menção no perfil exportador.

Entre os principais produtos da pauta de exportação sergipana, o suco de laranja é que tem encontrado maior dificuldade de deixar a crise para trás, seja por que não há a alternativa de redirecionar as vendas para o mercado interno, seja porque depende essencialmente do consumo dos países ricos, ainda enredados em processos recessivos.

As exportações de calçados e couros apresentaram uma notável recuperação em 2010, impulsionadas pelo aumento da produção das unidades industriais que foram instaladas no interior do Estado. As exportações sergipanas deste setor, depois de subirem de US$ 7,6 milhões, em 2006, para US$ 9,5 milhões, em 2007, alcançaram US$ 14,9 milhões em 2008. Com a crise financeira internacional, em 2009 elas recuaram para US$ 7,6 milhões, mas, em 2010, saltaram para US$ 18,2 milhões, o melhor resultado da série histórica. (Ver Tabela). As exportações sergipanas de açúcar, que haviam sofrido descontinuidade em 2006 e 2007, ganharam um novo fôlego nos últimos três anos, saltando de US$ 6,5 milhões, em 2008, e para US$ 9,8 milhões, em 2010.

Fonte: MDIC/SECEX/ ALICE

Suco de Laranja

O valor das exportações do suco congelado de laranja também iniciou uma recuperação em 2010, mas ainda muito parcial frente à perda dos anos anteriores. Depois de alcançarem US$ 71 milhões, em 2007, recuaram nos dois anos seguintes, atingindo US$ 20,1 milhões em 2009. O valor exportado em 2010 ficou 70% acima do registrado em 2009, ainda que muito abaixo dos resultados obtidos em 2007 e 2008. (Ver Tabela). Mesmo considerando o caráter parcial da melhoria, há motivos para otimismo em relação à recuperação das exportações sergipanas de suco de laranja no futuro próximo.

No gráfico a seguir, a linha demarca o valor médio anual recebido por tonelada de suco congelado exportada por Sergipe e as colunas representam o valor exportado. Em 2007, no melhor ano de exportações sergipanas de suco congelado, o valor médio da tonelada exportada do produto alcançou US$ 1,9 mil. Já em 2008, o preço médio da tonelada exportada de suco caiu para US$ 1,4 mil, despencando novamente, em 2009, para US$ 886/ tonelada.


Fonte: MDIC/SECEX/ ALICE

Em 2010, o valor médio do suco exportado teve uma forte reação, alcançando US$ 1,6 mil/tonelada. Observando-se a trajetória dos anos recentes, nos melhores anos o preço da tonelada exportada se situou acima de US$ 1 mil. Cabe indagar, então, se com a recuperação do preço médio, 2010 terá marcado o inicio de uma nova recuperação das exportações sergipanas de suco de laranja? E com isso, as exportações sergipanas deixarão para trás, em breve tempo, as vicissitudes que as acompanham desde o início da crise financeira internacional?

*Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.

Publicado no Jornal da Cidade em 16/01/2011.


Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Crescimento populacional dos municípios sergipanos

Ricardo Lacerda

O IBGE publicou no final do ano passado os primeiros números do Censo Populacional de 2010. Entre os resultados, o que mais chamou a atenção foi o encolhimento da taxa de crescimento da população brasileira, de 1,80%a.a, na década de noventa, para 1,17% a.a, na primeira década do novo século, o que significa que, enquanto nos 10 anos anteriores a população cresceu 19,5%, o incremento restringiu-se a 12,3% na última década. A taxa de crescimento anual da população do Nordeste, de 1,07% a.a., ficou abaixo da média brasileira, mas acima das registradas nas regiões Sul e Sudeste. As expansões mais expressivas na população se verificaram nas regiões Norte e Centro-Oeste, 2,0% a.a e 1,90% a.a., respectivamente.

A população sergipana,em 2010, era de 2.068.031 habitantes, crescimento de 15,9%,em relação aos 1.784.475 residentes em 2000, taxa bem acima das médias nordestina e brasileira. Na região, Sergipe apresentou a segunda maior taxa de crescimento populacional, inferior apenas ao estado do Maranhão.

Municípios

Os municípios que apresentaram maior crescimento populacional na década foram Carmópolis, Barra dos Coqueiros e Canindé do São Francisco, com impressionantes 44,4%, 40,5% e 39,1%, respectivamente. Há importantes forças por trás do crescimento demográfico desses municípios, como a expansão dos gastos públicos impulsionados pelas receitas de royalties de petróleo e gás, no primeiro, de royalties de geração de energia elétrica, no terceiro, e, no caso da Barra dos Coqueiros, a maior integração com Aracaju.

Entre as 15 maiores populações, em 2010, foram pequenas as modificações no ranking municipal, com Itabaianinha ascendendo da 8ª para a 9ª posição, em razão da perda de quatro povoados de Simão Dias para o município baiano de Paripiranga, e a queda de quatro posições de Propriá, superado por Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo, Capela e Itaporanga d'Ajuda, municípios que conheceram importantes avanços nas atividades agrícolas ou industriais, no período. Aracaju alcançou o notável crescimento de 23,7%, superior mesmo à taxa de Nossa Senhora do Socorro, de 22,1%, e São Cristovão, também na Grande Aracaju, 22,0%.

Fonte: IBGE. Censo Demográfico. Resultado preliminar de 23/11/2010. OBS. O crescimento populacional de Simão Dias foi de fato maior do que esse registrado, considerando a perda de 4 povoados para Paripiranga, na Bahia.

Grandes e médios

O Quadro a seguir associa o ritmo de crescimento populacional e o porte dos municípios, estabelecendo quatro faixas de tamanho e cinco faixas de taxas de crescimento populacional entre 2000 e 2010. Entre os municípios maiores, com 40 mil habitantes ou mais, três apresentaram crescimento populacional superior a 15% na década, todos na região metropolitana, Aracaju, Nossa Senhora do Socorro e São Cristovão. Itabaiana, Lagarto e Tobias Barreto registraram expansão populacional superior a 10% mas inferior a 15%, enquanto Estância, com 9,3%, teve a menor taxa de crescimento nesse segmento.

Entre as cidades-pólo, Propriá, com 28.457 habitantes, apresentou o menor incrementopopulacional no período, 3,9%. No segmento entre 20 mil e 40 mil habitantes, oito municípios se situaram nas faixas de crescimento de 10% a 15% ou de mais de 15%, e cinco tiveram incremento entre 5% e 10%.

Pequenos

Entre os pequenos municípios, as situações são mais diversas, com alguns deles tendo apresentado elevadas taxas de crescimento populacional, como São Francisco, Divina Pastora, Rosário do Catete, Gen. Maynard, Carmópolis, Indiaroba, Monte Alegre e Japaratuba, eoutros com baixas taxas ou mesmo redução, comoItabi, Arauá, Japoatã, Canhoba, Neópolis e Santa Luzia. 
Alguns municípios de pequeno porte apresentaram taxas intermediárias de crescimento, entre 5% e 10%,como Malhador, Maruim, Santo Amaro, Brejo Grande, entre outros. Ver a lista completa no quadro citado.


Fonte: IBGE. Censo Demográfico. Resultado preliminar de 23/11/2010. Obs: * O crescimento populacional de Simão Dias foi de fato maior do que esse registrado, considerando a perda de 4 povoados para Paripiranga, na Bahia.

O ritmo de expansão populacional dos municípios pode estar associado a uma diversidade de fatores, como o crescimento econômico do período, a mudança do grau de articulação com centros urbanos mais dinâmicos, ou a implantação de projetos agrícolas ou habitacionais, ou ainda a diferentes taxas de fecundidade. Na primeira década do século, os municípios sergipanos responderem de formas diferenciadas aos estímulos econômicos e sociais: alguns apresentaram expansão notável de população, enquanto outros apresentaram baixo crescimento populacional ou mesmo pequena retração.

Publicado no Jornal da Cidade em 09/01/2011

Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Desafios e perspectivas para 2011

Ricardo Lacerda

Confirmando-se a previsão de mercado da semana passada, o crescimento do PIB brasileiro de 2010, de 7,61%, será o mais elevado desde 1985, quando atingiu 7,85%. A produção industrial deverá encerrar o ano com taxa de crescimento acima de 10%, a maior desde 1993, ainda no Governo Itamar. A geração do emprego formal se situará em torno de 2,13 milhões de empregos, o segundo melhor resultado da série histórica do CAGED/MTE, inferior apenas ao de 2007, quando forem criados 2,45 milhões de empregos.

O crescimento do volume de vendas no varejo, 11,09% até outubro, é o melhor da serie histórica iniciada em 2000. A taxa de desocupação de novembro passado atingiu 5,7%, e é também a melhor da série histórica. Muitos outros indicadores do nível de atividade econômica poderiam ser apresentados para caracterizar a excepcionalidade do ano de 2010.

A inquietação natural é se o Brasil poderá repetir em 2011 resultados tão positivos. Um primeiro aspecto a destacar é o de que, após uma expansão exuberante no inicio do ano, o PIB brasileiro vem se desacelerando ao longo de 2010. Depois de ter crescido 2,3% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2009, na série livre de efeitos sazonais, a expansão do PIB desacelerou para 1,8% no segundo trimestre, e para 0,5% no terceiro trimestre.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a expansão do PIB, que havia atingido 9,3% no primeiro trimestre e 9,2% no segundo trimestre, desacelerou para 6,6% no terceiro trimestre. (Ver gráfico 1). A projeção de mercado para o crescimento do PIB em 2011 é de 4,5%.

Fonte: IBGE- Contas Nacionais Trimestrais.

Crescimento potencial
A mudança de patamar de expansão do PIB de 7,61%, em 2010, para 4,5%, em 2011, suscita uma série de questões, relacionadas ao chamado crescimento potencial da economia brasileira. Deve-se considerar que o crescimento de 2010 se deu sobre a base rebaixada de 2009, quando o PIB recuou 0,6%, e o crescimento projetado para 2011 incidirá sobre um patamar elevado.
A noção de crescimento potencial diz respeito à expansão que a economia pode ter sem provocar pressão inflacionária que fuja ao controle ou desequilíbrio que ameace a sustentabilidade das contas externas. Quando o crescimento verificado extrapola esse limite, nem sempre claramente definido, resta às autoridades econômicas puxar o freio de mão da economia por meio das políticas fiscal e monetária, provocando a desaceleração do nível de expansão da atividade.

O crescimento excepcional da economia brasileira em 2010, quando a economia dos países avançados continua estagnada, refletiu às medidas adotadas pelo governo para se contrapor à onda recessiva que a ameaçava. No momento agudo da crise de confiança, ainda em 2008, o governo respondeu com aumento dos gastos públicos e com a redução de impostos sobre o consumo.

Na sequência, a expansão da demanda das famílias empurrou o crescimento da economia. Essa resposta, a única possível naquele contexto, fez com que a demanda corresse à frente da oferta, refletida, no front interno em uma piora nas contas públicas, e, no front externo, em uma deterioração do saldo da conta corrente. Mais recentemente, o governo respondeu com medidas restritivas ao crédito e acenos de redução nos gastos públicos para 2011 para enfrentar o aumento de pressões inflacionárias. O gráfico 2, a seguir, mostra como o déficit nas transações correntes do Brasil com o exterior em doze meses vem se ampliando e os efeitos da pressão de demanda sobre o comportamento do IPCA.

Fonte: IBGE- IPCA; Banco Central do Brasil- Déficit em Transações Correntes

O grande desafio da política econômica brasileira em 2011 é o de manejar gastos públicos, juros e câmbio de forma a assegurar a continuidade nas trajetórias de expansão do emprego e do mercado interno, quando limites externos e internos mais estreitos precisam ser observados.

A conjuntura econômica internacional ainda fragilizada não ajuda, mas o passado recente mostrou que, com responsabilidade, a expansão do mercado interno pode continuar sendo o sustentáculo do crescimento da economia brasileira nos próximos anos. O próximo passo é o de desenvolver inovações financeiras que assegurem a expansão sustentada dos investimentos a fim de alargar o potencial de crescimento brasileiro.

Publicado no Jornal da Cidade, em 02/01/2011
Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.