Praça São Francisco, São Cristovão- SE

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Praça São Francisco, São Cristovão-SE. Patrimônio da Humanidade

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Crédito e inadimplência em Sergipe

Ricardo Lacerda

Em artigo publicado no domingo passado na Folha de São Paulo, intitulado “A história e seus ardis. O lulismo posto à prova em 2010”,o jornalista e professor de ciências políticas da USP, André Singer, sintetiza o tripé de medidas voltadas para o aumento do consumo popularque teria sido responsável pela hoje forte identificação entre o presidente da república e a população:o Bolsa Família, o crédito consignado e o forte aumento real salário mínimo, a partir de 2004. O autor assinala que “os três aportes juntos começaram a surtir um efeito tão poderoso quanto subestimado: o mercado interno de massa se mexia, apesar do conservadorismo macroeconômico.(Ver em http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36445”).

A expansão do crédito na economia brasileira decorreu de uma série de mudanças institucionais, em que o crédito consignado para as pessoas físicas foi uma das modalidades mais percebidas. Quando o mercado financeiro internacional sucumbiu ao final de 2008, a resistência e a rápida recuperação da economia brasileira deixaram surpresos muitos analistas econômicos.

Pessoas Físicas

Ao longo do governo Lula, inovações institucionais que reduziam os riscos e a queda paulatina da taxa de juros impulsionaram a expansão do crédito para pessoa física, cujo saldo de operações passou de 5,7% do Produto Interno Bruto- PIB, em agosto de 2003, para 12,8% em agosto de 2008, imediatamente antes da deflagração da crise de crédito no mercado financeiro internacional. Ao longo de 2009, mesmo diante das dificuldades econômicas, o saldo de crédito para pessoas físicas continuou se expandindo e se constituiu em uma das principais forças que se contrapuseram à influência recessiva que vinha de fora do país. Em agosto de 2009, esse saldo alcançou 14,3% do PIB, e, em agosto próximo passado, montou 15,3%. (Ver gráfico 1)









Fonte: Banco Central do Brasil


Sergipe

Desde 2004, as operações de crédito para pessoa física também conheceram forte expansão em Sergipe, com taxa média de crescimento nominal (sem descontar a inflação no período) de 39% ao ano, entre junho daquele ano e junho de 2010. A expansão deste crédito, ao lado do aumento do emprego e dos rendimentos da população, foi determinante na expansão do comércio sergipano no período. Em termos reais, descontado pelo IPCA do período, entre junho de 2004 e junho de 2010, o saldo de operações de crédito na economia sergipana cresceu 456%.

A expansão do crédito para pessoa física pode, de fato, levar a excessos, quando as famílias não observam os limites da capacidade de endividamento. Entretanto, é curioso observar que o forte incremento das operações de crédito às famílias, o crédito para pessoa física, não foi acompanhado pela elevação da taxa de inadimplência. Pelo contrário, levantamento do Banco Central do Brasil informa que a taxa de inadimplência do crédito de pessoa física vem caindo ao longo dos últimos anos na maioria das regiões brasileiras. A exceção é a região Sul, em que se manteve relativamente estável, com alguns picos em 2009.

Em junho de 2004, a taxa de inadimplência dessa modalidade de crédito foi de 8,8% na região Nordeste, 7,8% em Sergipe, 5,1% na região Sudeste. Desde então, as taxas de inadimplência do crédito de pessoa física não apenas vêm convergindo entre essas três áreas como a de Sergipe passou a se situar abaixo da média da região Sudeste. Na verdade, desde julho de 2009, a taxa de inadimplência do crédito de pessoa física tem sido menor em Sergipe do que naquela região.

As inovações institucionais, o crescimento do emprego formal e a melhoria de renda das famílias certamente explicam a maior parte da redução da inadimplência nas operações de crédito de pessoas físicas em Sergipe e na região Nordeste, como um todo. É possível observar no gráfico 2, que informa a taxa média móvel trimestral de inadimplência do crédito de pessoa física, que em meados 2009 houve um repique da taxa de inadimplência nos três agregados analisados, como rescaldo da crise financeira internacional. Com a retomada do nível de atividade e com a forte expansão do emprego a partir do segundo semestre de 2009, a taxa de inadimplência voltou a cair. No caso de Sergipe, a taxa inadimplência do crédito de pessoa física em junho de 2010 se reduziu a menos da metade em relação ao início de 2004.










Fonte: Banco Central do Brasil

Emprego, crédito, transferências sociais e elevação do rendimento são os principais vetores da formação do mercado de consumo de massa no Brasil nos últimos anos. Os dados de inadimplência, para o bem de todos, se comportaram muito bem, notadamente no Nordeste e em Sergipe.

Publicado no Jornal da Cidade em 26 de setembro de 2010

Os pequenos empreendimentos e o desenvolvimento (2)

Ricardo Lacerda*

Como foi visto na primeira parte do artigo, em 2008, a economia sergipana contava com 18.326 estabelecimentos formais com até dezenove pessoas ocupadas, excluídos aqueles pertencentes à administração pública, correspondendo a 91,9% do total de estabelecimentos privados. Esses estabelecimentos de menor porte empregavam, naquele ano, 66.959 pessoas, representando 32,4% do total.

Os estabelecimentos com até dezenove empregados tinham presença importante em todos os segmentos de atividade econômica. Eles representavam 97,1% das empresas agropecuárias formalizadas, 95,1% do comércio, 90,4% dos serviços, 83,7% da indústria de transformação e 82,3% na construção civil. Apenas no setor extrativo mineral e nos serviços industriais de utilidades públicas, que contam com um número relativamente reduzido de estabelecimentos, os empreendimentos de menor porte respondiam por menos de 80% do total de unidades produtivas.

Atividades

As atividades que concentravam os contingentes mais expressivos de estabelecimentos nessa faixa de tamanho, em 2008, eram, por ordem, o comércio, o segmento de serviços, a agropecuária e a construção civil. A atividade do comércio congregava, em 2008, 7.574 estabelecimentos dessa faixa de tamanho, correspondente a 41,3% do total. O setor serviços, contava com 6.186, a agropecuária, 2.170, a indústria de transformação, 1.378, e a construção civil, 962. Com exceção do setor de serviços industriais de utilidades públicas, todos os demais tiveram incremento significativo, entre 2000 e 2008, do número desses estabelecimentos.

Na indústria de transformação, os estabelecimentos de menor porte se distribuem por todos os setores, mas a sua presença é especialmente forte nas indústrias de alimentos e bebidas, têxtil e confecção, minerais não metálicos, nas gráficas, metalúrgicas, madeiras e moveis e na indústria química. No setor terciário, além do comércio varejista, estão presentes com grande destaque nas atividades de alojamento e comunicação, atividades administrativas e profissionais, e nos serviços de médicos, odontológicos e veterinários, que já somavam, em 2008, o número de 975 estabelecimentos formais com até dezenove empregados. (Ver a lista completa no quadro abaixo).














Tamanho médio

É curioso observar que a participação desses empreendimentos de menor porte no total do setor não mudou muito significativamente no período de 2000 a 2008, com a exceção do setor de serviços industriais de utilidade pública. Isso se verificou apesar do aumento expressivo no número de estabelecimentos. Essa constância sugere um certo coeficiente técnico entre empreendimentos de distintos portes, como se houvesse algum tipo de funcionalidade na distribuição do mercado entre eles que se altera lentamente no tempo.

Apesar disso, têm ocorrido mudanças de participação nas faixas internas que compõem esse grupo de empresas que apontam para o crescimento do tamanho médio dos estabelecimentos. Enquanto o número de empresas com até nove empregados cresceu 38% entre 2000 e 2008, o grupo de empreendimentos com dez a dezenove empregados aumentou 62%. Essa expansão mais intensa dos estabelecimentos desse segundo grupo se verificou em todos os segmentos mais expressivos da economia sergipana em termos de número de unidades produtivas, a exemplo da indústria da transformação, construção civil, comércio, serviços e agropecuária. (Ver gráfico). O agrupamento de empresas com 20 a 99 empregados também cresceu acima da média do período, o que indica uma estruturação mais forte do setor produtivo sergipano, 68%.













Gráfico. Sergipe. Taxa de crescimento do Número de Estabelecimentos por Tamanho. 2000 a 2008 (%)
Fonte: MTE-RAIS

Uma pesquisa mais apurada poderia identificar se o crescimento mais rápido do agrupamento entre 10 e 19 empregados e das empresas entre 20 e 99 empregados decorreu principalmente da implantação de novos estabelecimentos ou se tratou de aumento do número de empregados de estabelecimentos que na primeira medição pertenciam a faixa inferior, o que revelaria um processo de expansão muito interessante para a economia do Estado.

Publicado no Jornal da Cidade em 14 de abril de 2010.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Crédito e consumo na economia sergipana

Ricardo Lacerda*

Nos últimos 12 meses concluídos em julho de 2010, o volume de vendas do comércio varejista de Sergipe aumentou 14,21%, na comparação com os 12 meses anteriores. Foi o quinto maior crescimento no Brasil nesse período e o primeiro do Nordeste. A expansão média do volume de vendas do varejo brasileiro, nesse período, também foi muito expressiva, 9,65%. A receita nominal do comércio varejista de Sergipe cresceu simplesmente 18,01% nesses 12 meses, o quarto maior do Brasil e, novamente, o maior do Nordeste. Os dados são provenientes da Pesquisa Mensal de Comércio – PMC, do IBGE, que realiza o levantamento em 9.000 empresas comerciais em todo o Brasil, entre os empreendimentos com vinte ou mais pessoas ocupadas.

As elevadas taxas de crescimento do consumo no mercado interno têm sido um dos principais fatores que explicam o robusto crescimento brasileiro em 2010, quando muitas das economias centrais ainda estão imersas nas dificuldades geradas pela crise financeira internacional que completou dois anos nesse mês de setembro.

O incremento do emprego e a expansão do consumo se alimentam mutuamente. Nos últimos 12 meses foram gerados dois milhões e duzentos e sessenta e nove mil empregos formais na economia brasileira, o melhor resultado já obtido desde o inicio da série estatística do Caged-MTE, representando um incremento de 6,9%. Em Sergipe, foram criados 20.430 novos empregos com carteira assinada, também um montante recorde, correspondendo a uma taxa de crescimento de 8,94%.

Mercados regionais

A pesquisa do IBGE revela que nos últimos 12 meses os incrementos mais expressivos no comércio varejista ocorreram nos estados da região Norte e da Região Nordeste. Entre os dez maiores crescimento no volume de vendas no período, cinco foram de estados da região Norte, três da região Nordeste, um do Centro-Oeste e um do Sul. (Ver gráfico 1). Da região Sudeste, a mais rica do país, nenhum estado. Naquela região, a taxa de crescimento do varejo mais elevada nos últimos 12 meses foi a de São Paulo, 10,19%, a 15º do país.

















Fonte: PMC-IBGE


Além do incremento do emprego e da massa salarial, um outro fator fundamental na expansão do mercado interno tem sido a evolução do crédito. A relação entre operações de crédito e o Produto Interno Bruto continuou se expandindo no período mais recente. Em julho de 2010, o saldo de operações de crédito do sistema financeiro nacional representava 45,9% do PIB nacional, frente a 42,8% em julho de 2009 e 37,9%, em julho de 2008. Em julho de 2001, correspondia a 25,8% do PIB.

O consumo de bens duráveis, como geladeira, fogão, móveis, computador e celular, é fortemente influenciado pelo acesso e pelo custo do crédito ao consumidor. Os dados sobre operações de crédito à pessoa física são elucidativos em relação às diferentes trajetórias de consumo entre as regiões brasileiras. O saldo médio mensal das operações de crédito para pessoas físicas, entre julho de 2009 e junho de 2010, alcançou R$ 3,2 milhões na economia sergipana, frente a R$ 2,4 milhões nos doze meses anteriores, o que significa um crescimento nominal de 34%. Na mesma comparação, o saldo de operações de crédito de pessoas físicas subiu 27% no Nordeste e 21% na região Sudeste. (Ver gráfico 2)









Fonte: Banco Central

A evolução do mercado interno de consumo tem sido uma das forças propulsoras da economia brasileira no ciclo de expansão recente. O crescimento das vendas no varejo acima da velocidade de expansão do PIB confirma essa tendência. As regiões mais pobres do país vêm liderando esse crescimento. A melhoria da renda e do emprego e o crescimento mais acelerado do crédito nesses mercados refletem e reforçam a melhoria da qualidade de vida nessas regiões.

* Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.

Os pequenos empreendimentos econômicos e o desenvolvimento (1)

Ricardo Lacerda*

A reflexão sobre o espaço dos pequenos empreendimentos na economia contemporânea tem suscitado controvérsias estimulantes ao longo do tempo. Durante boa parte do século XX predominou uma visão pessimista sobre as perspectivas dos pequenos empreendimentos econômicos, tendo sido enunciados alguns vaticínios sobre o encolhimento progressivo de sua participação na atividade econômica até atingir a insignificância.

O argumento central que apoiava essa visão enfatizava as desvantagens dos pequenos empreendimentos frente às grandes empresas que, por produzirem em larga escala, operavam com custos médios de produção mais baixos e poderiam oferecer bens e serviços a preços mais atraentes.

Nessa perspectiva, as grandes empresas tenderiam a deslocar os pequenos empreendimentos dos mercados em que atuavam tão logo esses contassem com dimensão suficiente para a entrada de unidades produzindo em larga escala. Assim, com a chegada das redes de supermercados foram deslocadas as antigas mercearias que abasteciam as famílias de suprimentos. E no segmento industrial, novas tecnologias exigiam unidades produtivas e sistemas de distribuição cada vez maiores, com o surgimento de megas corporações que findariam por levar à bancarrota as unidades menores, que não conseguiam acompanhar às mudanças no ambiente econômico, em um reinado da produção em massa. Reconhecia-se, é verdade, que novos nichos de mercado seriam abertos para os pequenos empreendimentos, muitas vezes em atividades subsidiárias às da grande empresa, com o fornecimento de bens e serviços para a cadeia produtiva.

A reestruturação produtiva

A reestruturação industrial dos anos noventa, estimulada pelo aumento da competição em mercados cada vez mais globalizados, impactou de diferentes formas a vida dos pequenos empreendimentos. A busca obsessiva da redução de custos levou a grande empresa a terceirizar uma diversidade de atividades, desde serviços de segurança e limpeza, passando pela produção de partes e componentes, até a prestação de serviços de engenharia, tecnologias de informação e marketing, abrindo espaço de atuação para os pequenos empreendimentos. Novos arranjos institucionais se multiplicaram, com a formação de redes de empresas, em que os pequenos empreendimentos tinham um espaço a ocupar.

A disseminação das novas tecnologias de informação e de comunicação, as chamadas TICs, cumpriu um papel determinante. Com as novas tecnologias foram redimensionados os requisitos de tamanho dos empreendimentos, com efeitos diversos, elevando o tamanho mínimo em muitos mercados, mas abrindo oportunidades para unidades menores, em outros. Todo um conjunto de novas necessidades emergiu e pôde, parcialmente, ser atendido pelos empreendimentos de menor porte, mesmo por que eles continuaram se revelando imbatíveis em termos de flexibilidade para atender a demandas específicas de empresas e famílias, de uma forma que a produção massificada não conseguia suprir de forma satisfatória.

Ao lado desses processos, a formação de um contingente de pessoas que simplesmente não conseguia entrar ou permanecer no mercado de trabalho nos anos noventa concorreu para a constituição de novos empreendimentos de pessoas que forçavam sua inserção econômica. No Brasil, com a retomada do crescimento nos anos 2000, a expansão do poder de compra das famílias abriu novas oportunidades de mercado para os pequenos empreendimentos ao tempo em que foram intensificadas políticas voltadas para o fomento do desenvolvimento local por meio do fortalecimento das pequenas empresas, em que o acesso ao crédito se constituiu em uma das ferramentas de maior efetividade.

Alguns dados da presença dos pequenos empreendimentos refletem a importância deles na economia brasileira e em Sergipe. O Comunicado Ipea N. 38, de 04 de fevereiro de 2010, busca examinar a Atualidade e perspectiva das ocupações nos pequenos empreendimentos no Brasil, com base em dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar- PNAD, de 2008. O referido relatório informa que, considerando apenas o setor privado, os empreendimentos, formais ou informais, com até dez ocupantes respondiam por 54,4% de todos ou postos de trabalho e por 57,2% do total da massa de rendimentos. Em relação ao total de pessoas ocupadas, adicionando o setor público, pessoas não-remuneradas e serviços domésticos, os empreendimentos com até dez ocupantes representavam 33,6%. Em Sergipe, os empreendimentos com até dez ocupantes contavam com 342 mil trabalhadores, proporcionalmente mais do que a média brasileira, pois correspondiam a 37,5% de todas as ocupações.

Observando-se apenas as empresas formalizadas e excluindo a administração pública, em 2008, a economia sergipana contava com 18.326 estabelecimentos com até dezenove pessoas ocupadas, correspondendo a 91,9% do total de 19.944 estabelecimentos privados. Esses estabelecimentos empregavam 66.959 pessoas, contingente muito expressivo, representando 32,4% do total. Os estabelecimentos entre 20 e 99 empregados, considerados de pequeno porte, eram em número de 1.335 e ocupavam 52.186 pessoas; os empreendimentos de médio porte, entre 100 e 499 empregados, contavam com 48.986 empregados, e os grandes estabelecimentos, com mais de 500 empregados, ocupavam 38.313 pessoas. (Ver tabela)

Tabela. Sergipe. Estabelecimentos e Empregados no Setor Privado Formal segundo o Porte. 2008.










Fonte: MTE-RAIS

Entre 2000 e 2008, o segmento de empresas com até dezenove empregados teve um incremento de 5.221 estabelecimentos e de 22.588 pessoas ocupadas, 28% dos novos empregos gerados pelo setor privado sergipano. Os dados mostram a importância incontestável dos pequenos empreendimentos na economia sergipana e do Brasil como um todo.

Embora o avanço das grandes corporações seja um fato inegável, a visão mais pessimista não se confirmou e os pequenos empreendimentos souberam se recriar e se adaptar às mudanças cada vez mais velozes do ambiente de negócios, mostrando grande perspicácia para buscar o atendimento de novas necessidades. A permanência dos pequenos empreendimentos como um ator significativo da economia capitalista contemporânea também é um fato que não se pode desconhecer.
Nos artigos seguintes, serão examinados em que setores de atividade se concentram os pequenos empreendimentos e algumas das políticas de desenvolvimento voltadas para o segmento.

* Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.
Publicado no Jornal da Cidade em 11 de abril de 2010.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Situação financeira e expectativas das famílias brasileiras (2)

Ricardo Lacerda*

A pesquisa do IPEA sobre as Expectativas das Famílias procurou medir também a propensão de consumo e a situação de endividamento das famílias brasileiras. Os resultados obtidos permitem associar como a melhoria da situação financeira e a maior segurança no trabalho influenciam as decisões de consumo e de endividamento.
Na pesquisa, a situação do endividamento e a intenção de compra por parte das famílias podem ser apuradas segundo região geográfica, escolaridade, faixa salarial, sexo, faixa etária, etnia e segundo aqueles domicílios que participam e aqueles que não participam de programas de transferências de renda do governo federal. (Ver em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/IEF/100831_ief1.pdf).

Consumo

A pesquisa do IPEA procurou sondar a disposição das famílias brasileiras em relação à aquisição de bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos. Em agosto, 53,04% das famílias pesquisadas informaram que o momento é bom para a aquisição de bens duráveis, contra 37,32% para quem não é um momento adequado para realizar tais tipos de gastos. Outros 9,54% informaram que não sabiam ou simplesmente não responderam. Ou seja, mais da metade das famílias entendia que o momento é favorável à aquisição destes bens que, em sua maior parte, não são comprados à vista.

Os resultados variaram muito de acordo com as regiões. A maior predisposição para adquirir bens duráveis se verificou entre as famílias nordestinas. Quase duas em cada três famílias (63,85%) residentes na região informaram ser um bom momento para aquisição dos bens. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, mais da metade das famílias informaram ser um bom momento. As famílias da região Sul se mostraram mais reticentes; 41,62% informaram ser um bom momento para compra dos bens duráveis.Entre as famílias da região Norte o índice foi de 47,33%.(Ver gráfico 1)















Fonte: IPEA. Índice de Expectativa das Famílias. Agosto de 2010.


Endividamento

A predisposição para adquirir eletrodomésticose outros bens duráveis está fortemente associada à percepção das famílias em relação a sua situação de endividamento. Um fato interessante é que 45,46% das famílias brasileiras informaram não possuir dívidas.

Os grupos com faixas de renda até 2 salários mínimos, nas faixas etárias de 30 a 39 anos, ou de 40 a 49 anos, é que tinham uma maior percepção de que se encontravam muito endividados. Não há uma clara relação entre o grau de escolaridade do responsável e a percepção das famílias que informaram estar muito endividadas. Apenas é possível constatar que uma menor parcela dos grupos nas faixas extremas, sem escolaridade e com nível superior completo ou incompleto, informaram que se encontravam em situação de muito endividamento. Curiosamente, o corte por sexo não revelou percepção muito diferenciada em relação a essa questão, ainda que uma maior proporção das mulheres do que de homens ter revelado a percepção de que estava muito endivididada.

Entre as famílias da região Nordeste, apenas 8,54% consideravam estar muito endividada, frente à média brasileira de 11,08%. As regiões com maiores parcelas das famílias que se precupavam com a situação de muito endividamente eram as regiões Sudeste, Norte e Sul. Na região Norte o quadro parecia mais desfavorável; 12% das familias se diziam muito endividadas e apenas 16% delas não possuíam dívidas. (Ver gráfico 2)













Fonte: IPEA. Índice de Expectativa das Famílias. Agosto de 2010.

Mercados regionais

A primeira medição do IPEA realizada em agosto sobre as expectativas das famílias brasileiras revela um quadro geral de otimismo em relação à situação socioeconômica do Brasil, como foi visto no artigo da semana passada. Cerca de três em cada quatro famílias (73%) informaram que a sua situação financeira se encontrava melhor do que há um ano. No caso do Nordeste, a percepção de que a situação financeira a família havia melhorado nesse período era ainda mais disseminada do que a média brasileira, quatro em cada cinco famílias (80,33%).


A melhoria na situação financeira e a confiança em sua situação no mercado de trabalho têm impacto significativo sobre a evolução futura no mercado de consumo no país, com mais da metade das famílias revelando propensão para adquirir bens de consumo duráveis. As famílias das regiões Nordeste e Centro- Oeste se mostraram especialmente inclinadas em continuar adquirindo esses bens, que trazem conforto e comodidade para os domicílios. As redes de varejo já haviam percebido esse cenário e voltam-se fortemente para atender o crescimento da demanda nessas regiões.


* Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.Publicado no Jornal da Cidade em 12 de setembro.

Preço e produção de petróleo em Sergipe

Nem sempre é de conhecimento do público o impacto que as mudanças dos preços internacionais de petróleo gera sobre os investimentos realizados pelo setor no Brasil e em Sergipe, na medida em determina a viabilidade de exploração de campos novos e maduros. Apenas para ilustrar, as últimas informações veiculadas na imprensa nacional dão conta que a exploração do pré-sal brasileiro já se tornaria viável a partir da cotação de US$ 22 o barril. Ou seja, a partir dessa cotação, relativamente baixa para o histórico dos últimos anos, já se tornaria economicamente vantajosa a exploração desse enorme potencial riqueza brasileira. A cotação do preço do barril é também determinante, ao lado do volume de produção, para os repasses de royalties para prefeituras e governos estaduais.

Em geral, a decisão de exploração dos campos não é guiada por oscilações de preço de curto prazo, e sim pela tendência de médio e longo prazo. Ainda assim, quedas abruptas na cotação internacional, como a verificada na recente crise financeira internacional pode afetar o nível de produção, na medida em que impacta a capitalização das empresas petrolíferas e produz prejuízos na exploração de determinados campos.

A expansão recente

Depois de atravessar período de profunda dificuldades a partir de meados dos anos oitenta, registrando uma trajetória decrescente à medida que os campos de exploração perdiam produtividade e novos poços não eram explorados na mesma velocidade de retração dos antigos, a exploração de petróleo de Sergipe iniciou uma trajetória ascendente a partir de 2003, já no Governo Lula.

A expansão da produção sergipana nesse período pode ser explicada, em parte, em função de mudança de estratégia por parte da Petrobras na direção da retomada de um papel mais atuante no desenvolvimento brasileiro. Mas, sem dúvida, a evolução dos preços internacionais em muito favoreceu a expansão da exploração de campos maduros e a realização de investimentos em novos campos, como o de Piranema.

O preço médio anual do barril de petróleo tipo Brent no mercado spot, em 2000, era de US$ 28,39. Esse preço se manteve relativamente estável na série anual até 2002. De 2003 em diante, o preço do barril apresentou trajetória fortemente ascendente, até atingir US$ 99,04 na média de 2008, apesar da retração no último trimestre quando a crise financeira já estava instalada. Em 2009, registrou-se uma forte inversão na cotação do produto ficando em média em US$ 61,50. No gráfico 1, a figura em linha representa a cotação anua do barril de petróleo tipo Brent no mercado spot, e as colunas, a produção sergipana em mil barris equivalente de petróleo- bep. Chama atenção como elas caminham em trajetórias semelhantes.













Gráfico1. Preço do barril de petróleo tipo Brent no mercdo spot. 2000 a 2008 (Em US$) e Produção de Petróleo de Sergipe (Em mil Barris equivalentes de Petróleo- BEP)
Fonte: ANP. Obs. A cotação do barril em 2009 é uma média simples dos trimestres.


A trajetória de elevação do petróleo no mercado internacional favoreceu muito os investimentos da Petrobras, inclusive por conta da forte capitalização e da valorização dos ativos das empresas, o que permitiu a forte ampliação dos seus investimentos em exploração. Em Sergipe, a elevação dos pecos internacionais tornou viáveis investimentos nos chamados campos maduros, alguns dos quais se encontravam com produção descendente. Mas o investimento que de fato fez diferença na retomada do crescimento da produção petrolífera em Sergipe foi a exploração do campo de Piranema, na plataforma continental, a partir de 2007.

Preços e royalties

O segundo aspecto da questão é o impacto das oscilações dos preços no mercado internacional sobre as receitas de royalties de estados e municípios. A figura 2 sintetiza o preço de referencia mensal para pagamento de royalties do campo de Piranema, no litoral sul do Estado. Em maio de 2008, esse preço de referência havia atingido R$ 1.376 por metro cúbico. Com a crise internacional, o preço de referência caiu para R$ 622/m3 em dezembro de 2008. A partir de março de 2009 teve início uma recuperação parcial do preço de referência de Piranema para pagamentos dos royalties, que em fevereiro de 2010 era de R$ 861/m3, 37,2% abaixo do pico de maio de 2008.

No nosso cotidiano, nem sempre nos damos conta de como os eventos internacionais afetam nossas vidas. A variação do preço internacional de petróleo é um deles, não resta dúvida.













Gráfico 2. Preço de referencia para pagamento de participações governamentais do Campo de Piranema- SE (R$/ m3)
Fonte: ANP.

Ricardo Lacerda
Publicado no Jornal da Cidade, em 16 de maio de 2010.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Situação financeira e expectativas das famílias brasileiras

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou, em 31de agosto, a primeira medição do IEF, o Índice de Expectativa das Famílias, indicador mensal apurado com base em pesquisa domiciliar realizada em todas as unidades da federação. O principal objetivo do IEF é medir a percepção das famílias sobre sua condição financeira em comparação à de um passado recente e as expectativas para um futuro de curto a médio prazo.
(Ver em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/IEF/100831_ief1.pdf).

O IEF é um índice que resume a percepção das famílias brasileiras em relação a um conjunto de questões como (i) a situação econômica nacional; (ii) a condição financeira passada e a expectativa futura;(iii) decisões de consumo;(iv) endividamento e as condições de quitação de dívidas e contas atrasadas; e(v) o mercado de trabalho, especialmente nos quesitos segurança na ocupação e sentimento futuro de melhora profissional. Considerando esse conjunto de variáveis, o Índice de Expectativas das Famílias brasileiras em agosto atingiu 62,75 pontos, o que é um índice considerado como revelador de otimismo em relação à situação sócio econômica do país.

Grupos de famílias

O IEF pode ser apurado segundo região geográfica, escolaridade, faixa salarial, sexo, faixa etária, etnia e segundo aqueles domicílios que participam e aqueles que não participam de programas de transferências de renda do governo federal. Os resultados são interessantes pois põem em xeque algumas verdades consagradas. Há uma certa correlação entre as famílias de maiores faixas de renda e as mais otimistas em relação à situação do Brasil nos próximos 12 meses. Assim, 69,23 % das famílias com renda superior a 10 salários mínimos mostravam-se otimistas, enquanto 59,73 % das famílias com faixa salarial de até 1 salário mínimo encontravam-se na mesma situação. O grupo de faixa de renda menos otimista era o que auferia entre 2 e 4 salários mínimos.

Os melhores resultados para o Índice de Expectativa das Famílias foram obtidos quando os pesquisados eram homens, mais jovens, de faixas de renda mais elevadas e com curso superior incompleto ou curso médio completo, novamente os jovens. As famílias beneficiárias dos programas de transferência mostraram-se também mais otimistas do que aquelas que não recebem benefícios do governo, o que se reflete também no fato de que os grupos de faixa salarial de até 1 salário mínimo serem mais otimistas do que as famílias que auferem entre 1 e 2 salário mínimo.

Regiões

Um dos resultados mais interessantes da pesquisa foi a variação do Índice de Expectativas das Famílias por região. Enquanto 68,14% das famílias do Centro-Oeste estavam otimistas em relação à situação socioeconômica do país nos próximos 12 meses, na região Sudeste esse índice era de 59,09%. O gráfico 1 resume esses resultados, mostrando que as famílias das regiões Centro-Oeste, Nordeste (66,30%) e Norte (66,19%) estavam mais otimistas do que aquelas das regiões mais ricas, como Sudeste (62,12%) e Sul (59,09%).






Fonte: IPEA. Índice de Expectativa das Famílias. Agosto de 2010.

O relatório da pesquisa apresenta dois indicadores que tiveram forte influência na variação dos resultados entre as regiões. Refletindo o momento muito favorável da economia brasileira, 73% das famílias brasileiras informaram que a sua situação financeira melhorou em relação a um ano. Em todas as regiões, o percentual de famílias que informou estar em melhor situação financeira em agosto de 2010, em relação ao mesmo período do ano anterior,foi muito elevado, mas as diferenças regionais são expressivas: 81,75% na região Centro-Oeste, 77,75% na região Nordeste e 80,33% no Norte, frente a 69,41% das famílias no Sudeste e 67,39% na região Sul. (Ver gráfico 2).

Em relação ao mercado de trabalho, os entrevistados nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste também se revelaram mais otimistas do os entrevistados nas regiões Sudeste e Sul. Na região Norte, 46,3% das pessoas entrevistadas informaram que esperavam alcançar melhoria profissional no intervalo de seis meses, a contar da pesquisa, frente a 41,1% na região Centro-Oeste, 36,7% no Nordeste. Na região Sudeste 32,1% dos entrevistados esperavam melhoria profissional e na região Sul, 29.8%. Ver gráfico 2.







Fonte: IPEA. Índice de Expectativa das Famílias. Agosto de 2010.

Com o mercado de trabalho aquecido, 76,7% dos responsáveis pelos domicílios informaram que se sentiam seguros em sua ocupação atual. Nesse indicador, os resultados das regiões Nordeste e Sudeste ficaram abaixo da média brasileira.
A situação financeira da família, a segurança no trabalho e as expectativas em relação à situação financeira são fatores importantes nas decisões de consumo e de endividamento das famílias. No próximo artigo, serão apresentados os resultados da pesquisa do IPEA em relação à expectativa de consumo e a situação de endividamento das famílias brasileiras.


Ricardo Lacerda
Professor do Departamento de Economia da UFS e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.
Publicado no Jornalda Cidade em 05 de setembro de 2010

O que o Nordeste espera do (a) novo (a) Presidente da República

Publicado no Jornal Cidade em 24 de janeiro de 2010

Ricardo Lacerda

Com a aproximação da eleição presidencial, a revista Nordeste Econômico, com sede em Recife, propôs que economistas da região apontassem as políticas de desenvolvimento econômico e social que os estados nordestinos anseiam do (a) novo(a) presidente da república. Com o espaço limitado proposto, segue a nossa contribuição ao debate.
Entre o início de 2004 e o terceiro trimestre de 2008, ao final do qual a crise financeira internacional a atingiu, a economia brasileira apresentou o mais longo período de crescimento sustentado desde a década de 1980.

Esse ‘ciclo virtuoso’ impactou as mais importantes variáveis de produção, emprego, vendas, rendimento, consumo das famílias e de finanças públicas. Depois de um final de 2008 assustador e de maus resultados no inicio de 2009, a partir do segundo semestre deste ano, mesmo em meio a um mundo ainda convulsionado financeiramente, a economia brasileira passou a registrar expansão vigorosa da atividade econômica e entra no ano de 2010 com perspectivas de retomar taxas de crescimento do PIB acima de 5% aa.

Faço esse registro pois contar com um crescimento robusto e sustentável é condição para enfrentar os problemas nacionais, particularmente, os que afligem o Nordeste. Os dados sobre expansão do emprego e do consumo na região desde 2004 refletem o impacto do crescimento da economia nacional e da melhoria da situação das finanças públicas, que propiciou a oportunidade do governo federal ampliar o arsenal e os montantes envolvidos nas políticas públicas que incidiram de forma muito especial no Nordeste. A inclusão recente de um grande contingente de brasileiros no mercado de consumo de massa tem sido especialmente importante para nossa região. Levantamentos recentes com bases nos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar do IBGE confirmam as melhorias dos indicadores de renda, acesso a bens de consumo e de serviços públicos, saúde e educação, resultantes desse ciclo mais recente de crescimento e de expansão das políticas sociais.

Crescimento, melhoria das finanças públicas e políticas sociais são essenciais, mas não dão conta das transformações estruturais requeridas para a economia do Nordeste e de Sergipe, em particular. Se é verdade que a ampliação do acesso às políticas públicas é um desdobramento das definições estabelecidas pela constituição de 1988, e deve se manter no futuro, e que a incorporação de novas faixas da população ao mercado consumidor deve continuar, com importante repercussão no tamanho do mercado interno brasileiro, esses vetores são insuficientes para assegurar perspectivas de desenvolvimento para a região Nordeste.

É necessário reconhecer o déficit do Nordeste, comum a todos os estados da região, dos principais fatores de competitividade da economia contemporânea. De fato, dentre todas as regiões brasileiras, o Nordeste é a que mais se ressentiu do encerramento do ciclo políticas de desenvolvimento que marcaram o Brasil nos anos setenta e oitenta. E, de outra parte, a região apresenta grandes dificuldades para se posicionar de forma competitiva frente às oportunidades de um novo ciclo de crescimento na economia global, vencida a instabilidade vigente.
O que Sergipe espera do (a) novo (a) presidente é clareza de propósitos e determinação para fazer suprir as carências sociais e econômicas dos estados nordestinos, enfrentando a questão da pobreza de sua população e dotando a região dos fatores econômicos para elevação desses indicadores aos mesmos padrões das regiões mais ricas.

Isso envolve a ampliação e melhoria das políticas públicas de educação e saúde, investimentos em infraestrutura física (os ativos tangíveis) e em qualificação profissional e ciência e tecnologia (os ativos intangíveis), mas, igualmente, a utilização de poderosas políticas de indução de investimentos para a região, para que aqui sejam erigidas partes significativas das novas estruturas produtivas do país, sejam as relacionadas aos investimentos da cadeia energética, desde as atividades de petróleo e gás às energias renováveis, sejam outras atividades também de maior conteúdo tecnológico.

É necessário um olhar especial para estimular as potencialidades do semi-árido e dos pequenos centros urbanos, menos articulados às economias metropolitanas. Mobilizar os recursos ali existentes com políticas voltadas para o desenvolvimento local, como o fortalecimento dos seus arranjos produtivos, é fundamental para ter uma proposta abrangente em termos territoriais e sociais.

Não que tudo dependa da figura do (a) presidente. Mas o (a) primeiro (a) mandatório (a) do país deve mobilizar recursos e paixões nessa empreitada. Mostrar efetivo compromisso com a redução da pobreza e das desigualdades regionais. Para tanto, é crucial propor uma estratégia de desenvolvimento econômico e social distinta de épocas anteriores; menos preocupada com o fetiche do desenvolvimento, mais voltada para as pessoas, para a qualidade de vida, para o aprofundamento da democracia e para sustentabilidade de recursos naturais.
Professor do departamento de economia da Universidade Federal de Sergipe e Assessor Econômico do Governo de Sergipe.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Proximo artigo tratará das Expectativas das Famílias

No próximo domingo, analisaremos o IEF, ìndice de Expectativa das Familias do IPEA. Focalizaremos a expectativa das famílias nordestinas sobre decisões de consumo e de endividamento.

Ricardo Lacerda